SRTV 231. Sônia Braga - Entrevista. A Dama do Lotação
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- Опубликовано: 8 янв 2025
- Material contendo trechos de três entrevistas feitas com Sônia Braga entre 1977 e 1978. No trecho mais longo e coeso, em entrevista filmada provavelmente no apartamento da atriz na Lagoa, zona sul do Rio de Janeiro, Sônia Braga fala sobre sua personagem no filme “A Dama Lotação” e trata de assuntos diversos, como a sua relação com as crianças, mencionando sua passagem pelo programa “Vila Sésamo”.
(Sinopse por Igor Andrade Pontes)
Cara que joia rara esse video que privilegio ver nossa Sônia nessa época sempre linda inteligente maravilhosa parabéns pela postagem
Amei o filme
Relíquia, maravilhoso
Maravilhosa !
A Dama do Lotação, 1978 / Cena Deletada # 1 ruclips.net/video/qBLz0yJGwRE/видео.html
Cena Deletada # 2 / A Dama do Lotação, 1978 ruclips.net/video/flGLYH96wXw/видео.html
“A dama do lotação”. Direção: Neville de Almeida. Brasil, 1978.
Quem conhece as adaptações de Nelson Rodrigues para o cinema pode perceber que elas acompanham quase 70 anos de história do cinema brasileiro, passando pelo cinema de estúdio, Cinema Novo, Tropicália, pornochanchadas e a Retomada. Ora, Nelson Rodrigues é o autor brasileiro mais adaptado para cinema - e, depois dele, Jorge Amado. No século XX, mais precisamente na década de 1970, viriam a ser produzidos aqueles que seriam os dois maiores sucessos de bilheteria do cinema nacional (e que só viriam a ser superados na década de 2010): "Dona Flor e seus dois maridos" (de Bruno Barreto, adaptado de Jorge Amado) e "A dama do lotação" (de Neville de Almeida, adaptado de Nelson Rodrigues), ambos com Sônia Braga no papel-título.
Para Ismail Xavier, “a força de duas vertentes - o estilo grosso das comédias eróticas e o bom humor conciliatório das novelas - se expressa muito bem nos dois maiores sucessos de público do cinema brasileiro até hoje”.
A memorável cena final do filme de Bruno Barreto é aquela na qual Dona Flor desce a ladeira da igreja de braços dados com Teodoro e Vadinho, este desnudo, e caminham ao encontro da multidão enquanto Simone canta “O que será?” em off. Tal cena encontra, através da imagem, solução para as tensões entre casamento e volúpia (representadas pelos dois maridos) e entre moral e culpa (representadas pela igreja e sociedade).
Se nesse filme as tensões são solúveis, em "A dama do lotação" não há solução para a tensão entre casamento, volúpia, moral e culpa.
Nelson Rodrigues escreveu, além de suas dezessete peças de teatro, romances, contos e crônicas. Além do fato de ter sido jornalista, ofício que lhe legou a escrita de outros variados gêneros, Nelson colaborou de forma ativa no argumento de "A dama do lotação", onde pode-se perceber mais uma faceta da obra rodriguiana: o Nelson autor de cinema. O texto de “A dama do lotação” é adaptado de um conto publicado no jornal “Última hora”, no qual Nelson assinou de 1950 a 1961 a coluna “A vida como ela é”, de grande sucesso entre os leitores. Parafraseando Cortázar, o conto está para a fotografia assim como o romance está para o cinema. Dessa forma, para que um conto de “A vida como ela é” fosse pela primeira vez adaptado para o cinema, Neville de Almeida convidou o próprio Nelson Rodrigues, a fim de que o dramaturgo adensasse a história, criando cenas exclusivas para o filme.
Mas não é somente tal ilustre colaboração que faz de A dama do lotação um grande filme. Tampouco seus apelos eróticos, tão ao gosto popular e tão responsáveis pelo sucesso comercial deste e de outros filmes do gênero tão em voga nas décadas de 70 e 80. De fato, o diretor Neville de Almeida valeu-se do epíteto de “anjo pornográfico” sustentado por Nelson Rodrigues e, com o sucesso comercial de "A dama do lotação" adaptou também a peça "Os sete gatinhos", do mesmo autor, em 1980. Se por um lado sua leitura explora o viés erótico da obra rodriguiana, não seria interessante, por outro lado, reduzir o filme às suas longas sequências que, através da objetificação sexual, intentam sucesso mercadológico. Histórica e conceitualmente, "A dama do lotação" é o ponto de intermédio entre o cinema marginal, tropicalista e grotesco de Arnaldo Jabor - que adaptou "Toda nudez será castigada" em 1973 e "O casamento" em 1975 - e as adaptações subsequentes da obra de Nelson Rodrigues, que viriam a explorar tão-somente o erotismo na obra do dramaturgo - sobretudo as adaptações de Braz Chediak para "Álbum de família" e "Bonitinha, mas ordinária" em 1981 e "Perdoa-me por me traíres" em 1983.
