Era o final dos anos 70, 1978, 1979, eu tinha 18, 19 anos e ia passar os finais de semana e as férias de trabalho em Delfinopolis. Naqueles tempos a cidade nem era conhecida, acho que nem estava no mapa, tinha menos de 3 mil habitantes, era o fim do mundo mesmo. Eu ficava hospedado na pousada num casarão de duzentos anos da Dona Jupira, uma senhora de mais de 90 anos que gostava muito de mim, ela queria que eu namorasse a neta dela. Essa pousada ficava perto da rodoviária e frente da usina de lacticínios Teixeira que me acordava 5 horas da manhã com o barulho dos latões de leite batendo e sendo esterelizados com jatos de vapor, eu levantava e ia tomar o café da manhã na cozinha onde o café e o leite da roça ja fervia no fogão de lenha, ia no galinheiro no fundo do enorme quintal onde tirava 2 ovos debaixo de uma galinha pra come-los fritos um minuto depois. Depois de moto, uma CG 125 leitoinha eu passava na horta municipal e comprava com algumas poucas moedas um molho de cenouras, rabanetes, beterrabas e rúcula que eu punha numa sacola e ia passar o dia inteiro sozinho tomando sol 🌞 e nadando pelado nas águas geladas dos poços no pé das cachoeiras, comia os vegetais e passava o dia inteiro meditando ao sol das águas, dos pássaros e da natureza. Ao entardecer eu voltava pra pousada onde jantava, ainda nas últimas luzes do dia e, de noite saia à pé pra tomar uma cerveja no bar do Zamor perto da igreja. Cedo eu voltava pra pousada e antes das 21 horas eu já estava na cama lendo algumas paginas do Sagarana do G. Rosa antes de virar apagar as luzes, virar de lado e dormir como um anjo, para no outro dia acordar do mesmo jeito e fazer tudo de novo. A estrada de Cássia-MG pra Delfinopolis era de terra, estreita e ruim, e a balsa era tão pequena que só cabia 6 carros. Uma vez arrumei lá uma namorada, ela era mais velha que eu, professora e filha de um fazendeiro, a gente namorava no escuro no escuro das sombras das arvores que cobriam as luzes dos postes sentados nos bancos perto da rodoviária, aprendi bastante com ela a arte do namoro escondido e dos carinhos no prazer das volúpias amorosas. A cidade alguns anos depois começou a entrar nos interesses dos turistas e a pequena e bucólica "Derfo", "Gancho", para os íntimos, começou a mudar muito rapidamente, o sossego de não se ver nínguem nas ruas depois das 20 horas deu lugar à agitação dos turistas, o Claro foi invadido por turistas vindos às centenas de carros e ônibus, os acampamentos tomaram os melhores lugares, os churrascos e cervejas se incorporaram à tradicional culinária tradicional mineira e mudaram toda a rotina das vendas que viraram bares movimentos, restaurantes por quilo abriram-se por todos os lados, pousadas de temporadas de propriedades de pessoas das grandes cidades e o ritmo do "Derfo" acabou e nunca mais voltou a ser o mesmo, nem mesmo esse nome é pronunciado lá mais. Quando eu ainda passo por lá à de moto à caminho da Serra da Canastra eu me lembro de uma coisa que me marcou muito e vou contar pra vcs. Foi nas primeiras das vezes que eu fui pra lá, eu estava indo de manhã à pé na estrada de terra pro Claro, minha moto havia amanhecido com o pneu murcho, e após uns quilometros me alcançou uma carroça velha com um velho nas rédeas, um menino de uns 12 anos, puxada por uma égua magra e velha. Pedi carona, pararam e eu subi, dia claro e já quente, poeira, rancher de carroça velha, o pocotó da égua sem pressa, o olhar disfarçado do menino pro meu lado e o resto era silêncio e só. Maltrapilhos, descalços e chapéus de palha era o que usavam os dois que eu ia junto. Derreoente, pra quebrar o silêncio e a monotonia da cavalgada enfadonha, eu perguntei ao menino que dia era, ele me olhou, pensou, depois olhou pro velho de pele curtida, camisa aberta de manga, e perguntou pra ele: "que dia é?", o velho olhou pro menino, olhou pra mim, depois olhou pra frente, voltou a olhar pra trás e disse: "sei não"... O menino então me respondeu: "sei não"... Então eu olhei para os contrafortes da serra, o sol me cegando os olhos, e pensei comigo...pra que isso lhes interessaria saber?, ai eu me dei conta que contar os dias, as horas, o tempo, não são coisas importantes pra quem não faz conta do que não interessa saber....
Minha Amada Terra Natal, Amooo!!!!!!❤❤❤❤❤❤
Ótimo trabalho continuar fazendo para mostrar nossos patrimônio da natureza
Amo Delfinopolis!❤
Tope meu amigo passando pra deixa o laike bora voar
Bora voar rsrs
Familiares mora aí muito linda a cidade. Gostei foi aí um vez e vou de novo
Minha terra linda maravilhosa quanta saudade logo logo eu estou aí
Era o final dos anos 70, 1978, 1979, eu tinha 18, 19 anos e ia passar os finais de semana e as férias de trabalho em Delfinopolis.
