14:19 Sobre o sistema de leitos / triagem: No quarto ou quinto epósidio, um paciente com quadro de dor no peito (de camisa rosa, que crítica a ineficiência e compara o atendimento que está recebendo com "países de terceiro mundo") volta pra recepção, e tem até um diálogo com o enfermeiro, na qual ele pergunta se vai ser "furado novamente", o enfermeiro explica o procedimento com monitoramento de PA, FR, FC e SAT, até aguardar o médico. Ou seja, aos poucos a série vai explicando como funciona o fluxo de atendimento, até pra demonstrar a ineficiência de gestão de PS, nos EUA. E está aí a principal crítica doa seriado: como este sistema totalmente privatizado, não prioriza atendimentos que geram custos altos com baixo lucro. 14:30 E está aí ineficiência de leitos ao meu ver, que vocês comentaram. No primeiro episódio vemos isso logo de cara, no diálogo do Dr. Robby com a diretora do hospítal que cobra índices de satisfação mais altos, para que receba mais "buget" das seguradoras. Ora, a ineficiência vem da falta de equipe, de leitos, resultando em baixa avaliação e, consequentemente, menos orçamento. Menos orçamento, mais serviço precarizado e um ciclo viciado de problemas. Logo, na primeira cena da série, há um diálogo da chefe de enfermagem com o protagonista sobre fechar o PS (já que não dá lucro), para abrir um centro ortopédico. O realismo da série está em fazer uma profunda crítica ao sistema de saúde estadunidense, justamente na ineficiência de leitos e, sobretudo, das seguradoras que, por sua vez, preferem não fornecer tratamento adequado para maximizar margens de lucro.
Cara, comecei a assistir por vocês, hoje, agora, no plantão. Cheguei a chorar no segundo episódio. Concordo 100% que fazer 15 episódios em um plantão é extremamente fora da realidade... mas a agonia que sempre dá é a de sobrecarregado, e essa pegou de um jeito muito mais pessoal do que E.R. Ter um paciente com ME, uma discussão de cuidado paliativo enquanto chega um IAMCSSST não é todo dia, mas acontece, e acontece bastante, e esse é o papel. Eu fiquei muito surpreso quando apareceu o LUCAS e eles falam das PCR 7:30 dos pacientes em asilo, e ele lidou como a gente lida no dia a dia, troca o nome mas a situação é a mesma, muito real. Eu acho que o role que o Daniel colocou pode parecer forçado mesmo, e acho que deveria ser tema da segunda temporada, já é coisa demais pro pessoal querer engolir já no primeiro episódio, mas eu entendo, é um seriado botando à flor da pele o sentimento do show runner, que é emergencista há 30 anos. Só espero que sobre conteúdo pra mais temporadas depois kkkk
23:04 Sobre o lado da político do seriado: Cabe aqui um comentário também, a série é notoriamente uma crítica social ao sistema de saúde americano, extremamente desigual, extremamente ineficaz e todos problemas que sabemos que existem. E ponto. Ela é política. E o pano de fundo pra essa crítica é o PS emergêncial. Não uma série sobre PS emergencial e política como pano de fundo. É o contrário! E a opinião do Dr. Daniel Schubert, está enxergando o inverso e, por isso, ao meu ver erra em dois pontos. Discordo respeitosamente, é claro: 1-) Sobre ser colocado no roteiro de forma superficial. Discordo, veja: no diálogo da diretora do hospital, ela chega no ínicio do dia para falar com seu colaborador (Dr. Robby), irritada com ele, por ter que atender uma paciente, fazendo caras e bocas. Aqui já está uma crítica sutil no roteiro e, diria, que excelente. Enxergar a saúde como um negócio, ela cobra métricas, da mesma maneira que se cobra métricas em uma empresa que precisa vender para sobreviver. Entende a genealidade aqui? Isso não é superficial. É profundo até. No ínicio do dia, como um chefe que chega e quer colocar seus funcionários pra trabalhar. O assédio moral, como foi comentado. Portanto, acho que o Dr. Schubert não pegou essa camada dos roteiristas. 2-) Sobre a paciente com quadro de dor por Anemia falciforme. A cena começa com policiais trazendo uma mulher negra tratando com ataque por abstinência de uso de opióides. Veja, a série é política, em um pano de fundo de PS emergencial, e não o contrário. Não é uma série sobre como tratar quadro de Anemia Falciforme, embora a consultoria médica desta série é feita com esmero, mas usar o quadro clínico pra criticar, como muitos casos de dor nos EUA é tratado como busca por opióides, principalmente, por pessoas negras. Haja vista o problema que o país enfrenta com a crise dos opiódes e o tão presente racismo estrutural. Sei que não vão gostar, mas vou citar, HOUSE M.D., por exemplo, não é uma série sobre medicina, muito pelo contrário, HOUSE é um detetive dedutivo, a lá Sherlock Homes, e os episódios são muito mais sobre psicologia humana do que tratar doenças. Entendem o que quero dizer? Verão política nesta série durante todos os 15 episódios. Não é sobre PS e procedimentos médicos (embora a série tenha isso), é sobre o sistema de saúde americano e como os profissionais de saúde vivem este sistema. PS: Dr. Daniel, gosto de ti, mas tive que discordar. Sou roteirista, e é isso que quero abranger no diálogo. Nada além disso.