O filme inicia com a canção “Pecado original”, composta por Caetano Veloso exclusivamente para o filme. Além do sugestivo título, evocado na “eternidade da maçã”, a letra também evoca a distinção entre desejo humano e animal no verso “eu não sou cachorro não”, que ressignifica o famoso refrão da música brega. Também se indaga “o que fazer com o que Deus nos deu?”, “onde colocar o desejo?” e “o que quer uma mulher?” enquanto se veem imagens de ônibus na tela. Ismail Xavier propõe que “o que na letra de Caetano é uma fala sobre o corpo, na imagem se projeta na cidade” . Ora, a primeira imagem subsequente é a do Corcovado, localizando a narrativa em um Rio de Janeiro burguês da Zona Sul e que está sob a égide do cristianismo.
Depois que Solange (Sônia Braga) e Carlos (Nuno Leal Maia) se casam, ela é estuprada numa cena de desconfortáveis quatro minutos que antecipam uma relação familiar desmotivadora. Solange não é violada somente por aquele homem, mas também pelas instituições do casamento, da família e da moral burguesa, às quais não se sente pertencente e por isso não sente prazer em se relacionar com o marido. No entanto, é a decadência familiar - e não individual - que é evidenciada quando se revela que a matriarca daquela família, no passado, mantinha relações lésbicas extraconjugais.
Num teatro burguês, a rua oferece perigos e a casa constitui o ambiente seguro para a família. Solange, em desacordo com a tradição burguesa, procura justamente na rua a satisfação para seu desejo, que, além de anti-familiar, é anti-romântico, uma vez que se relaciona carnalmente com aquilo que é público e desconhecido. As cenas em que Solange atravessa a rua ou então troca a roupa íntima alegorizam a mudança interior da personagem. Bem como também passa de subjugada pela instituição familiar a dominadora, quando em sonho erótico exerce o papel de dominatrix com o patriarca daquela família.
Num contexto de libertação sexual feminina - nos anos 1970, depois da pílula e antes da AIDS - falar da tensão entre liberdade e tradição fazia propícia a releitura de Nelson Rodrigues, cujas personagens “modernas arcaicas, provincianas, [...] não alcançam o moderno moderno” , como afirma Ismail Xavier. Solange rompe com a tradição, ma non troppo, porque não estará imune à sua derrocada trágica.
É quando vai ao cemitério, numa cena que alterna contrapontos de Solange em ato sexual, o campo fúnebre (representando a decadência), imagens sacras (que representam a culpa cristã) e a multidão que acompanha um cortejo (a moral). Se Dona Flor termina por encontrar o equilíbrio entre forças opostas, é exatamente nesse conflito que a personagem de Nelson Rodrigues encontrará sua derrocada. Em seguida, tem pesadelos nos quais está presa num labirinto de ônibus, consumida pela culpa.
O marido, que, aniquilado pela descoberta dos adultérios, se autodeclara morto, representa também o aniquilamento dos valores familiares e conjugais. Ainda consumida pela culpa, Solange veste o luto e reza o terço todas as tardes junto ao defunto vivo. Expiada a culpa, sai à cata de satisfação sexual na rua, o que provocará mais culpa, configurando uma vida em ciclos que é o destino trágico da personagem.
As cenas eróticas de "A dama do lotação" a priori podem parecer imagens voyeuristas de um cinema de entretenimento, mas ainda que tal seja o efeito num público masculino e heterossexual, assumem também a tonalidade trágica, que, combinada ao roteiro de Nelson Rodrigues e à direção de Neville de Almeida - que se apropria magistralmente de recursos da linguagem do cinema - permitem uma composição narrativa que dialoga, por um lado, com o “cinemão” dos anos 70 e 80, mas, por outro, com o inteligente cinema marginal de Arnaldo Jabor e Rogério Sganzerla.
Notas:
1- XAVIER, Ismail. “Nelson Rodrigues no cinema (1952-99): anotações de um percurso”. In: __________, O olhar e a cena: Melodrama, Hollywood, Cinema Novo, Nelson Rodrigues. São Paulo: Cosac & Naify, 2003. p. 189.
2- CORTÁZAR, Julio. “Alguns aspectos do conto”. In: __________, Valise de Cronópio. Tradução: Davi Arrigucci Júnior. São Paulo, Perspectiva, 1974.
3- XAVIER, opus citarum, p. 190.
4- Ibidem, p. 162.
Muitos já me disseram que pareço com ela, inclusive na época, o meu corte de cabelo era o mesmo.
Gostosa igual a ela hein?
Então vc deve ser linda igual ela pra mim a atriz mais linda do brasil😊
Linda demais!
Deusa mor.
Nossa estrela maior é um barato!
Comentários inteligentes porque evasivos. E vice versa
ja assitir varias vezes a dama do lotacao muito atraente