Meu maior problema com críticos num geral é a perspectiva de perfeição que vários tem. Seus métodos se baseiam numa idéia de perfecicionismo que um filme supostamente deveria atingir, e quando não atende essa expectativa, o mesmo se torma automaticamente ruim. Eles nunca buscam entender o motivo de tais escolhas terem sido tomadas e apenas julgam baseado no que eles acham que é o certo. Nunca julgando um filme pelo seu próprio valor.
Um outro aspecto que, na minha opinião, incomoda em algumas críticas é o de buscar promover uma ideia sobre o filme ou uma interpretação da linguagem utilizada, ele foca em argumentar em como você deve assistir ao filme ou limitar-se a dizer que a forma como o diretor utiliza a câmera, por exemplo, é errado e deveria ser de outro jeito ao invés de buscar entender o motivo de ele ter filmado daquela forma. E uma outra dúvida que tenho, Artur: você anota durante os filmes ou somente assiste? Um abraço! Curto muito seu trabalho.
Isso é um problema mesmo. Não existe um modo "certo" de usar a técnica, mas um modo específico. Brown Bunny é um filme totalmente "mal fotografado" tecnicamente, mas que faz todo sentido dentro da proposta. Durante o filme não faço anotações. Na verdade nem penso muito na crítica, tento ter uma experiência como espectador. E ai depois penso na minha experiência e articulo algo.
Essa frequência de postagem tá incrível! E respondendo sua pergunta, acho que o crítico que eu mais curto é o Rohmer ( aquele texto dele sobre Vertigo é coisa de outro mundo ) .
Ser crítico de cinema é um processo bem complicado, porque requer muita dedicação e estudo diário (como outras profissões claro). Acho que o importante é sempre não estarmos acomodados e procurar sempre sair da zona de conforto. Eu faço vídeos e reconheço que ainda estou muito longe do que posso vir a ser, mas é por isso que continuo e vou sempre continuar a estudar e a ter mente aberta para ver cada vez mais filmes de todos os países e géneros!
Ainda bem que temos pessoas como o professor para nos abrir os olhos e motivar a fazer melhor! Os seus vídeos e de outros criadores de conteúdo são uma inspiração para mim, um dia quero conseguir me expressar tão bem quanto vocês. Sinto que às vezes tenho muitas ideias, mas ainda não as sei transpor de forma muito clara e ao mesmo tempo mostrando que sou conhecedora...assim como tudo é um caminho e criei o meu projeto pessoal mesmo para conseguir partilhar o meu caminho/evolução com outros cinéfilos e pessoas interessadas neste nicho.
Valeu, Rafaela! O caminho é exatamente esse, ir sempre praticando e buscando se desafiar. O principal erro de um crítico não é nem fazer uma crítica ruim ou não ter ideias, mas simplesmente não começar a fazer críticas. A questão toda é se colocar nesse processo.
Vídeo importantíssimo! Todos que realmente gostam de cinema deveriam assistir, definitivamente mudaria a relação com a obra de alguma forma. A Oficina de Crítica vale super a pena! Ainda preciso enviar meu texto hihihihi.
O que me incomoda em várias críticas é a falta de interpretação, uma mera análise que acontece. Por exemplo, citar que o filme fez X movimento de câmera mas não colocar o peso mínimo. Sem falar como aquele movimento interage com o "interior" da obra. Por eu ser seu aluno faz mais de um ano, eu tenho algumas semelhanças com o seu método (claro, não é exatamente igual porque eu adaptei para mim). E eu tenho muito esse pensamento de defender uma ideia, tanto pelas suas críticas quanto pela Cahiers. Então, quando leio um texto ou vídeo que se propõe ser uma crítica e acaba não saindo muito dessa análise, é bem frustrante. Acabo preferindo muito críticas que me apresentam uma perspectiva nova sobre o filme. Vertigo é meu filme favorito, já assisti várias vezes, mas o texto do Rohmer me abriu uma nova ideia e me deixou ainda mais pensativo sobre o filme do Hitchcock. Para citar um texto seu, meu preferido é o de Carol (2015). Me causou um efeito bem parecido.
Massa, Rui! Bom saber que o conteúdo e os cursos estão te ajudando! A boa crítica é essa mesmo, é a crítica que, praticamente, vai construir uma possível teoria sobre o filme. Um outro problema também é que os próprios leitores não estão tão abertos assim. Muitos querem que a crítica apena legitime o que eles pensam do filme, e ai tem uma percepção limitada até das possibilidades de uma crítica. Um dos principais papéis do crítico é mostrar que existe muito mais do que isso.
