Tive e tenho tido pacientes me contando alegres que acharam o motivo dos sofrimentos: eram autista. Trabalho com casais e já ouvi que a explicação era que um deles tem diagnóstico: bordoline. Já escutei uma amiga agradecer a psiquiatria porque ela finalmente entendeu que não é preguiçosa, mas que tem fibromialgia severa. Vejo colegas psis endossando laudos com argumentos que inclusive é para se convencer e convencer que são ciência. E que são o lado positivo e autruista da psicologia.
O DSM está tirando (há um bom tempo) o direito das pessoas serem esquisitas e a responsabilidade delas pelo próprio sintoma. A vida fica sem graça e os outros passam a governar nossa subjetividade. Vivemos em tempos em que a recusa por autonomia subjetiva se torna generalizada.
Pra mim foi a psicóloga quem recomendou a avaliação e o diagnóstico me fez precisar mais ainda de terapia, não tive aquela epifania tipo eureka, tive milhões de dúvidas, medos e fiquei bem reativa Hoje minha qualidade de vida mudou, estou bem adaptada e é só mais uma característica minha, dentre tantas que tenho
A analista não obervar que o analisando era autista não quer dizer que ele não fosse de fato. A psicanálise não possui ferramentas para avaliar o autismo a partir dos criterios estudados e definidos hoje pela neurociência. Então não seria mesmo ela a observar autismo no paciente. Há que ficar bem claro que são abordagens para se analisar a realidade intrinsecamente diferentes e que levam a resultados também diferentes, o que não quer dizer que ambos não possam ser úteis. Criticar diagnósticos elaborados a partir de uma linha psi diferente é atrair de volta para a psicanálise as criticas que vemos hoje serem feitas à ela, de ser uma "pseudociência", ainda mais sobre o autismo, em que há muita ciência sendo feita hoje sobre. O que é fundamental aqui é se compreender os limites de cada abordagem, e permitir ao analisando que encontre a sua verdade em meio às múltiplas influências do que está posto no mundo. Porque ao final, o que importa é o sofrimento pelo qual ele está passando.
O sistema é doentio. Freud nunca ensinou ninguém a ser bem comportado e a se adaptar. Hoje, todavia, estar bem medicado e adaptado, é sinal de saúde.
Tive e tenho tido pacientes me contando alegres que acharam o motivo dos sofrimentos: eram autista.
Trabalho com casais e já ouvi que a explicação era que um deles tem diagnóstico: bordoline.
Já escutei uma amiga agradecer a psiquiatria porque ela finalmente entendeu que não é preguiçosa, mas que tem fibromialgia severa.
Vejo colegas psis endossando laudos com argumentos que inclusive é para se convencer e convencer que são ciência. E que são o lado positivo e autruista da psicologia.
O DSM está tirando (há um bom tempo) o direito das pessoas serem esquisitas e a responsabilidade delas pelo próprio sintoma. A vida fica sem graça e os outros passam a governar nossa subjetividade. Vivemos em tempos em que a recusa por autonomia subjetiva se torna generalizada.
"Os outros passam a governar a nossa subjetividade", muito bem colocado.
Obrigada pelo texto, professor. Ele diz muto do que penso.
Pra mim foi a psicóloga quem recomendou a avaliação e o diagnóstico me fez precisar mais ainda de terapia, não tive aquela epifania tipo eureka, tive milhões de dúvidas, medos e fiquei bem reativa
Hoje minha qualidade de vida mudou, estou bem adaptada e é só mais uma característica minha, dentre tantas que tenho
Esse livro é otima dica de leitura. " Alfabeto das Colisões".
A desculpa perfeita pra não fazer nada da vida e não assumir responsabilidade.
Maravilhoso!
A palavra AUTISMO virou um conceito guarda chuva?
Show
A analista não obervar que o analisando era autista não quer dizer que ele não fosse de fato. A psicanálise não possui ferramentas para avaliar o autismo a partir dos criterios estudados e definidos hoje pela neurociência. Então não seria mesmo ela a observar autismo no paciente.
Há que ficar bem claro que são abordagens para se analisar a realidade intrinsecamente diferentes e que levam a resultados também diferentes, o que não quer dizer que ambos não possam ser úteis. Criticar diagnósticos elaborados a partir de uma linha psi diferente é atrair de volta para a psicanálise as criticas que vemos hoje serem feitas à ela, de ser uma "pseudociência", ainda mais sobre o autismo, em que há muita ciência sendo feita hoje sobre. O que é fundamental aqui é se compreender os limites de cada abordagem, e permitir ao analisando que encontre a sua verdade em meio às múltiplas influências do que está posto no mundo. Porque ao final, o que importa é o sofrimento pelo qual ele está passando.
Nem aparenta professor! 😮...
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