"CAMÕES", Miguel Torga - Soares Teixeira

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  • Опубликовано: 26 авг 2024
  • CAMÕES
    Nem tenho versos, cedro desmedido
    Da pequena floresta portuguesa!
    Nem tenho versos, de tão comovido
    Que fico a olhar de longe tal grandeza.
    Quem te pode cantar, depois do Canto
    Que deste à pátria, que to não merece?
    O sol da inspiração que acendo e que levanto
    Chega aos teus pés e como que arrefece.
    Chamar-te génio é justo, mas é pouco.
    Chamar-te herói é dar-te um só poder.
    Poeta dum império que era louco,
    Foste louco a cantar e louco a combater.
    Sirva, pois, de poema este respeito
    Que te devo e professo,
    Única nau do sonho insatisfeito
    Que não teve regresso!
    Miguel Torga

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