Monster é muito mais claramente LGBT+ que Close, visto que tem "confissões" mais diretas que só levam a uma interpretação possível, principalmente no diálogo com a diretora. Apesar do final de Monster não ser feliz (na minha interpretação, sei que outros entendem como se eles tivessem sobrevivido), é menos fatalista na relação dos meninos ao menos, ao contrário de Close que se desenvolve ao redor da rejeição. Monster é a aceitação. Acho importante não ignorar que subtexto queer não precisa ser direto pra ser confirmado, as nuances estão ali e geralmente aceitamos as nuances como certezas quando se trata de relações não homoafetivas. Precisamos quebrar a necessidade do "deixar explícito" e pensar que um diretor e um roteirista confiam na percepção da audiência, e que relaçoes e descobertas delicadas muitas vezes virão de formas sutis - por motivos de escrita e de ter que apresentar um tema ainda bastante rejeitado pelo público geral.
Coloca sub nesse seu ''subtexto'', viu. É forçar muito a barra falar que é um filme queer por não deixar explícito o suposto sentimento. Claro que não precisa ser escrachado, mas também um mínimo de clareza é importante (mais do que uma interpretação em cima do que é tão ''aberto'').
@@NatanDiasWS ahn? eles claramente deixam explícito a entonação da descoberta queer ali em Monster. Não falei que Close não é, falei que Monster deixa isso menos em aberto pro telespectador médio que vai sempre negar o que tá na frente dele. Em Monster fica bem óbvio que o Yori é, e que o Minato vai se descobrindo ao longo do filme até que admite gostar (e que só pode ser) dele.
Muito bacana seu apontamento, Bia. Acho que essa é uma leitura tão válida quanto quem critica que cunhar como um amor gay é se equiparar aos bullies quando poderia ser só uma amizade. Meu único ponto é que vejo mais como um subtexto LGBT. O termo queer tá muito associado a algo não só fora da norma social, mas no cinema também a algo estético/narrativo. Tem essa quebra de montagem/roteiro, mas me parece um filme tradicional na abordagem dessas personagens e das descobertas e desejos delas. Mas você resume muito bem a diferença de Close e esse filme entre rejeição e aceitação. Obrigado pela adição :)
@@VinteeQuadro não considero subtexto, está bem explícito no filme, o mais explícito possível sem quebrar a barreira do que o seria natural para crianças na fase de descoberta, que não sabem categorizar. Chamar de subtexto nesses caso seria uma negação por estar preso ao tradicional e renegar algo óbvio e fora do padrão. Ficou claro que o Minato gosta do Yori além da amizade, não haveria por que ele confessar como segredo se não. Além de tudo sobre o cérebro de porco = ser homo/bi (e a cura segundo o próprio pai foi quando Yori mentiu gostar de uma garota). Acho que vcs estão em negação de algo claro inclusive pra audiência japonesa, sugiro pesquisar o vocabulário usado no original também. Respeito a opinião de vcs mas ainda acredito que chamar de subtexto aqui é forçar pra não ser um filme gay.
A gente tá contigo. Como dissemos no vídeo, já víamos o Close, por influências externas ou não, como um filme gay. Só ver o título do nosso vídeo. No Monster, a gente acha ainda mais. Só estamos dizendo que também não tiramos razão de quem lê do outro jeito pelo motivos que apontamos de se aliar aos bullies. No fim, o Yori pode também só performar uma masculinidade mais branda socialmente, o pai ler como homoafetividade e criar esses termos e provações pra cima do menino. Sim, é preciso dar nome as nuances, como você disse. Mas o fato de serem nuances, ainda mais em território interpretativo da arte, na nossa opinião, não é negação. Mas de fato, não falamos japonês e pode ser que tudo seja ainda mais claro para quem fala :)
assisti esse filme sem saber nada sobre ele, eu fui totalmente pega de surpresa e meu Deus! esse filme acabou comigo, o terceiro seguimento é tão cru, tão inocente, tão encantador. no início eu realmente achei que o minato fosse maldoso, a narrativa do professor só aumentou essa ideia na minha cabeça, mas quando chegou no fim era algo tão simples. honestamente, acredito que sim o minato e yori se gostavam romanticamente, mas falando de crianças é mais complicado por eles estarem se descobrindo com seres humanos. o minato fala para mãe dele sobre renascimento, e no final do filme quando eles conseguem sair do trem o yori pergunta se eles renasceram, o minato diz que eles estão iguais e eles saem feliz, pra mim isso implica que eles não tinham nada de errado e que enfim aceitaram, por mais que no meu ponto de vista o final tenha sido trágico. enfim, obrigada pelo vídeo!
