Gosto muito do movimento Arts and Crafts. Mas, não sei se tu já parou pra pensar: na Idade Média não existia a ideia de arte como nós conhecemos hoje. Na verdade, todas as profissões possuíam a sua arte. Os ferreiros possuíam a sua arte, os ourives possuíam a sua arte, os marceneiros, os padeiros, os pintores, os escultores, etc. Esses artesãos se reuniam em corporações de ofício e toda a atividade era regulada pela corporação, de modo a evitar o excesso de artesãos e controlar o preço dos produtos, etc. Os aprendizes aprendiam com os mestres, viviam com os mestres e trabalhavam para eles. Não se buscava a inovação dos produtos, mas sim manter a tradição. Depois de anos de prática, o aprendiz deveria apresentar sua obra-prima: uma obra padrão que demonstrava que o aprendiz tinha aprendido todos saberes do ofício. Mas, com os pintores renascentistas, isso mudou. Houve uma divisão entre a arte e o artesanato. E o argumento por trás dessa divisão é que o artista realizava um trabalho intelectual, enquanto o artesão realizava um trabalho manual. Ouvi dizer que Da Vinci teria dito que a escultura não era arte, pois o escultor se sujava com poeira, suava, precisava usar os músculos para trabalhar com o cinzel. Já o pintor fazia suas pinturas usando a perspetiva: algo mais próximo a matemática e geometria, consideradas artes liberais: ou seja, a arte dos homens livres. Trabalho e arte começam a se dividir. As corporações de ofícios, ou as guildas de artesãos, passarão por transformações, mas continuarão existindo. O segundo golpe veio justamente com a revolução industrial. Aliás, a primeira fase da revolução industrial se deu justamente na indústria têxtil inglesa, e os inventores das máquinas de tear da época eram todos artesãos. Se por um lado alguns serão beneficiados, outros serão duramente prejudicados. Creio que isso explica as greves e as quebras de máquinas na Inglaterra - eram artesãos que estavam sendo substituindo por máquinas, e estavam se proletarizando. Era o início do movimento socialista, dos sindicatos, dos partidos políticos. Por outro lado, eu acredito fortemente que as grandes corporações, com suas ações nas bolsas de valores, também são derivadas dessas antigas corporações de ofícios. Bem, é claro que tudo isso é apenas hipótese. Mas, por tudo o que estudei até aqui, parece ter sido assim que as coisas aconteceram. Loucura não?! Por isso eu gosto do movimento Arts and Crafts. Arte e trabalho ainda são uma coisa só. E quando a gente se dá conta disso, percebe que a arte não se resume a obra exposta na galeria e no Museu, mas está em toda parte.
As transformações históricas foram justamente essas. E depois, com a arte moderna e contemporânea houveram novas mudanças ainda. Eu não tenho uma opinião sobre o que é melhor ou pior, necessariamente, vejo como fruto do momento histórico. E a maneira como é hoje, com o mercado como centro, provavelmente vai mudar de novo no futuro. Seu comentário foi muito relevante e mostra muito conhecimento! Obrigada pela contribuição aqui no canal 😊
Fantástico, não conhecia o movimento Arts & Krafts , mas pela resenha lembra algo do movimento Hippie (na parte do artesanato mais especificamente). A propósito fala um pouco sobre o John Ruskin..
Que legal que estuda a idade média. Eu, apesar de ser ateu, gosto muito de conhecer esses 1000 anos europeus na qual o cristianismo imperou. Leio e estudo sempre que posso a história, a filosofia e preciso estudar mais as artes. Obrigado pelo vídeo.
É um crime esse vídeo ter 3 mil visualizações e só 230 likes. Amei o conteúdo, super didático!
Mega obrigada 😁
Gosto muito do movimento Arts and Crafts. Mas, não sei se tu já parou pra pensar: na Idade Média não existia a ideia de arte como nós conhecemos hoje.