Eu ainda estou começando a estudar cinema. Faz mais ou menos três anos que eu comecei a estudar por conta própria e comecei a evoluir mais a partir das suas críticas e dos temas que você abre aqui no canal. Foi notável a minha mudança na hora de assistir os filmes, graças ao seu canal. Não vou basear meu comentário em nenhum outro crítico, acredito que o único critico bom que eu acompanho é você e o Max Valarezo que faz um trabalho bom (não de crítica, mas de abranger as ideais do filmes ao invés de isolá-lo), preciso ler e pesquisar mais sobre crítica. Eu tenho lido algumas coisas do Bazin sobre o Cidadão Kane, que é uma das minhas obras favoritas em vários aspectos. O que eu acho mais interessante do seu trabalho é como você não cai no mais do mesmo que muitos canais caem. Aprendi a defender ou ser até mais rude na hora de criticar um filme. Por mais que um filme seja "ruim pra massa", acredito que se eu gostei da obra eu tenho, a partir do meu conhecimento, que procurar "defender" a obra a partir da unidade estilística que me impactou. Aprendi que pra falar de cinema eu preciso conhecer o cinema de forma ampla e não me debruçar sobre alguns filmes "cults" de 20 anos atrás e dizer que sou cinéfilo. Um exemplo disso é o fato de eu não gostar de alguns filmes do Shyamalan, mas passei a concordar com as suas críticas sobre algumas das suas obras. Minha visão sobre "A Visita" mudou bastante com relação a sua crítica que está na sua oficina. Acredito que "minha visão" sobre a obra ficou ofuscada por causa dos "críticos" - se é que pode chamar de críticos - aqui do RUclips. Seu trabalho me fez buscar defender melhor os filmes que gosto e os que eu desgosto. Um outro exemplo disso, é o Ninfomaníaca do Lars von Trier. É um filme que foi, de certa forma "massacrado" por alguns Analistas RUclipsrs que se intitulam "críticos". Um "crítico" específico falou que não gostou da obra porque as atrizes usaram dublês de corpo. E ele baseia a sua "critica" nisso e no final dá uma nota pro filme, o que também é ridículo. Não sei se deu pra entender meu intuito com esse comentário, mas o que eu queria dizer é que você me fez expandir meu conhecimento, de se questionar sobre a obra e não só falar que o filme é ruim por causa que a fotografia não é bonita. Bom, é isso não sei se ficou claro, mas eu evoluí muito graças ao seu conteúdo. Mesmo discordando de algumas críticas, gosto muito de como você defende seu ponto de vista.
Massa, Caio!! Muito obrigado pelo depoimento! Fico feliz em saber que tanto o conteúdo como as aulas da Oficina de Crítica contribuíram para essa sua nova perspectiva. Você definiu tudo muito bem na verdade! No fim das contas é difícil encontrar pessoas que realmente estejam dispostas a se debruçar de modo ativo em um filme e de fato construir um pensamento a partir dele. Muita gente se foca apenas em algum ou outro elemento para, meramente, legitimar uma "opinião" e não uma ideia. Não estão preocupados em argumentar sobre essa opinião, em construir um pensamento sobre o filme.
Valeu, Heitor! Curto muito o Sganzerla. Ele tem um estilo mais fragmentado e impositivo que lembra até os textos do Godard. Os artigos do POR UM CINEMA SEM LIMITE valem muito a pena!
Gosto muito! Inclusive comento sobre esse lado crítico dele na aula sobre o Godard no Curso Online de Cinema. Até indico um livro com textos dele. Em uma das aulas sobre nouvelle vague chego a falar sobre o texto dele pra UNE VIE do Astruc, dos que mais curto!
Tuoto, tenho muita dificuldade de encontrar boas críticas dos filmes que assisto, tem algumas recomendações de críticos específicos que valem a pena ler e acompanhar? Ou plataformas/revistas boas
Oi Arthur! Gostei muito do video. Você poderia me recomendar uma boa crítica, no sentido que você falou, do filme "A Mãe e a Puta" (1973) de Jean Estauche. Gostaria que fosse em português ou em espanhol. Se você souber onde achar. Abraço e muito obrigado.
Meu maior problema com críticos num geral é a perspectiva de perfeição que vários tem. Seus métodos se baseiam numa idéia de perfecicionismo que um filme supostamente deveria atingir, e quando não atende essa expectativa, o mesmo se torma automaticamente ruim. Eles nunca buscam entender o motivo de tais escolhas terem sido tomadas e apenas julgam baseado no que eles acham que é o certo. Nunca julgando um filme pelo seu próprio valor.
Um outro aspecto que, na minha opinião, incomoda em algumas críticas é o de buscar promover uma ideia sobre o filme ou uma interpretação da linguagem utilizada, ele foca em argumentar em como você deve assistir ao filme ou limitar-se a dizer que a forma como o diretor utiliza a câmera, por exemplo, é errado e deveria ser de outro jeito ao invés de buscar entender o motivo de ele ter filmado daquela forma.