Total. Eu acho que a quebra de expctativa mais forte é justamente a mais singela, como você comenta. Num mundo cão, que a gente sempre espera o pior, o que é bom parece estranho até. E aí vem todas as sutilezas que você muito bem comentou na sequência. Obrigado pelo comentário :)
Na minha opinião o interesse romântico é bem nítido, a direção não tem nenhuma intenção de mascarar ou deixar ambíguo apesar de ser sutil. Esse filme me pegou muito, eu fiquei completamente apaixonado pela sensibilidade e o apego ao detalhes que ajuda a contar uma história muito mais complexa, principalmente em relação as duas crianças. E na segunda vez que assisti ele cresceu muito mais, pra mim é 10/10
Pegando a comparação que fizemos no vídeo, de "Close", é um filme bem mais claro mesmo! E essa sutileza dá uma carinha ainda melhor pra isso que é mais explícito :)
A construção desse filme é maravilhosa, eu adorei como os três pontos de vistas foram bem apresentados. O que parecia ser algo tão complexo, ao meu ver, tudo aconteceu por conta do que o Minato sentia pelo Yori, já que ele fica bravo quando um garoto pergunta se eles eram "namoradinhos", mas também odiava ver Yori sofrendo com bullying ou com a relação com o pai. No meu ponto de vista, Minato estava confuso sobre o que sentia por Yori e não queria que o vissem como mais que amigos; Já Yori tem um pensamento mais inocente e infantil, talvez ele goste do Minato e não vê problemas com isso, mas acaba acreditando nas coisas horríveis que seu pai diz para ele.
Pois é. É um filme que consegue fazer muito bem a coisa dos pontos de vista. Como uma mesma história pode ter tons completamente diferentes dependendo de quem conta. E como o filme flui de um ponto de vista pro outro, se complementam e tudo, é pra mim o grande trunfo do filme :)
Assisti ao filme hoje à tarde e sigo super impactado. Belíssimo! Fiquei na dúvida sobre o final e torci muito pra que fosse real. Li uma entrevista com o diretor na qual ele afirma que, para ele, os meninos sobreviveram e puderam se afirmar como são. 🥹
Eu também gosto de crer que dá tudo certo, mas se não tiver dado, a nota mental é positiva. Então há uma redenção, eles estando mortos ou não. Que a gente lê como algo super bacana :)
para min o filme tem dois finais um final terreno e um no pós vida, primeiro final o final terreno eo final onde a mãe vai com o professor atrás do menino e encontram aquela cena de destruição com uma fotografia bem pesada, e o final no pós vida que os meninos saem do trem caminham por um túnel seguindo uma luz e saem em um lugar com um clima acolhedor, fresco, iluminado com uma fotografia bem mais leve e aconchegante, mostra ate a linha de trem que estava fechada; aberta indicando o caminho pro pós vida, para min o mostro e o pré-conceito que temos das pessoas.
Perfeitas colocações!!! Acredito que quando taxamos os afetos e queremos que as pessoas assumam as nossas percepções de A ou Z, esquecemos que entre esses dois, há um leque de possibilidades e no final direcionamos a partir das nossas vivências, ignorando o outro e sua complexidade. Tudo é baseados na interpretação que mais falam de nós do que dos outros.
Totalmente. Esse filme é muito sobre impressões externas que afetam as decisões internas, e vice-versa. A força tá muito nesse vaivém que tu colocou bem aqui :)
12:52 Como, em sã consciência, não será um filme LGBT? Os 2 filmes (Close e Monster) se constróem em cima dessa temática, não é sobre algo sexual, mas sobre a dinâmica homoafetiva dos personagens (amizade masculina é homoafetiva, dentro de suas dinâmicas). Se retira a opressão provinda da homofobia o filme não se constrói; o pai chama o filho de Cabeça de Porco por conta dessa homofobia em relação ao comportamento do filho. Simplesmente não tem como dissociar a temática LGBT. E, obviamente, para o filme ser LGBT é preciso de mais do que homens se pegando na tela.
