Lista de anti-heróis sem Catherine e Heathcliff????!!!!kkkkkkk Fiquei surpresa de não ver meu livro preferido de toda a vida nessa lista. Amo odiar O Morro dos Ventos Uivantes. ❤❤❤❤ Amei a lista! Só li os dois primeiros que foram mencionados. Preciso conhecer os outros.
@@brunaelivros_ Releio este livro todo ano. Sempre encontro algo novo. Não consigo entender minha obsessão pela história.kkkkkk Devo ter absorvido parte da complexidade e loucura deles.kkkk
Vídeo perfeito conteúdo de qualidade.O ser humano é uma figura ambígua, que oscila entre a bondade e a maldade, com a moralidade sendo mais um campo de tensões do que uma linha reta. O anti-herói, como símbolo dessa complexidade, reflete a ideia de que ninguém é totalmente bom ou totalmente mau. Nossas ações, muitas vezes motivadas por amor ou desejo de proteger, podem, em certos contextos, ser moralmente questionáveis. A ética não é absoluta, mas depende da perspectiva de quem observa. Cada escolha nossa, em um momento, pode ser vista como virtuosa ou vil, dependendo do prisma que adotamos, revelando a constante dança entre luz e sombra que define nossa humanidade.
Boa tarde Bruna! Adorei a temática desse vídeo e gostei mais ainda pelo fato de você ter incluído na lista dos seus anti heróis favoritos o Mersault. Tem uma perspectiva interessante para pensarmos a frieza do protagonista de "O Estrangeiro", já faz 15 anos que li esse livro, e lembro que na época minha percepção acerca do comportamento do Mersault era só a de um cara estranho se envolvendo com um pessoal mais estranho ainda, mas hoje eu percebo que para além do distanciamento emocional do protagonista com relação à sua mãe, algumas das atitudes do Mersault poderiam ser reflexo de um estresse pós traumático que ele só foi se dar conta do tamanho da encruzilhada em que havia se metido, quando ele desperta desse torpor das várias merdas que ele faz depois que a mãe falece, era como se o desprezo pelas pessoas, o fato de que ele ia se acostumando até mesmo com as coisas ruins, e isso fica evidente quando ele se adapta sem muito esforço à prisão, rejeita um defensor público e se irrita com o desespero dos outros encarcerados, como uma busca por algum tipo de emoção que ele só encontra e compreende quando já é tarde demais e isso é fascinante na construção desse processo de letargia que muitas vezes as pessoas são acometidas depois de passar por uma situação limite. E uma anti heroína que eu gosto muito e eu não sei se as pessoas enxergam ela dessa forma, é a Eponine de "Os Miseráveis". Eu acho a personalidade dela extremamente intrigante.
acabei de conhecer o canal e já amei. fiquei pensando que o anti-herói pode ser aquele que nos dá vergonha por nos provocar identificação. terminei faz pouco a leitura de madame bovary e, ao discutir o livro com um menino que eu gosto, percebi que ele despreza essa personagem e fiquei constrangido de confessar que eu não só senti compaixão por ela como algumas vezes me senti como ela tbm.
Oi, Pedro. Seja muito bem-vindo ao canal! Espero que goste dos vídeos :) Pois acho que não deveria se envergonhar, isso que você falou da identificação não é necessariamente porque você se vê idêntico à ela, ou que faria o que ela fez, pode ser também sobre a questão de uma falha, que é natural do ser humano. Isso nos atrai porque é exatamente o que está atrelado aos nossos dias. Muitas pessoas ainda leem livros para se afastar da sua realidade, como a própria Emma. Mas uma hora, cai em uma frustração em detrimento da ideia muito distante da que você vive. Isso é impossível de escapar. Nós ficamos exaustos com a repetição dessas leituras que não trazem uma solução que talvez você busque, uma hora precisamos nos alimentar de diferentes ideias e identificações, faz parte.
