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Confesso que não entendo muito bem a pertinência dessa distinção, pois são coisas completamente diferentes, e mesmo assim discordo que treinar seja só para o desporto. Claro que podemos estar a dar significados diferentes aos termos e antes de dizer que se concorda ou discorda deveria estabelecer-se que de facto se está a falar da mesma coisa. Treinar qualquer coisa parece-me ser praticar essa coisa até ao ponto em que não seja, ou pelo menos quase que não seja, necessário recorrer ao pensamento consciente para executar essa prática. É, por exemplo, o reflexo de carregar no travão se aparece um peão à frente quando estamos a conduzir um automóvel. É também o conseguir ler sem estar a pensar nos sons que as palavras têm, a escrita passa a ser uma nova linguagem e os conceitos vêm logo à mente sem ser necessário recorrer à fala. Tudo isto requer uma certa dose de prática até que o nosso cérebro modifique suficientemente as suas ligações internas para passar a simplificar o processo sem passar pelas etapas todas. Se não houvesse essa capacidade o tal peão iria parar ao hospital ou pior até que chegássemos à conclusão "ah sim, devo carregar no travão". É também treino praticar a linguagem até ao ponto de conseguir formular e entender ideias a partir de um vocabulário, de uma gramática, de uma sintaxe, de um contexto cultural e por aí fora. Em música, é exactamente a mesma coisa. Se se quer fazer música, deve pensar-se (não necessariamente de forma estruturada, consciente ou intencional) em sons e silêncios e como eles interagem uns com os outros ao longo do tempo. Fazê-lo de forma a criar certos efeitos no ouvinte (sensoriais, emocionais, racionais, etc.) é o que lhe dá expressão, mas também é possível que esses efeitos sejam gerados sem intencionalidade, por exemplo o som do combóio nos carris que nos sugere algo. Também é possível que, apesar de poder haver intenção e expressão, que o destinatário não "apanhe" a mensagem. Se a ideia do professor nessa distinção era dizer que não se deve decorar coisas apenas por decorar, por exemplo no sentido em que musicalmente serve de pouco estar sempre a praticar os mesmos desenhos de escalas de uma ponta à outra sem lhes dar qualquer intenção ou significado (o que de qualquer forma não seria também o caso no desporto), sim, estou perfeitamente de acordo. No entanto, é sempre necessário passar um bocado por aí, para ganharmos a capacidade de gerar certos sons com o instrumento. Em resumo, é o treino que nos permite ganhar a capacidade de executar, dando intenção e significado àquilo que se faz. E se isto não é importante para fazer música então não sei o que será?
@@Pedro_MVS_Lima foi só a opinião de um professor de piano do conservatório. E nem descordo totalmente dele, aliás, basta pensar ao contrário: os jogadores de futebol, por exemplo, não dizem "vamos ensaiar futebol".
É tudo muito importante. Conheço muita gente que começou a tocar , sem aulas , todos num jardim de Lisboa , ouvia se o disco e assim se aprendia. Lembro - me de muitos amigos meus hoje famosos e são ou foram grandes guitarristas ( alguns já morreram ) . Naquela época eu só olhava para a bateria , só que nunca aprendi , foi uma época complicada...Hoje a idade já não me deixa chegar lá ...
@@fredericoburnay O que só levanta novamente a questão semântica por onde comecei e a que o Prof. Ricardo Frade também aludiu. As palavras têm o significado que lhes damos, não têm significado em si mesmas. O facto de ser um professor de piano do conservatório poderá e deverá implicar uma certa competência na área da música e do piano mas nada me diz sobre questões semânticas, não sendo por isso que terá nem mais nem menos razão. Quanto aos jogadores de futebol, é a mesma coisa. Tenho a certeza que ensaiam centenas de vezes certas jogadas, as tais ditas "estudadas", não só para treiná-las (o que poderá aprimorar a execução) mas também para verificar que funcionam como pretendido, sendo por isso mesmo um teste, ou um ensaio. Se entendeu e me puder explicar o que o professor de piano quis dizer com aquilo que disse para além da constatação superficial de que certos termos são mais ou menos usados em certas áreas de actividade, agradecia-lhe.
![Megan Thee Stallion - Neva Play (feat. RM) [Official Video]](http://i.ytimg.com/vi/TpYTyAaTRts/mqdefault.jpg)
Tive um professor que dizia que a música não se treina, mas sim ensaia-se ou pratica-se, pois treinar é só para o desporto. Concordas?