_Monster_ é inequivocamente um filme queer. E isso independente se o público vê os jovens como singelos amigos ou como seres descobrindo a atração um no outro. Ambos os personagens estão imersos em um universo homofóbico, seja essa homofobia externa ou internalizada e isso tem impacto direto em suas trajetórias. Logo, a temática queer está presente e é uma das forças motrizes da película. Seria muito ingênuo de nossa parte imaginar que filmes LGBT+ constituem tão somente obras com romance ou com pessoas assumidamente LGBT+. Ora, se eu fizesse um filme onde dois amigos heterossexuais são mortos por uma gangue neonazista confundidos com um casal gay, esse filme teria também temática queer, afinal, a homofobia seria um dos assuntos centrais da obra, ainda que não houvesse um LGBT+ sequer entre os protagonistas. Enfim, desculpe-me o desabafo e parabéns pela crítica. _Monster_ é, sem dúvida, um roteiro digno de prêmios. Que filme!
Totalmente de acordo, Rodrigo. Quando a gente fala do romance implícito tá tudo isso que você disse por trás. Até porque existem inúmeros filmes brucutus com subtextos queer fortes. Não é sobre ter um relacionamento em tela, mas sobre os signos e consequências que isso gera. . Porque todo o debate que a
Eu amei demais esse filme, mas assisti no Belas artes aqui em BH e acho que a mulher que tava do meu lado não entendeu a proposta daquele cinema em si, porque ela não calava a boca a 1min, tirava foto e comia cheetos. 😬
Obrigado pela sua crítica. Sou novo inscrito e adoro suas críticas. Realmente é impossível falar de Monster sem ter Spoiler. O filme me deixou perplexo, quem é o Monstro ? Essas reviravoltas habilidosas e muito sutis do Kore Eda são incríveis. Prefiro muito os filmes que apenas sugerem situações que façam você pensar. E eu pensei muito nas reviravoltas do filme questionando tudo. Amo quando um filme é desafiador, e são muitos questionamentos interessantíssimos como o do suposto homossexualismo dos dois, mas nada é escancarado, mas é colocado de forma muito sutil, elegante e habilidosa pelo diretor, não é a toa que ganhou o prêmio de roteiro em Cannes. O final também me deixou a sensação de que eles morreram. A entrada da mãe e do professor pela janela e a escuridão dentro / corte da cena. E no final, ambos saindo tranquilos pela janela e o pequeno dizendo " será que nós renascemos " ? E ambos correndo numa cena linda e florida numa luz ofuscante em direção a uma ponte . Eles morreram ? Ou então, como vocês disseram , era um sonho ? Meu Deus, amo que me façam pensar e refletir sobre as possibilidades ! Filme belíssimo, muito melhor que Close ( que é um bom filme, mas é bem inferior na minha humilde opinião). Monster, um dos melhores do ano !
Que legal, Henrique! Seja bem-vindo ao canal. A ideia vai ser expandir esses debates mesmo. Essas dubiedades são as coisas mais legais sempre. Caso não tenha assistido, veja o Burning, que tem um ritmo parecido desses :)
conheci o koreeda por vocês e hoje sem sombra de dúvidas, considero ele um dos meus diretores favoritos. monster me pegou MUITO, foi um daqueles filmes que precisei parar e pensar no que acabei de obsorver antes de sair do cinema. superou minhas expectativas!
Que legal que pudemos te apresentar o Koreeda! Algum dos filmes recentes dele te pegou mais que esse? Os japoneses tão com tudooo em 2023. Nossa lista de melhores teria facilmente vários títulos de lá
Eu amei Monster. Muito tocante. O filme ficou comigo por dias depois de assistir. Um detalhe é o pai do amigo do protagonista que disse aquilo sobre ter ele ter um cérebro de porco, num contexto onde ele corrigia o jeito do filho, e o protagonista incorpora essa fala. Acho que é um dos sinais de que os personagens são sim queers, onde esse pai está tentando "corrigir" o jeito do filho. Mas também tem o que vocês disseram sobre a pureza desses sentimentos de uma forma mais crua. Uma bela amizade. Adorei o final que eles correm juntos, opondo o de Close, onde a criança passa a correr sozinha no campo de flores.
