Confesso que no início também me causou desconforto ver o sofrimento de uma família rica, como se isso não dialogasse com a maioria da população. Mas é isso mesmo: um recorte, uma visão de dentro, de um caso particular, e o mais importante dele, é que de fato aconteceu. Achei o filme maravilhoso.
Bela análise Hulk, o filme me pegou bastante por se tratar das dores emocionais e traumas que esse periodo causou, e não um produto sensacionalista focado em tortura, o final me pegou bastante
Adorei o filme nos anos 70, o começo com uma fotografia mais alegre e cheio de vida e música tocando no fundo, mas desde que os militares levam o Rubens começa um uso muito sufocante do silêncio e das sugestões, até a fotografia fica uma coisa mais granulada e com escuro contrastado. O uso da Super 8 como forma de construir a memória é muito bonito tbm. A atuação da Fernanda Torres mostra bem o quanto ela calculava tudo o que fazia e falava pra preservar a família, carrega o peso dramático nas costas. Politicamente eu achei o filme bem distante, por mais que no geral funcione, tem algumas cenas específicas que ficaram meio Temer core das idéias. Os dois epílogos no final eu achei meio estética genérica de propaganda do Itaú, mas nada que estrague a experiência. Foi muito foda ver esse filme no cinema.
Lindo filme, fala muito ao coração a luta dessa mãe pra criar e proteger os 5 filhos sem a presença do pai. É uma justa homenagem e essa mãe e mulher corajosa e a todas as mães, afinal. A família Paiva me emocionou tb!
Gosto do filme, acho ele bem sensível em tratar a luta para manter viva uma memória. Gosto como a memória social (da história do país) se torna um paralelo à memória de Eunice Paiva, que, no fim da vida, começa a perdê-la, dado o Alzheimer. Também acho que o Salles acerta em tratar a casa como um personagem, é quase que a personificação do pai e de um ideal de vida que poderia ter sido, mas não é mais, com o fortalecimento da ditadura. O filme é sobre uma família burguesa? é. Mas é um recorte. Acho que a gente não pode também achar que é uma dor menor você perder um pai e ter uma família inteira traumatizada pela merda da ditadura, só porque foi com uma família rica. A dor do outro também é válida, desde que contextualizada.
Sobre o ponto final do pessoal pegar ar com o filme pelo fato dele ser sobre "as dores de uma familia pequeno burguesa", já vi algum pessoal criticando o filme por causa disso. Eu pessoalmente discordo, acho o recorte justo. Muito dessa impressão vem do que o pessoal espera. Como tu disse "o que esperar de um filme da globo?" O recorte é o que faz o filme. Esse recorte familiar que, inclusive, é bastante comum na literatura sobre a ditadura. Os livros sobre o assunto geralmente tratam sob essa aspecto: os impactos emocionais a longo prazo. Recomendo fortemente o livro "K - Relato de uma Busca", que é sobre um pai à procura da filha.
Eu fiquei muito com essa sensação durante o filme. Veja bem, isso não torna o filme ruim, ou menos importante, mas creio que ele pode ficar ser distante. Por mais que ele seja competente em tratar de dores muito humanas da perda, memória etc, a discussão sobre os males da ditadura fica muito longe da classe trabalhadora. Por exemplo, vem a crise financeira, a mulher vende um terreno, demite a empregada (completamente esquecida) e eunice vai fazer faculdade com quase 50 anos. Acho que isso despontecializa o caráter comunicativo da obra sobre a reflexão dos males da ditadura. Mas concordo, o recorte é esse, e não há muito o que fazer. Acho que meu ponto é muito mais no sentido de ter uma discussão sobre o período da ditadura sobre um prisma mais trabalhista, e com isso peguei o filme de Cristo. Mas de qualquer forma, o filme é muito bom. De alguma forma, eu gosto bastante do cinema do Walter, mais uma vez.
