Memórias na Resistência - Mário de Araújo - testemunho completo

Mário de Araújo nasceu na Cova da Piedade (Almada) em 1935 numa família natural de Nisa que desenvolvia alguma atividade política, nomeadamente no apoio a atividades clandestinas.
A consciencialização e o despertar para a atividade política estão diretamente relacionadas com as coletividades locais de cultura e recreio como o Clube Desportivo da Cova da Piedade, a Cooperativa Piedense, a Sociedade Filarmónica União Artística Piedense ou a Academia de Instrução e Recreio Familiar Almadense.
Entre os 15 e os 16 anos passa a ser solicitado para realizar tarefas clandestinas organizadas pelo Partido Comunista Português (PCP), do qual se torna militante em 1963. No ano seguinte recebe indicações do Partido para ir trabalhar para o Arsenal do Alfeite, cabendo-lhe a tarefa de reorganizar a respetiva célula que coordenou entre 1964 e 1967.
Na sequência de denúncias feitas sob tortura por um funcionário do PCP preso, Mário de Araújo
passou à clandestinidade, rumando ao Alentejo.
É preso em julho de 1967 pela GNR na Cova da Piedade, após ter vindo a Lisboa fazer o exame do 5º ano do Liceu. Depois de passar pela sede da polícia política, na Rua António Maria Cardoso, transita para a Prisão de Caxias onde passou 5 meses e meio em isolamento. A violência e torturas a que foi sujeito causaram a perda de 12 quilos e deixaram sequelas que perduram até hoje.
Depois de ser julgado em julho de 1968, assumindo-se como militante do PCP, cumpriu o resto da pena em Peniche até ser libertado em novembro de 1968.
Palavras-chave: Almada; Cova da Piedade; Partido Comunista Português (PCP); Associativismo /Coletividades de cultura e recreio; Clube Desportivo da Cova da Piedade; Cooperativa Piedense; Sociedade Filarmónica União Artística Piedense; Academia de Instrução e Recreio Familiar Almadense; Arsenal do Alfeite; Greves; Prisão de Caxias; Prisão de Peniche; Tortura; Interrogatório; Isolamento; PIDE/DGS; Julgamento.