Nossa, essa leitura do final de Close foi ótima! Isso reforça total a diferença de tratamento dos dois filmes. Mas isso que você fala do cérebro de porco, talvez o pai não gostava do jeito "mais delicado" do filho. E mesmo considerando que o amigo fosse gay, pode ser que o outro estivesse confundindo as coisas. Acho que a coisa segue em aberto, que é a força desse filme e do Close!
@@VinteeQuadro não é subtexto, o Minato literalmente teve uma ereção quando o Yori abraçou ele, e confessou como segredo que gostava dele, eles gostarem um do outro não é interpretação, o filme não tenta de jeito algum esconder isso.
Pq mesmo não tendo sido culpa dele, professor, o garoto foi jogado nesse caos todo, mesmo que por imaturidade própria. Talvez uma hipótese? Ou mesmo ele só querendo se certificar na hora de pedir desculpa que realmente não fez nada de errado
Monster é muito mais claramente LGBT+ que Close, visto que tem "confissões" mais diretas que só levam a uma interpretação possível, principalmente no diálogo com a diretora. Apesar do final de Monster não ser feliz (na minha interpretação, sei que outros entendem como se eles tivessem sobrevivido), é menos fatalista na relação dos meninos ao menos, ao contrário de Close que se desenvolve ao redor da rejeição. Monster é a aceitação. Acho importante não ignorar que subtexto queer não precisa ser direto pra ser confirmado, as nuances estão ali e geralmente aceitamos as nuances como certezas quando se trata de relações não homoafetivas. Precisamos quebrar a necessidade do "deixar explícito" e pensar que um diretor e um roteirista confiam na percepção da audiência, e que relaçoes e descobertas delicadas muitas vezes virão de formas sutis - por motivos de escrita e de ter que apresentar um tema ainda bastante rejeitado pelo público geral.
Coloca sub nesse seu ''subtexto'', viu. É forçar muito a barra falar que é um filme queer por não deixar explícito o suposto sentimento. Claro que não precisa ser escrachado, mas também um mínimo de clareza é importante (mais do que uma interpretação em cima do que é tão ''aberto'').
@@NatanDiasWS ahn? eles claramente deixam explícito a entonação da descoberta queer ali em Monster. Não falei que Close não é, falei que Monster deixa isso menos em aberto pro telespectador médio que vai sempre negar o que tá na frente dele. Em Monster fica bem óbvio que o Yori é, e que o Minato vai se descobrindo ao longo do filme até que admite gostar (e que só pode ser) dele.
Muito bacana seu apontamento, Bia. Acho que essa é uma leitura tão válida quanto quem critica que cunhar como um amor gay é se equiparar aos bullies quando poderia ser só uma amizade.
Meu único ponto é que vejo mais como um subtexto LGBT. O termo queer tá muito associado a algo não só fora da norma social, mas no cinema também a algo estético/narrativo. Tem essa quebra de montagem/roteiro, mas me parece um filme tradicional na abordagem dessas personagens e das descobertas e desejos delas.
Mas você resume muito bem a diferença de Close e esse filme entre rejeição e aceitação. Obrigado pela adição :)
@@VinteeQuadro não considero subtexto, está bem explícito no filme, o mais explícito possível sem quebrar a barreira do que o seria natural para crianças na fase de descoberta, que não sabem categorizar. Chamar de subtexto nesses caso seria uma negação por estar preso ao tradicional e renegar algo óbvio e fora do padrão. Ficou claro que o Minato gosta do Yori além da amizade, não haveria por que ele confessar como segredo se não. Além de tudo sobre o cérebro de porco = ser homo/bi (e a cura segundo o próprio pai foi quando Yori mentiu gostar de uma garota). Acho que vcs estão em negação de algo claro inclusive pra audiência japonesa, sugiro pesquisar o vocabulário usado no original também. Respeito a opinião de vcs mas ainda acredito que chamar de subtexto aqui é forçar pra não ser um filme gay.