@felliphegoes57 Também me passou essa vibe, sim. Não ouvimos falar da ditadura sob a perspectiva da classe trabalhadora pq os filhos dos mortos não tiveram condições de elaborar o trauma em algum livro. Geralmente vemos a partir da perspectiva da classe média pq é esse o pessoal que tem as condicões de compartilhar a própria história. Aí os outros ficam "esquecidos". Porém é aquela coisa, não creio que o filme poderia ser de outro jeito. Se tentasse, talvez acabasse pior do que ficou, por não ser algo genuíno. É aquilo, o filme é de fato limitado. Só uma pequeníssima parcela do Brasil pode realmente se sentir representado pelo que tá na tela. É um filme pra inglês ver. Agora é um filme pra inglês ver pelo menos bom.
@@felliphegoes57 pô cara, mas aí é porque o filme é a história do Marcelo Rubens Paiva, o relato dele. não teria como ele relatar a experiência de uma mãe de família da classe operária da época
As pessoas ficam doentes ao ponto de desvalorizar a dor de uma esposa que perdeu o marido pra militares e dizer que as dores dela é menos válida que as de outras pessoas. E no entanto, ela foi uma das poucas pessoas que foi atrás pra saber o que tinha acontecido.
Cai de paraquedas aqui..e tou aqui sem entender o porquê de criticar o Walter Salles por ele ser um bilionário!!É proibido um bilionário fazer filmes??,É isso??O cara,na minha opinião,fez só um filme ruim q foi aquele suspense água negra..o restante são todos bons filmes!Agora não se pode dar crédito ao cineasta apenas por ele ser bilionário??
poderia ter ido por vários outros caminhos, mas achei que foi exatamente pelo mais lúcido levando em conta o contexto da produção (salles), como tu falou. é até mais específico e mais correto (pra mim) dizer que a violência aqui foi desenhada quase inteira, ou inteira mesmo, no psicológico e emocional da eunice; todas as tentativas de proteger os filhos, lidar com o marido "desaparecido", tentar entender o que tava acontecendo de fato, lidar com a própria angústia e dor. na minha opinião, o que faz esse filme funcionar é focar absolutamente nas angústias do silêncio, do desconhecimento e do vazio dela internamente, enquanto faz de tudo pra dar o conforto necessário pras crianças, fazendo esse silêncio e vazio não transparecer. o escuro e o claro sempre alternando quando deveria. não achei que as últimas cenas foram muito extra ou desnecessárias, porque mostra que apesar do que aconteceu, houve a superação da perda, tem que levar em conta que é família da burguesia e que deveria mesmo ser retratada com um final desse jeito, tem mais verossimilhança. a parte do final, quando a foto é tirada e a montenegro sorri, tem o paralelo na foto pro jornal que ela falou pra todo mundo sorrir, e lembrando que a foto final aconteceu logo depois que ela viu citarem o rubens na tv. achei necessária e não foi a realidade da maioria dos desaparecidos, mas foi a realidade daquela família especificamente.
Achei o filme bem ok, o tanto quanto repetitivo na mensagem do Salles, será que esse filme vai vira um dos cavaleiros do Apocalipse do cinema brasileiro? Sem meme, que bom que um filme desse esteja fazendo sucesso, os jovens vão se lembrar que existiu esse evento horrível que foi a ditadura
A imagem do pôster é baseada numa imagem real da família. E o bilionário em questão fez pelo menos 3 grandes filmes q estão entre os 10 melhores do cinema nacional. : Terra Estrangeira, Central do Brasil e Ainda estou aqui.
Vamos fazer isso acontecer: Hulk cinéfilo e PH Santos no desencontros, antes que o Podcast acabe.
Confesso que no início também me causou desconforto ver o sofrimento de uma família rica, como se isso não dialogasse com a maioria da população. Mas é isso mesmo: um recorte, uma visão de dentro, de um caso particular, e o mais importante dele, é que de fato aconteceu. Achei o filme maravilhoso.