14:19 Sobre o sistema de leitos / triagem: No quarto ou quinto epósidio, um paciente com quadro de dor no peito (de camisa rosa, que crítica a ineficiência e compara o atendimento que está recebendo com "países de terceiro mundo") volta pra recepção, e tem até um diálogo com o enfermeiro, na qual ele pergunta se vai ser "furado novamente", o enfermeiro explica o procedimento com monitoramento de PA, FR, FC e SAT, até aguardar o médico. Ou seja, aos poucos a série vai explicando como funciona o fluxo de atendimento, até pra demonstrar a ineficiência de gestão de PS, nos EUA. E está aí a principal crítica doa seriado: como este sistema totalmente privatizado, não prioriza atendimentos que geram custos altos com baixo lucro.
14:30 E está aí ineficiência de leitos ao meu ver, que vocês comentaram. No primeiro episódio vemos isso logo de cara, no diálogo do Dr. Robby com a diretora do hospítal que cobra índices de satisfação mais altos, para que receba mais "buget" das seguradoras. Ora, a ineficiência vem da falta de equipe, de leitos, resultando em baixa avaliação e, consequentemente, menos orçamento. Menos orçamento, mais serviço precarizado e um ciclo viciado de problemas. Logo, na primeira cena da série, há um diálogo da chefe de enfermagem com o protagonista sobre fechar o PS (já que não dá lucro), para abrir um centro ortopédico.
O realismo da série está em fazer uma profunda crítica ao sistema de saúde estadunidense, justamente na ineficiência de leitos e, sobretudo, das seguradoras que, por sua vez, preferem não fornecer tratamento adequado para maximizar margens de lucro.
Cara, comecei a assistir por vocês, hoje, agora, no plantão. Cheguei a chorar no segundo episódio. Concordo 100% que fazer 15 episódios em um plantão é extremamente fora da realidade... mas a agonia que sempre dá é a de sobrecarregado, e essa pegou de um jeito muito mais pessoal do que E.R. Ter um paciente com ME, uma discussão de cuidado paliativo enquanto chega um IAMCSSST não é todo dia, mas acontece, e acontece bastante, e esse é o papel. Eu fiquei muito surpreso quando apareceu o LUCAS e eles falam das PCR 7:30 dos pacientes em asilo, e ele lidou como a gente lida no dia a dia, troca o nome mas a situação é a mesma, muito real. Eu acho que o role que o Daniel colocou pode parecer forçado mesmo, e acho que deveria ser tema da segunda temporada, já é coisa demais pro pessoal querer engolir já no primeiro episódio, mas eu entendo, é um seriado botando à flor da pele o sentimento do show runner, que é emergencista há 30 anos. Só espero que sobre conteúdo pra mais temporadas depois kkkk
23:04 Sobre o lado da político do seriado:
Cabe aqui um comentário também, a série é notoriamente uma crítica social ao sistema de saúde americano, extremamente desigual, extremamente ineficaz e todos problemas que sabemos que existem. E ponto. Ela é política. E o pano de fundo pra essa crítica é o PS emergêncial. Não uma série sobre PS emergencial e política como pano de fundo. É o contrário! E a opinião do Dr. Daniel Schubert, está enxergando o inverso e, por isso, ao meu ver erra em dois pontos. Discordo respeitosamente, é claro:
1-) Sobre ser colocado no roteiro de forma superficial. Discordo, veja: no diálogo da diretora do hospital, ela chega no ínicio do dia para falar com seu colaborador (Dr. Robby), irritada com ele, por ter que atender uma paciente, fazendo caras e bocas. Aqui já está uma crítica sutil no roteiro e, diria, que excelente. Enxergar a saúde como um negócio, ela cobra métricas, da mesma maneira que se cobra métricas em uma empresa que precisa vender para sobreviver. Entende a genealidade aqui? Isso não é superficial. É profundo até. No ínicio do dia, como um chefe que chega e quer colocar seus funcionários pra trabalhar. O assédio moral, como foi comentado. Portanto, acho que o Dr. Schubert não pegou essa camada dos roteiristas.
2-) Sobre a paciente com quadro de dor por Anemia falciforme. A cena começa com policiais trazendo uma mulher negra tratando com ataque por abstinência de uso de opióides. Veja, a série é política, em um pano de fundo de PS emergencial, e não o contrário. Não é uma série sobre como tratar quadro de Anemia Falciforme, embora a consultoria médica desta série é feita com esmero, mas usar o quadro clínico pra criticar, como muitos casos de dor nos EUA é tratado como busca por opióides, principalmente, por pessoas negras. Haja vista o problema que o país enfrenta com a crise dos opiódes e o tão presente racismo estrutural. Sei que não vão gostar, mas vou citar, HOUSE M.D., por exemplo, não é uma série sobre medicina, muito pelo contrário, HOUSE é um detetive dedutivo, a lá Sherlock Homes, e os episódios são muito mais sobre psicologia humana do que tratar doenças. Entendem o que quero dizer? Verão política nesta série durante todos os 15 episódios. Não é sobre PS e procedimentos médicos (embora a série tenha isso), é sobre o sistema de saúde americano e como os profissionais de saúde vivem este sistema.
PS: Dr. Daniel, gosto de ti, mas tive que discordar. Sou roteirista, e é isso que quero abranger no diálogo. Nada além disso.