Bruna, amei o vídeo! Sou uma grande fã de anti-heróis e queria compartilhar alguns dos meus favoritos. ❤️ Vou deixar de lado Raskólnikov e Heathcliff, já que são mais óbvios, e focar literatura brasileira. Para mim, Machado de Assis é mestre em criar anti-heróis, e aqui estão três exemplos que me fascinam. Começando por Brás Cubas, ele é o retrato perfeito do niilismo e ceticismo. Sua maneira de lidar com a vida e a morte sem envolvimento emocional é intrigante. A ironia de sua existência nos faz refletir sobre a futilidade da vida. Acho que podemos até comparar com Bazarov de Pais e Filhos, de Turgueniev, que também é frio, cínico e rejeita os valores antigos. Já Rubião tem grande potencial trágico. Sua ingenuidade ao herdar a fortuna de Quincas Borba e acreditar nas pessoas o coloca em uma posição vulnerável, sendo explorado e perdendo a sanidade. A transição de um homem simples para um homem de ilusões e perdas é dolorosa e nos mostra como ambição e confiança ingênua podem ser fatais. Por fim, o meu favorito: Bentinho. Sua complexidade psicológica me fascina. A grande ironia é que, sendo advogado, ele se apega a uma visão distorcida e nunca busca provas concretas contra Capitu. Seu ciúmes destrutivo o consome, o que me lembra Heathcliff, com sua obsessão e amor distorcido. Se ele tivesse ido mais ao extremo, talvez fosse como o protagonista de A Sonata Kreutzer. Ao contrário de outros anti-heróis, Bentinho tenta desesperadamente manter as aparências sociais (como o ex-marido de Anna Kariênina), mandando Capitu e Ezequiel para a Europa para sustentar um casamento que ele já não acreditava, mas que ainda queria proteger aos olhos da sociedade.
Eu estava aguardando um comentário sobre os personagens machadianos por aqui HAHAHAHAHA Excelente! Ano passado lemos no clube Sonata, e é muito bom comparar esse personagem com o Bentinho.
O termo "herói", em última análise, é a expressão conceitual uma "ideia polissêmica", ou seja, há uma infinidade de sentidos possíveis (e muitas vezes contraditórios) em que esse termo pode ser empregado, cada um implicando em um significado diferente a se tomar, tanto pelo emissor, quanto pelo receptor..., eu particularmente não gosto do conceito moderno de herói, aquele em que se associa o heroísmo a uma ideia de busca pelo "bem absoluto", ou um compromisso inalienável com uma "moral superior"..., eu prefiro muito mais o conceito antigo/clássico de herói, aquele que associa o heroísmo a uma capacidade sui generis que alguns indivíduos têm de realizarem "grandes feitos", ou seja, de destacarem suas ações para além do horizonte das pessoas comuns! Obs. Partindo-se dessa perspectiva, o conceito positivo ou negativo que esses personagens têm está ligado ao papel que eles exercem para "fazer cumprir o destino", independentemente das suas ações e intenções, os heróis tomam um bom ou um mau conceito a partir da posição em que se colocam para cumprir um dado vaticinio divino, vide os casos de Prometeu, Tiresias, Sísifo e Asclépio dentro da mitologia grega, ou o caso da pobre rainha Dido dentro da mitologia romana. Vejamos que por esse sentido a maioria dos heróis clássicos da mitologia, como Jasão, Teseu, Paris, Enéias, Hércules e tantos outros, foram repetidas vezes profundamente anti-éticos, injustos e até canalhas!! Dentro dessa temática, os "personagens heróicos" da Bíblia como Lot, Jacó, Sansão e o rei Davi (apenas para citar alguns) também apresentaram o mesmo padrão, cometendo injustiças, canalhices e trapaças e ainda assim acabaram sendo considerados "modelos a seguir", comprovando que o conceito antigo de herói, era bem diferente do moderno. Dentro dessa perspectiva, o conceito de "anti-herói", vai seguir a mesma dinâmica, ou seja, representará também, por sua vez, uma ideia polissêmica, por um lado teremos um anti-herói moderno, em que tendo o personagem assumido o protagonismo irá apresentar um "conflito moral" dentro de suas ações (mostrando uma alma propensa a diferentes inclinações), conflito