Na verdade, todas as profissões possuíam a sua arte. Os ferreiros possuíam a sua arte, os ourives possuíam a sua arte, os marceneiros, os padeiros, os pintores, os escultores, etc. Esses artesãos se reuniam em corporações de ofício e toda a atividade era regulada pela corporação, de modo a evitar o excesso de artesãos e controlar o preço dos produtos, etc. Os aprendizes aprendiam com os mestres, viviam com os mestres e trabalhavam para eles. Não se buscava a inovação dos produtos, mas sim manter a tradição. Depois de anos de prática, o aprendiz deveria apresentar sua obra-prima: uma obra padrão que demonstrava que o aprendiz tinha aprendido todos saberes do ofício.
Mas, com os pintores renascentistas, isso mudou. Houve uma divisão entre a arte e o artesanato. E o argumento por trás dessa divisão é que o artista realizava um trabalho intelectual, enquanto o artesão realizava um trabalho manual. Ouvi dizer que Da Vinci teria dito que a escultura não era arte, pois o escultor se sujava com poeira, suava, precisava usar os músculos para trabalhar com o cinzel. Já o pintor fazia suas pinturas usando a perspetiva: algo mais próximo a matemática e geometria, consideradas artes liberais: ou seja, a arte dos homens livres.
Trabalho e arte começam a se dividir. As corporações de ofícios, ou as guildas de artesãos, passarão por transformações, mas continuarão existindo. O segundo golpe veio justamente com a revolução industrial. Aliás, a primeira fase da revolução industrial se deu justamente na indústria têxtil inglesa, e os inventores das máquinas de tear da época eram todos artesãos. Se por um lado alguns serão beneficiados, outros serão duramente prejudicados. Creio que isso explica as greves e as quebras de máquinas na Inglaterra - eram artesãos que estavam sendo substituindo por máquinas, e estavam se proletarizando. Era o início do movimento socialista, dos sindicatos, dos partidos políticos.
Por outro lado, eu acredito fortemente que as grandes corporações, com suas ações nas bolsas de valores, também são derivadas dessas antigas corporações de ofícios.
Bem, é claro que tudo isso é apenas hipótese. Mas, por tudo o que estudei até aqui, parece ter sido assim que as coisas aconteceram. Loucura não?!
Por isso eu gosto do movimento Arts and Crafts. Arte e trabalho ainda são uma coisa só. E quando a gente se dá conta disso, percebe que a arte não se resume a obra exposta na galeria e no Museu, mas está em toda parte.
As transformações históricas foram justamente essas. E depois, com a arte moderna e contemporânea houveram novas mudanças ainda. Eu não tenho uma opinião sobre o que é melhor ou pior, necessariamente, vejo como fruto do momento histórico. E a maneira como é hoje, com o mercado como centro, provavelmente vai mudar de novo no futuro.
Seu comentário foi muito relevante e mostra muito conhecimento! Obrigada pela contribuição aqui no canal 😊
Fantástico, não conhecia o movimento Arts & Krafts , mas pela resenha lembra algo do movimento Hippie (na parte do artesanato mais especificamente).
A propósito fala um pouco sobre o John Ruskin..
Obrigada e agradeço a sugestão também 😊
Muito bom sua aula obrigada
Eu que agradeço
você poderia me explicar quais as cores, texturas, formas, temas e materiais eles usavam, por favor?
Muito bommm o seu video. Um resumo muito útil. Parabéns!!!! 👏🏾👏🏾👏🏾❤
Muito obrigada
Que legal que estuda a idade média. Eu, apesar de ser ateu, gosto muito de conhecer esses 1000 anos europeus na qual o cristianismo imperou. Leio e estudo sempre que posso a história, a filosofia e preciso estudar mais as artes. Obrigado pelo vídeo.
Também não sou religiosa, mas acho a Idade Média e os símbolos das obras de arte religiosa fascinantes! Muito obrigada!
Obg me ajudou com uma atividade na facul
Fico feliz que tenha ajudado!
Frederico 😍
😍
👋👋👋👋👋
😀
Tenho aprendido muito da história da arte com as suas aulas . Obrigada. Elsa.