A gente tá contigo. Como dissemos no vídeo, já víamos o Close, por influências externas ou não, como um filme gay. Só ver o título do nosso vídeo. No Monster, a gente acha ainda mais. Só estamos dizendo que também não tiramos razão de quem lê do outro jeito pelo motivos que apontamos de se aliar aos bullies.
No fim, o Yori pode também só performar uma masculinidade mais branda socialmente, o pai ler como homoafetividade e criar esses termos e provações pra cima do menino. Sim, é preciso dar nome as nuances, como você disse. Mas o fato de serem nuances, ainda mais em território interpretativo da arte, na nossa opinião, não é negação.
Mas de fato, não falamos japonês e pode ser que tudo seja ainda mais claro para quem fala :)
assisti esse filme sem saber nada sobre ele, eu fui totalmente pega de surpresa e meu Deus! esse filme acabou comigo, o terceiro seguimento é tão cru, tão inocente, tão encantador. no início eu realmente achei que o minato fosse maldoso, a narrativa do professor só aumentou essa ideia na minha cabeça, mas quando chegou no fim era algo tão simples. honestamente, acredito que sim o minato e yori se gostavam romanticamente, mas falando de crianças é mais complicado por eles estarem se descobrindo com seres humanos. o minato fala para mãe dele sobre renascimento, e no final do filme quando eles conseguem sair do trem o yori pergunta se eles renasceram, o minato diz que eles estão iguais e eles saem feliz, pra mim isso implica que eles não tinham nada de errado e que enfim aceitaram, por mais que no meu ponto de vista o final tenha sido trágico. enfim, obrigada pelo vídeo!
Total. Eu acho que a quebra de expctativa mais forte é justamente a mais singela, como você comenta. Num mundo cão, que a gente sempre espera o pior, o que é bom parece estranho até. E aí vem todas as sutilezas que você muito bem comentou na sequência. Obrigado pelo comentário :)
Na minha opinião o interesse romântico é bem nítido, a direção não tem nenhuma intenção de mascarar ou deixar ambíguo apesar de ser sutil. Esse filme me pegou muito, eu fiquei completamente apaixonado pela sensibilidade e o apego ao detalhes que ajuda a contar uma história muito mais complexa, principalmente em relação as duas crianças.
E na segunda vez que assisti ele cresceu muito mais, pra mim é 10/10
Pegando a comparação que fizemos no vídeo, de "Close", é um filme bem mais claro mesmo! E essa sutileza dá uma carinha ainda melhor pra isso que é mais explícito :)
A construção desse filme é maravilhosa, eu adorei como os três pontos de vistas foram bem apresentados. O que parecia ser algo tão complexo, ao meu ver, tudo aconteceu por conta do que o Minato sentia pelo Yori, já que ele fica bravo quando um garoto pergunta se eles eram "namoradinhos", mas também odiava ver Yori sofrendo com bullying ou com a relação com o pai. No meu ponto de vista, Minato estava confuso sobre o que sentia por Yori e não queria que o vissem como mais que amigos; Já Yori tem um pensamento mais inocente e infantil, talvez ele goste do Minato e não vê problemas com isso, mas acaba acreditando nas coisas horríveis que seu pai diz para ele.
Pois é. É um filme que consegue fazer muito bem a coisa dos pontos de vista. Como uma mesma história pode ter tons completamente diferentes dependendo de quem conta. E como o filme flui de um ponto de vista pro outro, se complementam e tudo, é pra mim o grande trunfo do filme :)
Assisti ao filme hoje à tarde e sigo super impactado. Belíssimo! Fiquei na dúvida sobre o final e torci muito pra que fosse real. Li uma entrevista com o diretor na qual ele afirma que, para ele, os meninos sobreviveram e puderam se afirmar como são. 🥹
Eu também gosto de crer que dá tudo certo, mas se não tiver dado, a nota mental é positiva. Então há uma redenção, eles estando mortos ou não. Que a gente lê como algo super bacana :)
para min o filme tem dois finais um final terreno e um no pós vida, primeiro final o final terreno eo final onde a mãe vai com o professor atrás do menino e encontram aquela cena de destruição com uma fotografia bem pesada, e o final no pós vida que os meninos saem do trem caminham por um túnel seguindo uma luz e saem em um lugar com um clima acolhedor, fresco, iluminado com uma fotografia bem mais leve e aconchegante, mostra ate a linha de trem que estava fechada; aberta indicando o caminho pro pós vida, para min o mostro e o pré-conceito que temos das pessoas.