E uma outra dúvida que tenho, Artur: você anota durante os filmes ou somente assiste?
Um abraço! Curto muito seu trabalho.
Isso é um problema mesmo. Não existe um modo "certo" de usar a técnica, mas um modo específico. Brown Bunny é um filme totalmente "mal fotografado" tecnicamente, mas que faz todo sentido dentro da proposta. Durante o filme não faço anotações. Na verdade nem penso muito na crítica, tento ter uma experiência como espectador. E ai depois penso na minha experiência e articulo algo.
Essa frequência de postagem tá incrível! E respondendo sua pergunta, acho que o crítico que eu mais curto é o Rohmer ( aquele texto dele sobre Vertigo é coisa de outro mundo ) .
Valeu, Felipe! Que bom que está curtindo o conteúdo! Esse texto é sensacional mesmo. Ele e o Rivette são meus preferidos da Cahiers.
Excelente vídeo como sempre, Arthur.
Aprendi bastante com este conteúdo! Abraço.
Ser crítico de cinema é um processo bem complicado, porque requer muita dedicação e estudo diário (como outras profissões claro). Acho que o importante é sempre não estarmos acomodados e procurar sempre sair da zona de conforto. Eu faço vídeos e reconheço que ainda estou muito longe do que posso vir a ser, mas é por isso que continuo e vou sempre continuar a estudar e a ter mente aberta para ver cada vez mais filmes de todos os países e géneros!
Ainda bem que temos pessoas como o professor para nos abrir os olhos e motivar a fazer melhor! Os seus vídeos e de outros criadores de conteúdo são uma inspiração para mim, um dia quero conseguir me expressar tão bem quanto vocês. Sinto que às vezes tenho muitas ideias, mas ainda não as sei transpor de forma muito clara e ao mesmo tempo mostrando que sou conhecedora...assim como tudo é um caminho e criei o meu projeto pessoal mesmo para conseguir partilhar o meu caminho/evolução com outros cinéfilos e pessoas interessadas neste nicho.
Valeu, Rafaela! O caminho é exatamente esse, ir sempre praticando e buscando se desafiar. O principal erro de um crítico não é nem fazer uma crítica ruim ou não ter ideias, mas simplesmente não começar a fazer críticas. A questão toda é se colocar nesse processo.
Arthur faz um video falando dos seus livros favoritos sobre cinema de forma geral, nao precisa ser somente da parte técnica
Nesse vídeo indico alguns livros sobre cinema ruclips.net/video/enePoq-8ygE/видео.html Inclusive tô pra fazer uma parte 2.
Carai, Tuoto tá on fire! Muito bom!
Faz Scarface (1983) | CRÍTICA pfvr
Tinha que rever. Mas gosto muito.
Vídeo importantíssimo! Todos que realmente gostam de cinema deveriam assistir, definitivamente mudaria a relação com a obra de alguma forma. A Oficina de Crítica vale super a pena! Ainda preciso enviar meu texto hihihihi.
Que bom que curtiu o curso!! Mande o texto sim!
O que me incomoda em várias críticas é a falta de interpretação, uma mera análise que acontece. Por exemplo, citar que o filme fez X movimento de câmera mas não colocar o peso mínimo. Sem falar como aquele movimento interage com o "interior" da obra. Por eu ser seu aluno faz mais de um ano, eu tenho algumas semelhanças com o seu método (claro, não é exatamente igual porque eu adaptei para mim). E eu tenho muito esse pensamento de defender uma ideia, tanto pelas suas críticas quanto pela Cahiers. Então, quando leio um texto ou vídeo que se propõe ser uma crítica e acaba não saindo muito dessa análise, é bem frustrante. Acabo preferindo muito críticas que me apresentam uma perspectiva nova sobre o filme. Vertigo é meu filme favorito, já assisti várias vezes, mas o texto do Rohmer me abriu uma nova ideia e me deixou ainda mais pensativo sobre o filme do Hitchcock. Para citar um texto seu, meu preferido é o de Carol (2015). Me causou um efeito bem parecido.
Massa, Rui! Bom saber que o conteúdo e os cursos estão te ajudando! A boa crítica é essa mesmo, é a crítica que, praticamente, vai construir uma possível teoria sobre o filme. Um outro problema também é que os próprios leitores não estão tão abertos assim. Muitos querem que a crítica apena legitime o que eles pensam do filme, e ai tem uma percepção limitada até das possibilidades de uma crítica. Um dos principais papéis do crítico é mostrar que existe muito mais do que isso.
Esqueceu dizer que o curso de crítica é vitalício!!! 👌
Eu ainda estou começando a estudar cinema. Faz mais ou menos três anos que eu comecei a estudar por conta própria e comecei a evoluir mais a partir das suas críticas e dos temas que você abre aqui no canal.
