Amália Rodrigues vol 04 (Luís de Camões) - com que voz, dura memória, alma minha, lianor... (letra)
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- Опубликовано: 5 фев 2025
- 00:03 - Sete anos de pastor
02:43 - Com que voz *
06:03 - Erros meus
10:03 - Dura memória
13:40 - Alma minha
17:19 - Lianor
19:52 - Perdigão
*GESTO DO FADO, Produção EGEAC, Museu do Fado
• GESTO DO FADO | Com qu...
Luís Vaz de Camões (1524-1580) é considerado um dos maiores poetas da língua portuguesa e uma figura central do Renascimento literário em Portugal. É especialmente reconhecido pela sua obra-prima, Os Lusíadas (1572), um poema épico que exalta as descobertas marítimas portuguesas, em particular a viagem de Vasco da Gama para a Índia, combinando elementos de mitologia clássica e história, enquanto glorifica o espírito heroico português. Camões teve uma existência marcada por aventuras, servindo como soldado em África, onde perdeu um olho, e depois na Ásia, passando por locais como Goa e Macau. Para além de Os Lusíadas, destacou-se pela sua poesia lírica, com sonetos, elegias e canções que exploram temas como o amor, a saudade, o destino e a efemeridade da vida, misturando influências renascentistas e medievais, sendo considerado um marco do maneirismo literário português. Camões é hoje um símbolo da cultura e identidade nacional, sendo celebrado no Dia de Portugal, a 10 de junho, e a sua obra continua a ser uma referência incontornável da literatura universal.
__ Sete anos de pastor __
Composição: Carlos Gonçalves / Luís de Camões
Sete anos de pastor Jacob servia
Labão, pai de Raquel, serrana bela;
Mas não servia ao pai, servia a ela,
E a ela só por prémio pretendia.
Os dias, na esperança de um só dia,
Passava, contentando-se com vê-la;
Porém o pai, usando de cautela,
Em lugar de Raquel lhe dava Lia.
Vendo o triste pastor que com enganos
Lhe fora assim negada a sua pastora,
Como se a não tivera merecida;
Começa de servir outros sete anos,
Dizendo: - Mais servira, se não fora
Para tão longo amor tão curta a vida!
__ Com que voz __
Composição: Alain Oulman / Luís de Camões
Com que voz chorarei meu triste fado,
que em tão dura paixão me sepultou.
Que mor não seja a dor que me deixou
o tempo, de meu bem desenganado.
Mas chorar não estima neste estado
aonde suspirar nunca aproveitou.
Triste quero viver, pois se mudou
em tristeza a alegria do passado.
Assim a vida passo descontente,
ao som nesta prisão do grilhão duro
que lastima ao pé que a sofre e sente.
De tanto mal, a causa é amor puro,
devido a quem de mim tenho ausente,
por quem a vida e bens dele aventuro.
__ Dura memória __
Composição: Alain Oulman / Luís de Camões
Memória do meu bem cortado em flores
por ordem de meus tristes e maus fados
deixai-me descansar com meus cuidados
nesta inquietação dos meus amores.
Basta-me o mal presente e os temores
dos sucessos que espero infortunados
sem que venham de novo bens passados
à afrontar meu repouso com suas dores.
Perdi e mora tudo quanto em termos
tão vagarosos e largos alcancei
deixai-me com as lembranças desta glória
Cumpre-se e acaba a vida nestes zelos
porque neles com meu baile a acabarei
mil vidas não, uma só dura memória.
__ Alma minha __
Composição: Carlos Gonçalves / Luís de Camões
Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida descontente,
Repousa lá no Céu eternamente,
E viva eu cá na terra sempre triste.
Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.
E se vires que pode merecer-te
Alguma cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,
Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.
__ Lianor __
Composição: Alain Oulman / Luís de Camões
Descalça vai para a fonte
Lianor pela verdura;
Vai fermosa, e não segura.
Leva na cabeça o pote,
O testo nas mãos de prata,
Cinta de fina escarlata,
Sainho de chamelote;
Traz a vasquinha de cote,
Mais branca que a neve pura.
Vai fermosa e não segura.
Descobre a touca a garganta,
Cabelos de ouro entrançado
Fita de cor de encarnado,
Tão linda que o mundo espanta.
Chove nela graça tanta,
Que dá graça à fermosura.
Vai fermosa e não segura.
__ Perdigão __
Composição: Alain Oulman / Luís de Camões
Perdigão perdeu a pena
Não há mal que lhe não venha.
Perdigão que o pensamento
Subiu a um alto lugar,
Perde a pena do voar,
Ganha a pena do tormento.
Não tem no ar nem no vento
Asas com que se sustenha:
Não há mal que lhe não venha.
Quis voar a u~a alta torre,
Mas achou-se desasado;
E, vendo-se depenado,
De puro penado morre.
Se a queixumes se socorre,
Lança no fogo mais lenha:
Não há mal que lhe não venha.
“Música feita em Portugal”
Criei este canal apenas para divulgar a música nacional, a língua portuguesa e a cultura lusófona. A seleção do repertório retrata uma opção estética meramente pessoal… Como não pretendo ganhar qualquer dinheiro com os vídeos, todos os benefícios são rentabilizados pelos “proprietários dos direitos de autor”.
Exelente!!!
Luís Vaz de Camões por Amália Rodrigues
00:03 - Sete anos de pastor
02:43 - Com que voz
06:03 - Erros meus
10:03 - Dura memória
13:40 - Alma minha
17:19 - Lianor
19:52 - Perdigão
A VOZ que Luís de Camões merece... "Com que voz chorarei meu triste fado"🎤👋🎤
❤
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Sin duda, AMALIA, nació para dar voz,a Luis de Camoes.Una joya de vídeo, gracias Portuscalept.
Obrigado pelo comentário, maricruzllanezafernandez! Sem dúvida, Amália Rodrigues deu uma dimensão única à poesia de Luís de Camões, transformando-a em algo ainda mais universal e atemporal. A sua voz e interpretação intensificaram a beleza dos versos camonianos, criando uma ligação profunda entre a literatura e a música. Um grande abraço e até breve!!!