É uma leitura interessante, mas é isso: um final aberto mas que nas várias possibilidades tem muita sensibilidade com os garotos!
Falem de Folhas de Outono, do Aki Kaurismaki, por favor!
Eu, Natan, falei no Letterboxd! Não fui o maior fã, mas segue o texto:
boxd.it/53ayND
Perfeitas colocações!!! Acredito que quando taxamos os afetos e queremos que as pessoas assumam as nossas percepções de A ou Z, esquecemos que entre esses dois, há um leque de possibilidades e no final direcionamos a partir das nossas vivências, ignorando o outro e sua complexidade. Tudo é baseados na interpretação que mais falam de nós do que dos outros.
Totalmente. Esse filme é muito sobre impressões externas que afetam as decisões internas, e vice-versa. A força tá muito nesse vaivém que tu colocou bem aqui :)
um dos melhores de 2023, na minha opinião! sai muito tocada do cinema... ótimo vídeo e crítica, meninos
Sem dúvidas, e logo na reta final! Obrigado pelo carinho :)
12:52
Como, em sã consciência, não será um filme LGBT?
Os 2 filmes (Close e Monster) se constróem em cima dessa temática, não é sobre algo sexual, mas sobre a dinâmica homoafetiva dos personagens (amizade masculina é homoafetiva, dentro de suas dinâmicas). Se retira a opressão provinda da homofobia o filme não se constrói; o pai chama o filho de Cabeça de Porco por conta dessa homofobia em relação ao comportamento do filho. Simplesmente não tem como dissociar a temática LGBT.
E, obviamente, para o filme ser LGBT é preciso de mais do que homens se pegando na tela.
_Monster_ é inequivocamente um filme queer. E isso independente se o público vê os jovens como singelos amigos ou como seres descobrindo a atração um no outro.
Ambos os personagens estão imersos em um universo homofóbico, seja essa homofobia externa ou internalizada e isso tem impacto direto em suas trajetórias. Logo, a temática queer está presente e é uma das forças motrizes da película.
Seria muito ingênuo de nossa parte imaginar que filmes LGBT+ constituem tão somente obras com romance ou com pessoas assumidamente LGBT+. Ora, se eu fizesse um filme onde dois amigos heterossexuais são mortos por uma gangue neonazista confundidos com um casal gay, esse filme teria também temática queer, afinal, a homofobia seria um dos assuntos centrais da obra, ainda que não houvesse um LGBT+ sequer entre os protagonistas.
Enfim, desculpe-me o desabafo e parabéns pela crítica. _Monster_ é, sem dúvida, um roteiro digno de prêmios. Que filme!
Totalmente de acordo, Rodrigo. Quando a gente fala do romance implícito tá tudo isso que você disse por trás. Até porque existem inúmeros filmes brucutus com subtextos queer fortes. Não é sobre ter um relacionamento em tela, mas sobre os signos e consequências que isso gera.