Bela análise Hulk, o filme me pegou bastante por se tratar das dores emocionais e traumas que esse periodo causou, e não um produto sensacionalista focado em tortura, o final me pegou bastante
Excelente crítica
Adorei o filme nos anos 70, o começo com uma fotografia mais alegre e cheio de vida e música tocando no fundo, mas desde que os militares levam o Rubens começa um uso muito sufocante do silêncio e das sugestões, até a fotografia fica uma coisa mais granulada e com escuro contrastado. O uso da Super 8 como forma de construir a memória é muito bonito tbm. A atuação da Fernanda Torres mostra bem o quanto ela calculava tudo o que fazia e falava pra preservar a família, carrega o peso dramático nas costas.
Politicamente eu achei o filme bem distante, por mais que no geral funcione, tem algumas cenas específicas que ficaram meio Temer core das idéias. Os dois epílogos no final eu achei meio estética genérica de propaganda do Itaú, mas nada que estrague a experiência. Foi muito foda ver esse filme no cinema.
qnd saímos do cinema, minha noiva falou que ja tava esperando a fernando montenegro falar "respeito" a qualquer momento 🤣🤣🤣
Lindo filme, fala muito ao coração a luta dessa mãe pra criar e proteger os 5 filhos sem a presença do pai. É uma justa homenagem e essa mãe e mulher corajosa e a todas as mães, afinal. A família Paiva me emocionou tb!
Perfeita a sua análise. O filme é lindo e me causou desconforto emocional, diferente de outros. Triste, porém belo.
Gosto do filme, acho ele bem sensível em tratar a luta para manter viva uma memória. Gosto como a memória social (da história do país) se torna um paralelo à memória de Eunice Paiva, que, no fim da vida, começa a perdê-la, dado o Alzheimer. Também acho que o Salles acerta em tratar a casa como um personagem, é quase que a personificação do pai e de um ideal de vida que poderia ter sido, mas não é mais, com o fortalecimento da ditadura. O filme é sobre uma família burguesa? é. Mas é um recorte. Acho que a gente não pode também achar que é uma dor menor você perder um pai e ter uma família inteira traumatizada pela merda da ditadura, só porque foi com uma família rica. A dor do outro também é válida, desde que contextualizada.
Sobre o ponto final do pessoal pegar ar com o filme pelo fato dele ser sobre "as dores de uma familia pequeno burguesa", já vi algum pessoal criticando o filme por causa disso.
Eu pessoalmente discordo, acho o recorte justo. Muito dessa impressão vem do que o pessoal espera. Como tu disse "o que esperar de um filme da globo?"
O recorte é o que faz o filme. Esse recorte familiar que, inclusive, é bastante comum na literatura sobre a ditadura. Os livros sobre o assunto geralmente tratam sob essa aspecto: os impactos emocionais a longo prazo. Recomendo fortemente o livro "K - Relato de uma Busca", que é sobre um pai à procura da filha.
Eu fiquei muito com essa sensação durante o filme. Veja bem, isso não torna o filme ruim, ou menos importante, mas creio que ele pode ficar ser distante. Por mais que ele seja competente em tratar de dores muito humanas da perda, memória etc, a discussão sobre os males da ditadura fica muito longe da classe trabalhadora. Por exemplo, vem a crise financeira, a mulher vende um terreno, demite a empregada (completamente esquecida) e eunice vai fazer faculdade com quase 50 anos. Acho que isso despontecializa o caráter comunicativo da obra sobre a reflexão dos males da ditadura. Mas concordo, o recorte é esse, e não há muito o que fazer. Acho que meu ponto é muito mais no sentido de ter uma discussão sobre o período da ditadura sobre um prisma mais trabalhista, e com isso peguei o filme de Cristo.
Mas de qualquer forma, o filme é muito bom. De alguma forma, eu gosto bastante do cinema do Walter, mais uma vez.
@felliphegoes57 Também me passou essa vibe, sim. Não ouvimos falar da ditadura sob a perspectiva da classe trabalhadora pq os filhos dos mortos não tiveram condições de elaborar o trauma em algum livro. Geralmente vemos a partir da perspectiva da classe média pq é esse o pessoal que tem as condicões de compartilhar a própria história.