Foi notável a minha mudança na hora de assistir os filmes, graças ao seu canal. Não vou basear meu comentário em nenhum outro crítico, acredito que o único critico bom que eu acompanho é você e o Max Valarezo que faz um trabalho bom (não de crítica, mas de abranger as ideais do filmes ao invés de isolá-lo), preciso ler e pesquisar mais sobre crítica. Eu tenho lido algumas coisas do Bazin sobre o Cidadão Kane, que é uma das minhas obras favoritas em vários aspectos.
O que eu acho mais interessante do seu trabalho é como você não cai no mais do mesmo que muitos canais caem. Aprendi a defender ou ser até mais rude na hora de criticar um filme. Por mais que um filme seja "ruim pra massa", acredito que se eu gostei da obra eu tenho, a partir do meu conhecimento, que procurar "defender" a obra a partir da unidade estilística que me impactou. Aprendi que pra falar de cinema eu preciso conhecer o cinema de forma ampla e não me debruçar sobre alguns filmes "cults" de 20 anos atrás e dizer que sou cinéfilo.
Um exemplo disso é o fato de eu não gostar de alguns filmes do Shyamalan, mas passei a concordar com as suas críticas sobre algumas das suas obras. Minha visão sobre "A Visita" mudou bastante com relação a sua crítica que está na sua oficina. Acredito que "minha visão" sobre a obra ficou ofuscada por causa dos "críticos" - se é que pode chamar de críticos - aqui do RUclips.
Seu trabalho me fez buscar defender melhor os filmes que gosto e os que eu desgosto. Um outro exemplo disso, é o Ninfomaníaca do Lars von Trier. É um filme que foi, de certa forma "massacrado" por alguns Analistas RUclipsrs que se intitulam "críticos". Um "crítico" específico falou que não gostou da obra porque as atrizes usaram dublês de corpo. E ele baseia a sua "critica" nisso e no final dá uma nota pro filme, o que também é ridículo.
Não sei se deu pra entender meu intuito com esse comentário, mas o que eu queria dizer é que você me fez expandir meu conhecimento, de se questionar sobre a obra e não só falar que o filme é ruim por causa que a fotografia não é bonita. Bom, é isso não sei se ficou claro, mas eu evoluí muito graças ao seu conteúdo. Mesmo discordando de algumas críticas, gosto muito de como você defende seu ponto de vista.
Massa, Caio!! Muito obrigado pelo depoimento! Fico feliz em saber que tanto o conteúdo como as aulas da Oficina de Crítica contribuíram para essa sua nova perspectiva. Você definiu tudo muito bem na verdade! No fim das contas é difícil encontrar pessoas que realmente estejam dispostas a se debruçar de modo ativo em um filme e de fato construir um pensamento a partir dele. Muita gente se foca apenas em algum ou outro elemento para, meramente, legitimar uma "opinião" e não uma ideia. Não estão preocupados em argumentar sobre essa opinião, em construir um pensamento sobre o filme.
Parabéns pelo vídeo Tuoto, veio em boa hora, tô começando a ler mais textos pra pegar o jeito. Curte o sganzerla como crítico tbm?
Valeu, Heitor! Curto muito o Sganzerla. Ele tem um estilo mais fragmentado e impositivo que lembra até os textos do Godard. Os artigos do POR UM CINEMA SEM LIMITE valem muito a pena!
Arthur, o que acha do Godard enquanto crítico ? Tem textos dele na Cahiers que eu gosto bastante.
Gosto muito! Inclusive comento sobre esse lado crítico dele na aula sobre o Godard no Curso Online de Cinema. Até indico um livro com textos dele. Em uma das aulas sobre nouvelle vague chego a falar sobre o texto dele pra UNE VIE do Astruc, dos que mais curto!
Fernando Ferreira é meu crítico de cinema preferido
Arthur, qual sua opinião sobre a Pauline Kael ?
Tuoto, tenho muita dificuldade de encontrar boas críticas dos filmes que assisto, tem algumas recomendações de críticos específicos que valem a pena ler e acompanhar? Ou plataformas/revistas boas
Arthur, podemos então definir a critica de cinema como "a defesa de uma visão subjetiva através de meio objetivos (forma)"?
É uma possível definição sim! A interpretação dessa forma é sempre subjetiva, mas ela por ela mesmo é sempre "material".
Meu favorito é o Godard
Tem coisas incríveis! Texto dele sobre UNE VIE do Astruc é dos meus preferidos.
Oi Arthur! Gostei muito do video. Você poderia me recomendar uma boa crítica, no sentido que você falou, do filme "A Mãe e a Puta" (1973) de Jean Estauche. Gostaria que fosse em português ou em espanhol. Se você souber onde achar. Abraço e muito obrigado.
muita critica disfarçada de resenha por aqui. parabéns pelo vídeo promover essa reflexão critica inclusive sobre o que é uma boa critica.