esse que passa a ter valor determinante para a resolução do conflito envolto no mote da história e; por outro, teremos um "conceito antigo" de anti-herói, apesar desse não ser profundamente explorado dentro da mitologia e do folclore antigo, pode ser claramente identificado na representação das "pessoas comuns", ou seja, no pensamento antigo o anti-herói era muitas vezes "coletivo" (no teatro eles eram habilmente representados na figura do coro, que por vezes se contrapõe ao herói), seja o povo que murmura contra Moisés no êxodo, seja a tripulação da na nave de Ulisses que tomada pela curiosidade e ganância abre o saco em que Eólo (deus dos ares) havia aprisionado os ventos sul, norte e leste, etc., nessa perspectiva o anti-heroísmo não é propriamente uma contraposição de ações, mas uma antítese de espírito, onde mesmo ajudando ao herói (ao invés de o atrapalhar), e atendendo ao vaticinio dos deuses, estes não são levados a ações extraordinárias, sendo muitas vezes impelidos à ação justamente em função dos feitos incomuns que nascem da "natureza heróica" do herói. Obs. No entanto, há também casos em que o anti-herói antigo é individual, por exemplo, na famosa cena de prisão de Jesus, Pedro se comporta claramente como um anti-herói, primeiro arrancando a orelha de um dos guardas do templo com uma espada (uma ação, furiosa, corajosa, mas comum, puramente humana), depois covardemente negando suas relações com Jesus por três vezes nas intermediações da casa de Caifás (uma ação covarde e vexatória, mas também comum e puramente humana); já na mitologia grega temos a figura quase cômica do rei Euristeu, primo de Hércules, que tomado de assombro e pavor, se esconde dentro de uma ânfora quando este lhe traz o famoso Javali de Erimanto! Em resumo, e de forma geral, independentemente do conceito que se possa dar aos heróis e anti-heróis, eu sou mais inclinado a me interessar por estes últimos, seja por sua complexidade, seja pela identificação que suas reações comezinhas são capazes de me provocar...
@rodiney70 justamente! Esse ponto, inclusive, me lembra o épico de Gilgamesh, talvez o relato mais antigo que nós temos a respeito de uma figura heróica em toda a história! Gilgamesh inicia o seu épico como um poço de vícios! Ele oprime os homens, se aproveita das mulheres, não teme aos deuses, etc., no entanto, ele finaliza sua história como um rei justo para com os homens, piedoso para com os deuses e e auto-realizado para consigo próprio.
@gheographus159 lembra bastante como Dostoiévski conduz seus romances maiores em que seus personagens sempre são pessoas degradadas que no final encontram refúgio na utopia cristã.
ANTI-ANTI Anti-heróis fazem parte da minoria Que trazem a poesia Para a maioria Dos coadjuvantes medíocres. Bruna e Livros fica com a cara ocre De vergonha Se a leitura é vulgar. Ela não pode aceitar Uma leitura que seja medonha. Quem não gosta de personagem Que muda a abordagem. Poeta que não é do contra É pior que uma lontra. Musas amam os patifes. Sou do time do Heathcliff. TELLY S.M POETA DO CANAL
Gostei muito, incluiria Heatcliff
pensei nele também assim que ela começou o vídeo
Sim, Lara! Esse é um clássico anti-herói :)
Vamos para mais uma aventura 😊 adorei o tema
😍😍😍
Lista de anti-heróis sem Catherine e Heathcliff????!!!!kkkkkkk Fiquei surpresa de não ver meu livro preferido de toda a vida nessa lista. Amo odiar O Morro dos Ventos Uivantes. ❤❤❤❤
Amei a lista! Só li os dois primeiros que foram mencionados. Preciso conhecer os outros.
Bru, não quis ser óbvia demais 😂😂😂😂
Eu imaginei que alguém ia cita-los por aqui 😂😂😂
@@brunaelivros_ 😂😂😂😂😂😂😂
@@brunaelivros_ Releio este livro todo ano. Sempre encontro algo novo. Não consigo entender minha obsessão pela história.kkkkkk Devo ter absorvido parte da complexidade e loucura deles.kkkk
Otimo video!! ❤
Me lembrei logo dos Capitães da areia, acho que eles tambem seriam considerados anti-herois.
Inclusive amo esse livro!!
Excelente lembrança, muito bom!
Sim, Amanda! Com certeza!