Naqueles tempos a cidade nem era conhecida, acho que nem estava no mapa, tinha menos de 3 mil habitantes, era o fim do mundo mesmo. Eu ficava hospedado na pousada num casarão de duzentos anos da Dona Jupira, uma senhora de mais de 90 anos que gostava muito de mim, ela queria que eu namorasse a neta dela. Essa pousada ficava perto da rodoviária e frente da usina de lacticínios Teixeira que me acordava 5 horas da manhã com o barulho dos latões de leite batendo e sendo esterelizados com jatos de vapor, eu levantava e ia tomar o café da manhã na cozinha onde o café e o leite da roça ja fervia no fogão de lenha, ia no galinheiro no fundo do enorme quintal onde tirava 2 ovos debaixo de uma galinha pra come-los fritos um minuto depois. Depois de moto, uma CG 125 leitoinha eu passava na horta municipal e comprava com algumas poucas moedas um molho de cenouras, rabanetes, beterrabas e rúcula que eu punha numa sacola e ia passar o dia inteiro sozinho tomando sol 🌞 e nadando pelado nas águas geladas dos poços no pé das cachoeiras, comia os vegetais e passava o dia inteiro meditando ao sol das águas, dos pássaros e da natureza.
Ao entardecer eu voltava pra pousada onde jantava, ainda nas últimas luzes do dia e, de noite saia à pé pra tomar uma cerveja no bar do Zamor perto da igreja.
Cedo eu voltava pra pousada e antes das 21 horas eu já estava na cama lendo algumas paginas do Sagarana do G. Rosa antes de virar apagar as luzes, virar de lado e dormir como um anjo, para no outro dia acordar do mesmo jeito e fazer tudo de novo. A estrada de Cássia-MG pra Delfinopolis era de terra, estreita e ruim, e a balsa era tão pequena que só cabia 6 carros.
Uma vez arrumei lá uma namorada, ela era mais velha que eu, professora e filha de um fazendeiro, a gente namorava no escuro no escuro das sombras das arvores que cobriam as luzes dos postes sentados nos bancos perto da rodoviária, aprendi bastante com ela a arte do namoro escondido e dos carinhos no prazer das volúpias amorosas.
A cidade alguns anos depois começou a entrar nos interesses dos turistas e a pequena e bucólica "Derfo", "Gancho", para os íntimos, começou a mudar muito rapidamente, o sossego de não se ver nínguem nas ruas depois das 20 horas deu lugar à agitação dos turistas, o Claro foi invadido por turistas vindos às centenas de carros e ônibus, os acampamentos tomaram os melhores lugares, os churrascos e cervejas se incorporaram à tradicional culinária tradicional mineira e mudaram toda a rotina das vendas que viraram bares movimentos, restaurantes por quilo abriram-se por todos os lados, pousadas de temporadas de propriedades de pessoas das grandes cidades e o ritmo do "Derfo" acabou e nunca mais voltou a ser o mesmo, nem mesmo esse nome é pronunciado lá mais.
Quando eu ainda passo por lá à de moto à caminho da Serra da Canastra eu me lembro de uma coisa que me marcou muito e vou contar pra vcs.
Foi nas primeiras das vezes que eu fui pra lá, eu estava indo de manhã à pé na estrada de terra pro Claro, minha moto havia amanhecido com o pneu murcho, e após uns quilometros me alcançou uma carroça velha com um velho nas rédeas, um menino de uns 12 anos, puxada por uma égua magra e velha. Pedi carona, pararam e eu subi, dia claro e já quente, poeira, rancher de carroça velha, o pocotó da égua sem pressa, o olhar disfarçado do menino pro meu lado e o resto era silêncio e só. Maltrapilhos, descalços e chapéus de palha era o que usavam os dois que eu ia junto.
Derreoente, pra quebrar o silêncio e a monotonia da cavalgada enfadonha, eu perguntei ao menino que dia era, ele me olhou, pensou, depois olhou pro velho de pele curtida, camisa aberta de manga, e perguntou pra ele: "que dia é?", o velho olhou pro menino, olhou pra mim, depois olhou pra frente, voltou a olhar pra trás e disse: "sei não"...
O menino então me respondeu: "sei não"...
Então eu olhei para os contrafortes da serra, o sol me cegando os olhos, e pensei comigo...pra que isso lhes interessaria saber?, ai eu me dei conta que contar os dias, as horas, o tempo, não são coisas importantes pra quem não faz conta do que não interessa saber....
👏👏👏🙏🙏🙏
Que lindo lugar cercado pelo Rio Grande! Parabéns pelo vídeo 👏👏👏
Até que é grande aí hein qdo fui aí achei que era muito menor do que vi nas imagens
Realmente achei que era menor mesmo. Uma pena que não consegui fazer os passeios nas cachoeiras
@ está ai uma coisa que tenho vontade também e são muitas cachoeiras aii
Parabéns
Terra Natal do meu esposo
Mostra ibiraci brigado
Meu amigo, me diz se existe alguma festa tradicional em Delfinópolis? Quando e qual a data.
Video bem feito. Parabens!
Quero um namorado dessa cidade! Boa noite
Gostei muito linda cidade.