Meu caro Presidente André: Gostaria de fazer alguns comentários de peito aberto e totalmente isento de personalismos. Coube à minha geração os primeiros grandes esforços pró consolidação da área de música para a pós-graduação e pesquisa no Brasil. Isso foi um anseio que já estava nos Setenta (Widmer, na Bahia, por exemplo), ou antes com Mário de Andrade e Luiz Heitor. Ilza teve destaque nisso, entre os baianos, assim como Jamary e Alda, além de outros, inclusive eu próprio na CAPES e, finalmente, no CNPq. Muitas ações tiveram de ser empreendidas, inclusive uma tática periférica, visto que teríamos de superar reações nos centros em que tradições de músicos no Brasil se achavam fincadas. Por exemplo, a tendência à desescolaridade; o "doutorado por direito divino* (assim as chamava o Antunes, uma variante do notório saber); o desprezo pela pesquisa científica; a dispensa da titulação. Já sabíamos da ineficácia dos atalhos, como já ocorria em alguns grandes centros. Não vou poder discutir tudo isso aqui. Confesso, entretanto, com o devido respeito, que o Encontro de ontem me deixou com a sensação de retrocesso e perda. As cuidadosas apresentações partiram de uma díade que não tem caráter dicotômico: o "profissional vs acadêmico" como uma dicotomia é insustentável. Soam como um retorno à mentalidade conservatorial. Não há razão para um músico ser tratado como uma espécie distinta para alcançar o Parnaso. Não precisam ser tratados como as jovens órfãs do tempo de Vivaldi.
Meu caro Presidente André: Gostaria de fazer alguns comentários de peito aberto e totalmente isento de personalismos. Coube à minha geração os primeiros grandes esforços pró consolidação da área de música para a pós-graduação e pesquisa no Brasil. Isso foi um anseio que já estava nos Setenta (Widmer, na Bahia, por exemplo), ou antes com Mário de Andrade e Luiz Heitor. Ilza teve destaque nisso, entre os baianos, assim como Jamary e Alda, além de outros, inclusive eu próprio na CAPES e, finalmente, no CNPq. Muitas ações tiveram de ser empreendidas, inclusive uma tática periférica, visto que teríamos de superar reações nos centros em que tradições de músicos no Brasil se achavam fincadas. Por exemplo, a tendência à desescolaridade; o "doutorado por direito divino* (assim as chamava o Antunes, uma variante do notório saber); o desprezo pela pesquisa científica; a dispensa da titulação. Já sabíamos da ineficácia dos atalhos, como já ocorria em alguns grandes centros. Não vou poder discutir tudo isso aqui. Confesso, entretanto, com o devido respeito, que o Encontro de ontem me deixou com a sensação de retrocesso e perda. As cuidadosas apresentações partiram de uma díade que não tem caráter dicotômico: o "profissional vs acadêmico" como uma dicotomia é insustentável. Soam como um retorno à mentalidade conservatorial. Não há razão para um músico ser tratado como uma espécie distinta para alcançar o Parnaso. Não precisam ser tratados como as jovens órfãs do tempo de Vivaldi.