Perfeição de lista, só os melhores! O casal Scarlett o'Hara e Rhett Butler também podia fazer parte desse time. Bom domingo, Bruninha! ❤️
E o vento levou... inesquecível!
Certamente, Denise! Essa personagem é muito legal ❤
Vídeo perfeito conteúdo de qualidade.O ser humano é uma figura ambígua, que oscila entre a bondade e a maldade, com a moralidade sendo mais um campo de tensões do que uma linha reta. O anti-herói, como símbolo dessa complexidade, reflete a ideia de que ninguém é totalmente bom ou totalmente mau. Nossas ações, muitas vezes motivadas por amor ou desejo de proteger, podem, em certos contextos, ser moralmente questionáveis. A ética não é absoluta, mas depende da perspectiva de quem observa. Cada escolha nossa, em um momento, pode ser vista como virtuosa ou vil, dependendo do prisma que adotamos, revelando a constante dança entre luz e sombra que define nossa humanidade.
Comentário impecável, excelente!
@rodiney70 Muito obrigado...O conteúdo desse canal e uma pérola preciosa.
Perfeito, Daniel! Você sempre acrescenta aqui nos comentários e tudo o que diz é excelente! Muito obrigada ❤
Boa tarde Bruna!
Adorei a temática desse vídeo e gostei mais ainda pelo fato de você ter incluído na lista dos seus anti heróis favoritos o Mersault. Tem uma perspectiva interessante para pensarmos a frieza do protagonista de "O Estrangeiro", já faz 15 anos que li esse livro, e lembro que na época minha percepção acerca do comportamento do Mersault era só a de um cara estranho se envolvendo com um pessoal mais estranho ainda, mas hoje eu percebo que para além do distanciamento emocional do protagonista com relação à sua mãe, algumas das atitudes do Mersault poderiam ser reflexo de um estresse pós traumático que ele só foi se dar conta do tamanho da encruzilhada em que havia se metido, quando ele desperta desse torpor das várias merdas que ele faz depois que a mãe falece, era como se o desprezo pelas pessoas, o fato de que ele ia se acostumando até mesmo com as coisas ruins, e isso fica evidente quando ele se adapta sem muito esforço à prisão, rejeita um defensor público e se irrita com o desespero dos outros encarcerados, como uma busca por algum tipo de emoção que ele só encontra e compreende quando já é tarde demais e isso é fascinante na construção desse processo de letargia que muitas vezes as pessoas são acometidas depois de passar por uma situação limite.
E uma anti heroína que eu gosto muito e eu não sei se as pessoas enxergam ela dessa forma, é a Eponine de "Os Miseráveis". Eu acho a personalidade dela extremamente intrigante.
Que análise interessante...
Excelente! Exatamente isso, não importa o que passaram, eles trazem algo que intriga!
acabei de conhecer o canal e já amei. fiquei pensando que o anti-herói pode ser aquele que nos dá vergonha por nos provocar identificação. terminei faz pouco a leitura de madame bovary e, ao discutir o livro com um menino que eu gosto, percebi que ele despreza essa personagem e fiquei constrangido de confessar que eu não só senti compaixão por ela como algumas vezes me senti como ela tbm.
Oi, Pedro. Seja muito bem-vindo ao canal! Espero que goste dos vídeos :)
Pois acho que não deveria se envergonhar, isso que você falou da identificação não é necessariamente porque você se vê idêntico à ela, ou que faria o que ela fez, pode ser também sobre a questão de uma falha, que é natural do ser humano. Isso nos atrai porque é exatamente o que está atrelado aos nossos dias.
Muitas pessoas ainda leem livros para se afastar da sua realidade, como a própria Emma. Mas uma hora, cai em uma frustração em detrimento da ideia muito distante da que você vive. Isso é impossível de escapar. Nós ficamos exaustos com a repetição dessas leituras que não trazem uma solução que talvez você busque, uma hora precisamos nos alimentar de diferentes ideias e identificações, faz parte.
Sensacional!!!