Aí os outros ficam "esquecidos".
Porém é aquela coisa, não creio que o filme poderia ser de outro jeito. Se tentasse, talvez acabasse pior do que ficou, por não ser algo genuíno.
É aquilo, o filme é de fato limitado. Só uma pequeníssima parcela do Brasil pode realmente se sentir representado pelo que tá na tela.
É um filme pra inglês ver. Agora é um filme pra inglês ver pelo menos bom.
@@kevertondecampos308 Concordo plenamente.
@@felliphegoes57 pô cara, mas aí é porque o filme é a história do Marcelo Rubens Paiva, o relato dele. não teria como ele relatar a experiência de uma mãe de família da classe operária da época
As pessoas ficam doentes ao ponto de desvalorizar a dor de uma esposa que perdeu o marido pra militares e dizer que as dores dela é menos válida que as de outras pessoas. E no entanto, ela foi uma das poucas pessoas que foi atrás pra saber o que tinha acontecido.
Só consigo pensar nessa filme
Estou ficando preocupado. Alguém sabe se eles ainda estão lá?
Edit: vc realmente gostou ou tá sob influência da possibilidade real do Ceará subir?
ceará fazendo milagre ma, há uns meses eu jurava que eles não tinham possibilidade nenhuma de subir.
Cai de paraquedas aqui..e tou aqui sem entender o porquê de criticar o Walter Salles por ele ser um bilionário!!É proibido um bilionário fazer filmes??,É isso??O cara,na minha opinião,fez só um filme ruim q foi aquele suspense água negra..o restante são todos bons filmes!Agora não se pode dar crédito ao cineasta apenas por ele ser bilionário??
poderia ter ido por vários outros caminhos, mas achei que foi exatamente pelo mais lúcido levando em conta o contexto da produção (salles), como tu falou. é até mais específico e mais correto (pra mim) dizer que a violência aqui foi desenhada quase inteira, ou inteira mesmo, no psicológico e emocional da eunice; todas as tentativas de proteger os filhos, lidar com o marido "desaparecido", tentar entender o que tava acontecendo de fato, lidar com a própria angústia e dor. na minha opinião, o que faz esse filme funcionar é focar absolutamente nas angústias do silêncio, do desconhecimento e do vazio dela internamente, enquanto faz de tudo pra dar o conforto necessário pras crianças, fazendo esse silêncio e vazio não transparecer. o escuro e o claro sempre alternando quando deveria.
não achei que as últimas cenas foram muito extra ou desnecessárias, porque mostra que apesar do que aconteceu, houve a superação da perda, tem que levar em conta que é família da burguesia e que deveria mesmo ser retratada com um final desse jeito, tem mais verossimilhança. a parte do final, quando a foto é tirada e a montenegro sorri, tem o paralelo na foto pro jornal que ela falou pra todo mundo sorrir, e lembrando que a foto final aconteceu logo depois que ela viu citarem o rubens na tv. achei necessária e não foi a realidade da maioria dos desaparecidos, mas foi a realidade daquela família especificamente.
Achei o filme bem ok, o tanto quanto repetitivo na mensagem do Salles, será que esse filme vai vira um dos cavaleiros do Apocalipse do cinema brasileiro? Sem meme, que bom que um filme desse esteja fazendo sucesso, os jovens vão se lembrar que existiu esse evento horrível que foi a ditadura
A imagem do pôster é baseada numa imagem real da família. E o bilionário em questão fez pelo menos 3 grandes filmes q estão entre os 10 melhores do cinema nacional. : Terra Estrangeira, Central do Brasil e Ainda estou aqui.
Off topic: léo Condé ta fznd milagre no vozao ou ta sendo no sufoco/sobrenatural tipo o vitoria ano passado?
os dois 🙏
@ o cara descobriu a fórmula mágica da série B msm