É uma questão de semântica. Eu concordo, no entanto às vezes escapa-me e digo "treinar" quando na verdade me refiro a praticar
Confesso que não entendo muito bem a pertinência dessa distinção, pois são coisas completamente diferentes, e mesmo assim discordo que treinar seja só para o desporto. Claro que podemos estar a dar significados diferentes aos termos e antes de dizer que se concorda ou discorda deveria estabelecer-se que de facto se está a falar da mesma coisa.
Treinar qualquer coisa parece-me ser praticar essa coisa até ao ponto em que não seja, ou pelo menos quase que não seja, necessário recorrer ao pensamento consciente para executar essa prática. É, por exemplo, o reflexo de carregar no travão se aparece um peão à frente quando estamos a conduzir um automóvel. É também o conseguir ler sem estar a pensar nos sons que as palavras têm, a escrita passa a ser uma nova linguagem e os conceitos vêm logo à mente sem ser necessário recorrer à fala.
Tudo isto requer uma certa dose de prática até que o nosso cérebro modifique suficientemente as suas ligações internas para passar a simplificar o processo sem passar pelas etapas todas. Se não houvesse essa capacidade o tal peão iria parar ao hospital ou pior até que chegássemos à conclusão "ah sim, devo carregar no travão".
É também treino praticar a linguagem até ao ponto de conseguir formular e entender ideias a partir de um vocabulário, de uma gramática, de uma sintaxe, de um contexto cultural e por aí fora.
Em música, é exactamente a mesma coisa. Se se quer fazer música, deve pensar-se (não necessariamente de forma estruturada, consciente ou intencional) em sons e silêncios e como eles interagem uns com os outros ao longo do tempo. Fazê-lo de forma a criar certos efeitos no ouvinte (sensoriais, emocionais, racionais, etc.) é o que lhe dá expressão, mas também é possível que esses efeitos sejam gerados sem intencionalidade, por exemplo o som do combóio nos carris que nos sugere algo. Também é possível que, apesar de poder haver intenção e expressão, que o destinatário não "apanhe" a mensagem.
Se a ideia do professor nessa distinção era dizer que não se deve decorar coisas apenas por decorar, por exemplo no sentido em que musicalmente serve de pouco estar sempre a praticar os mesmos desenhos de escalas de uma ponta à outra sem lhes dar qualquer intenção ou significado (o que de qualquer forma não seria também o caso no desporto), sim, estou perfeitamente de acordo. No entanto, é sempre necessário passar um bocado por aí, para ganharmos a capacidade de gerar certos sons com o instrumento.
Em resumo, é o treino que nos permite ganhar a capacidade de executar, dando intenção e significado àquilo que se faz. E se isto não é importante para fazer música então não sei o que será?
@@Pedro_MVS_Lima foi só a opinião de um professor de piano do conservatório. E nem descordo totalmente dele, aliás, basta pensar ao contrário: os jogadores de futebol, por exemplo, não dizem "vamos ensaiar futebol".
É tudo muito importante. Conheço muita gente que começou a tocar , sem aulas , todos num jardim de Lisboa , ouvia se o disco e assim se aprendia. Lembro - me de muitos amigos meus hoje famosos e são ou foram grandes guitarristas ( alguns já morreram ) . Naquela época eu só olhava para a bateria , só que nunca aprendi , foi uma época complicada...Hoje a idade já não me deixa chegar lá ...
@@fredericoburnay O que só levanta novamente a questão semântica por onde comecei e a que o Prof. Ricardo Frade também aludiu. As palavras têm o significado que lhes damos, não têm significado em si mesmas. O facto de ser um professor de piano do conservatório poderá e deverá implicar uma certa competência na área da música e do piano mas nada me diz sobre questões semânticas, não sendo por isso que terá nem mais nem menos razão.
Quanto aos jogadores de futebol, é a mesma coisa. Tenho a certeza que ensaiam centenas de vezes certas jogadas, as tais ditas "estudadas", não só para treiná-las (o que poderá aprimorar a execução) mas também para verificar que funcionam como pretendido, sendo por isso mesmo um teste, ou um ensaio.
Se entendeu e me puder explicar o que o professor de piano quis dizer com aquilo que disse para além da constatação superficial de que certos termos são mais ou menos usados em certas áreas de actividade, agradecia-lhe.
Tenho dificuldade em identicar os ritmos.
Igual. Também tenho dificuldade.
A dificuldade está na identificação dos tempos do compasso, por exemplo se é quaternário ou se é ternário, ou é outra coisa?
🫶⭐⭐⭐⭐⭐