Muito obrigada ❤
Gostei do seu novo microfone eu quero ver a Bruna de perto 😊
Obrigada, Eunice :)
Adorei o vídeo! Quem sabe agora eu crio coragem e leia madame bovarry
Leia, mas leia imediatamente e depois vem aqui nos contar...😀
Por favor, Ana ❤
Bruna, amei o vídeo! Sou uma grande fã de anti-heróis e queria compartilhar alguns dos meus favoritos. ❤️
Vou deixar de lado Raskólnikov e Heathcliff, já que são mais óbvios, e focar literatura brasileira.
Para mim, Machado de Assis é mestre em criar anti-heróis, e aqui estão três exemplos que me fascinam.
Começando por Brás Cubas, ele é o retrato perfeito do niilismo e ceticismo. Sua maneira de lidar com a vida e a morte sem envolvimento emocional é intrigante. A ironia de sua existência nos faz refletir sobre a futilidade da vida. Acho que podemos até comparar com Bazarov de Pais e Filhos, de Turgueniev, que também é frio, cínico e rejeita os valores antigos.
Já Rubião tem grande potencial trágico. Sua ingenuidade ao herdar a fortuna de Quincas Borba e acreditar nas pessoas o coloca em uma posição vulnerável, sendo explorado e perdendo a sanidade. A transição de um homem simples para um homem de ilusões e perdas é dolorosa e nos mostra como ambição e confiança ingênua podem ser fatais.
Por fim, o meu favorito: Bentinho. Sua complexidade psicológica me fascina. A grande ironia é que, sendo advogado, ele se apega a uma visão distorcida e nunca busca provas concretas contra Capitu. Seu ciúmes destrutivo o consome, o que me lembra Heathcliff, com sua obsessão e amor distorcido. Se ele tivesse ido mais ao extremo, talvez fosse como o protagonista de A Sonata Kreutzer. Ao contrário de outros anti-heróis, Bentinho tenta desesperadamente manter as aparências sociais (como o ex-marido de Anna Kariênina), mandando Capitu e Ezequiel para a Europa para sustentar um casamento que ele já não acreditava, mas que ainda queria proteger aos olhos da sociedade.
Que comentário interessante, muito bom. Bazarov se diz niilista, mas é capturado pela arapuca de cupido...☺
Bem lembrado @@rodiney70 😂 O que uma desilusão não faz?! Hahaha
Eu estava aguardando um comentário sobre os personagens machadianos por aqui HAHAHAHAHA
Excelente!
Ano passado lemos no clube Sonata, e é muito bom comparar esse personagem com o Bentinho.
💞💞💞💞
Eu conheço um anti herói Frederick nity😅
Sinto amor e ódio pelo Conde Vronsky.
💐🙏♥️📚☕
O termo "herói", em última análise, é a expressão conceitual uma "ideia polissêmica", ou seja, há uma infinidade de sentidos possíveis (e muitas vezes contraditórios) em que esse termo pode ser empregado, cada um implicando em um significado diferente a se tomar, tanto pelo emissor, quanto pelo receptor..., eu particularmente não gosto do conceito moderno de herói, aquele em que se associa o heroísmo a uma ideia de busca pelo "bem absoluto", ou um compromisso inalienável com uma "moral superior"..., eu prefiro muito mais o conceito antigo/clássico de herói, aquele que associa o heroísmo a uma capacidade sui generis que alguns indivíduos têm de realizarem "grandes feitos", ou seja, de destacarem suas ações para além do horizonte das pessoas comuns!
Obs. Partindo-se dessa perspectiva, o conceito positivo ou negativo que esses personagens têm está ligado ao papel que eles exercem para "fazer cumprir o destino", independentemente das suas ações e intenções, os heróis tomam um bom ou um mau conceito a partir da posição em que se colocam para cumprir um dado vaticinio divino, vide os casos de Prometeu, Tiresias, Sísifo e Asclépio dentro da mitologia grega, ou o caso da pobre rainha Dido dentro da mitologia romana.
Vejamos que por esse sentido a maioria dos heróis clássicos da mitologia, como Jasão, Teseu, Paris, Enéias, Hércules e tantos outros, foram repetidas vezes profundamente anti-éticos, injustos e até canalhas!! Dentro dessa temática, os "personagens heróicos" da Bíblia como Lot, Jacó, Sansão e o rei Davi (apenas para citar alguns) também apresentaram o mesmo padrão, cometendo injustiças, canalhices e trapaças e ainda assim acabaram sendo considerados "modelos a seguir", comprovando que o conceito antigo de herói, era bem diferente do moderno.