. Porque todo o debate que a
Eu amei demais esse filme, mas assisti no Belas artes aqui em BH e acho que a mulher que tava do meu lado não entendeu a proposta daquele cinema em si, porque ela não calava a boca a 1min, tirava foto e comia cheetos. 😬
Hahahahaha, acontece em muitas sessões! Boa sorte nas tuas próximas
Obrigado pela sua crítica. Sou novo inscrito e adoro suas críticas. Realmente é impossível falar de Monster sem ter Spoiler. O filme me deixou perplexo, quem é o Monstro ? Essas reviravoltas habilidosas e muito sutis do Kore Eda são incríveis. Prefiro muito os filmes que apenas sugerem situações que façam você pensar. E eu pensei muito nas reviravoltas do filme questionando tudo. Amo quando um filme é desafiador, e são muitos questionamentos interessantíssimos como o do suposto homossexualismo dos dois, mas nada é escancarado, mas é colocado de forma muito sutil, elegante e habilidosa pelo diretor, não é a toa que ganhou o prêmio de roteiro em Cannes. O final também me deixou a sensação de que eles morreram. A entrada da mãe e do professor pela janela e a escuridão dentro / corte da cena. E no final, ambos saindo tranquilos pela janela e o pequeno dizendo " será que nós renascemos " ? E ambos correndo numa cena linda e florida numa luz ofuscante em direção a uma ponte . Eles morreram ? Ou então, como vocês disseram , era um sonho ? Meu Deus, amo que me façam pensar e refletir sobre as possibilidades ! Filme belíssimo, muito melhor que Close ( que é um bom filme, mas é bem inferior na minha humilde opinião). Monster, um dos melhores do ano !
Que legal, Henrique! Seja bem-vindo ao canal. A ideia vai ser expandir esses debates mesmo. Essas dubiedades são as coisas mais legais sempre. Caso não tenha assistido, veja o Burning, que tem um ritmo parecido desses :)
conheci o koreeda por vocês e hoje sem sombra de dúvidas, considero ele um dos meus diretores favoritos. monster me pegou MUITO, foi um daqueles filmes que precisei parar e pensar no que acabei de obsorver antes de sair do cinema. superou minhas expectativas!
Que legal que pudemos te apresentar o Koreeda! Algum dos filmes recentes dele te pegou mais que esse? Os japoneses tão com tudooo em 2023. Nossa lista de melhores teria facilmente vários títulos de lá
Onde posso comprar ou alugar o filme pra assistir?
Pelo JustWatch, diz que tem na Globoplay!
Eu amei Monster. Muito tocante. O filme ficou comigo por dias depois de assistir. Um detalhe é o pai do amigo do protagonista que disse aquilo sobre ter ele ter um cérebro de porco, num contexto onde ele corrigia o jeito do filho, e o protagonista incorpora essa fala. Acho que é um dos sinais de que os personagens são sim queers, onde esse pai está tentando "corrigir" o jeito do filho. Mas também tem o que vocês disseram sobre a pureza desses sentimentos de uma forma mais crua. Uma bela amizade. Adorei o final que eles correm juntos, opondo o de Close, onde a criança passa a correr sozinha no campo de flores.
Nossa, essa leitura do final de Close foi ótima! Isso reforça total a diferença de tratamento dos dois filmes. Mas isso que você fala do cérebro de porco, talvez o pai não gostava do jeito "mais delicado" do filho. E mesmo considerando que o amigo fosse gay, pode ser que o outro estivesse confundindo as coisas. Acho que a coisa segue em aberto, que é a força desse filme e do Close!
@@VinteeQuadro não é subtexto, o Minato literalmente teve uma ereção quando o Yori abraçou ele, e confessou como segredo que gostava dele, eles gostarem um do outro não é interpretação, o filme não tenta de jeito algum esconder isso.
......o único maldoso, foi o Pai, dizendo q tinha cérebro de porco.
A origem de todos os males. Freud explica? Kkkk
Unica coisa que eu nao entendi, era o motivo do professor ter ido na casa dele pedir desculpa, pq não parece q ele fez algo
Então, ele não fez, mas para o senso comum foi ele quem fez. Então ele carregava a culpa, né
@@VinteeQuadro Eu entendi isso, mas no papel que ele levou, ele estava indo se desculpar com o menino, isso que eu não entendi
Pq mesmo não tendo sido culpa dele, professor, o garoto foi jogado nesse caos todo, mesmo que por imaturidade própria. Talvez uma hipótese?
Ou mesmo ele só querendo se certificar na hora de pedir desculpa que realmente não fez nada de errado
Mas, pera! Eles morreram! Não?!
É uma possível leitura, mas não a única, ao nosso ver
Pra mim, é claro que eles morrem.
Sentimos que é possível várias interpretações pra esse final! Mas certamente a da morte é uma delas
comecou com frase forte mesmo pq eu desisti do video dps do que voce disse