Dentro dessa perspectiva, o conceito de "anti-herói", vai seguir a mesma dinâmica, ou seja, representará também, por sua vez, uma ideia polissêmica, por um lado teremos um anti-herói moderno, em que tendo o personagem assumido o protagonismo irá apresentar um "conflito moral" dentro de suas ações (mostrando uma alma propensa a diferentes inclinações), conflito esse que passa a ter valor determinante para a resolução do conflito envolto no mote da história e; por outro, teremos um "conceito antigo" de anti-herói, apesar desse não ser profundamente explorado dentro da mitologia e do folclore antigo, pode ser claramente identificado na representação das "pessoas comuns", ou seja, no pensamento antigo o anti-herói era muitas vezes "coletivo" (no teatro eles eram habilmente representados na figura do coro, que por vezes se contrapõe ao herói), seja o povo que murmura contra Moisés no êxodo, seja a tripulação da na nave de Ulisses que tomada pela curiosidade e ganância abre o saco em que Eólo (deus dos ares) havia aprisionado os ventos sul, norte e leste, etc., nessa perspectiva o anti-heroísmo não é propriamente uma contraposição de ações, mas uma antítese de espírito, onde mesmo ajudando ao herói (ao invés de o atrapalhar), e atendendo ao vaticinio dos deuses, estes não são levados a ações extraordinárias, sendo muitas vezes impelidos à ação justamente em função dos feitos incomuns que nascem da "natureza heróica" do herói.
Obs. No entanto, há também casos em que o anti-herói antigo é individual, por exemplo, na famosa cena de prisão de Jesus, Pedro se comporta claramente como um anti-herói, primeiro arrancando a orelha de um dos guardas do templo com uma espada (uma ação, furiosa, corajosa, mas comum, puramente humana), depois covardemente negando suas relações com Jesus por três vezes nas intermediações da casa de Caifás (uma ação covarde e vexatória, mas também comum e puramente humana); já na mitologia grega temos a figura quase cômica do rei Euristeu, primo de Hércules, que tomado de assombro e pavor, se esconde dentro de uma ânfora quando este lhe traz o famoso Javali de Erimanto!
Em resumo, e de forma geral, independentemente do conceito que se possa dar aos heróis e anti-heróis, eu sou mais inclinado a me interessar por estes últimos, seja por sua complexidade, seja pela identificação que suas reações comezinhas são capazes de me provocar...
Há também a perspectiva que o herói é herói justamente por trazer em si tanto a virtude quanto o vício em demasia.
@rodiney70 justamente! Esse ponto, inclusive, me lembra o épico de Gilgamesh, talvez o relato mais antigo que nós temos a respeito de uma figura heróica em toda a história! Gilgamesh inicia o seu épico como um poço de vícios! Ele oprime os homens, se aproveita das mulheres, não teme aos deuses, etc., no entanto, ele finaliza sua história como um rei justo para com os homens, piedoso para com os deuses e e auto-realizado para consigo próprio.
@gheographus159 lembra bastante como Dostoiévski conduz seus romances maiores em que seus personagens sempre são pessoas degradadas que no final encontram refúgio na utopia cristã.
@@rodiney70 sem dúvida!
Caramba! Que baita comentário! Deu uma aula aqui, excelente, meu amigo!
Quando se fala de anti-herói só lembro de Macunaíma.
Excelente lembrança, talvez nosso maior anti-herói.
Perfeito!
ANTI-ANTI
Anti-heróis fazem parte da minoria
Que trazem a poesia
Para a maioria
Dos coadjuvantes medíocres.
Bruna e Livros fica com a cara ocre
De vergonha
Se a leitura é vulgar.
Ela não pode aceitar
Uma leitura que seja medonha.
Quem não gosta de personagem
Que muda a abordagem.
Poeta que não é do contra
É pior que uma lontra.
Musas amam os patifes.
Sou do time do Heathcliff.
TELLY S.M
POETA DO CANAL
Nosso poeta sempre certeiro!