Profundamente marcada por essa experiência....gostaria de saber "e quando não se tem esses rumores, essas ranhuras rupestres, mas apenas silêncio... é o autismo, a psicose?
Incrível, estou estudando a análise do discurso pecheutiana e me deparei com uma dúvida sobre lalangue no livro de Eni Orlandi "as formas do silencio" e percebi que o cerne de tal expressão é muita profunda além de magnifica!
Meu caro Alexandre, gostaria de interpor alguns comentários sobre este vídeo, o intuito é de aprimorar minha própria formação analisando esta que você apresenta, ora contrapondo ora elaborando de outro referencial. Vale ressaltar que sua posição é parelha às ostentadas dentro dos cursos de formação em psicanálise, ou seja, o que é transmitido de forma inconsistente e repletas de vícios de leitura que curiosamente se propagam. Fazendo uma análise técnica do tema que propõe no vídeo, é nítido a falta de referência em relação à Ontologia (grega, moderna, contemporâneo) à Ciência da linguagem, e às atualizações conceituais inerente à flexão da cartografia conceitual de Lacan nos anos 60. Lalangue será uma tardia consequência conceitual desta flexão, e se perdemos de vista do que exatamente Lacan flexionou, perderemos o próprio escopo e motivação que darão corpo ao conceito de lalangue. O que propôs, ao meu ver, é uma aproximação da lalangue com a ideia de fonema e também de metalinguagem. Fonemas são também ranhuras, possuem materialidade e estranheza, não se reduz ao significante, são fundos primitivos da linguagem, são inscrições de algo da linguagem sobre nós todos, e isolados não constituem unidades de sentido. O que realmente a lalangue toca é uma dimensão da linguagem além da estrutural. Não está além da língua, está além de uma língua sistematizada em que o valor dos objetos é dado pelo lugar que eles ocupam dentro de uma estrutura simbólica. Por favor muito zelo ao abordar as civilizações neolítica e paleolítica da forma como o fez, são temas sem qualquer definição científica dentro do pensamento humano, quando menciona as ranhuras de tais desenhos está tocando na qualidade de produção mágico/animistas da produção figurativa dos paleolíticos, aquilo são marcas reais de lutas entre o homem e a imagem. O homem daquela época 30 mil A.C não possuía linguagem oral ou escrita), ele não distinguia o desenho da realidade, e quando via um animal na rocha tentava caçá-lo como o próprio animal solto na natureza. O ponto central da lalangue é a inferência que faz Lacan quando percebe que a linguagem deixa de ser um sistema de representação e passa a ser, também, um sistema de atos performativos. Em termos corretos, estes são os atos locucionários e ilocucionários. Quando propõe que Lalangue está fora do sentido você invariavelmente atribui a mesma uma existência negativa, chamo atenção que é justamente o contrário, uma vez apartada da lógica do sentido e da produção estrutural da língua entre significante/significado e suas relações esquemáticas, lalangue aparece como simulacro. Para Hegel e depois Lacan, o simulacro é obra do sofista, ele é justamente uma atribuição de linguagem que ajuda a inverter os aspectos ontológicos pautado na lógica de inversão simples (aparência/essência, forma/conteúdo, significante/significado e por fim, fálico/castrado). O que está implicado dentro da filosofia da linguagem e da relação ontológica e epistemológica diante uma linguagem que não é mais apenas vista como representação? Eu respondo, há uma ruptura no paradigma e na lógica da Intersubjetividade. Em termos conceituais, significa deixar todo o aparato do pensamento kantiano, que nutre grande parte do programa do pensamento do século XX (Freud, Lévis-Strauss, os estruturalistas, crítica de arte, da Psicologia do desenvolvimento e cognitivista, e de Lacan até o seminário VI), e embutir, no plano epistemológico da linguagem, esta lalangue que é a inclusão do porvir e do inesperado, do “ainda não” que caracterizará a nova noção de inconsciente, basta lembrarmos da reformulação do próprio Lacan em “o inconsciente é uma saber-fazer com a lalangue”. Para resumir, Lalangue é um movimento de subversão à história da linguagem pois ela fratura e destitui o referente e o signo, logo, também destitui ou deslegitima a noção de sujeito dotado de identidade e poder de representação, o que Lacan quer é aproximá-la a algo como o Real contido na língua. Já escrevi em outro comentário de um vídeo seu às obstruções sobre o Real que sua leitura apresentou. Por exemplo, a linguagem na arte contemporânea conceitual (não traduzível ou semiotizada) tem a “consistência” do Real, pois ela é, em suas manifestações, uma linguagem performática e não representativa, produz uma marca naquele indivíduo que acompanha uma obra ou uma performance, uma marca que se traduz como um transe, é o “pharmacon”. Ou seja, a incidência que a linguagem tem sobre nós todos é esta linguagem que faz ato. Quando um homem vai batizar um barco novo quebrando uma garrafa, ele fala: “eu te batizo barco fulano de tal” este dizer não possui dignidade significativa, mas dignidade performática. Interessante neste momento, que encontrará entre o seminários XI e XII, a diferença em que Lacan pronuncia, inicialmente dizendo que “o psicanalista é a presença de Sócrates em nossa época, para no seminário XII, dizer “ o psicanalista é a presença do Sofista em nossa época” ou seja, àquele que trabalha tanto os termos lógicos de onde se produzem sentidos, quanto às dimensões expandidas de uma linguagem que torna-se um “saber-fazer” contido, inclusive, na produção subjetiva do inconsciente.
Encantada prof Alexandre ..Belissima sua exposição de linguagens,( sons, imagens etc)... Sou estadante de psicanalise, ainda nao estudei a obra de Lacan (só superficial ou nao oficialmente, na formação), Mas atraves dos seus videos. (gratidão) Completamente apaixonada por Lacan.... Apesar de reconhecer todo o mérito de Freud , como a cabeça da Psicanalise.
Bom dia Alexandre kkkk agora vc pegou pesado , mas faz todo sentido . O dificil para mim é pensar em algo ate mesmo antes de se formar . Obrigado por me tirar o susego . BEJOS .PARABENS vc sempre na frente.
Parabéns pelo vídeo e pelo tema Alexandre! Entretanto fiquei com uma dúvida: Seria lalangue anterior a letra? Em um dado momento do vídeo me pareceu que lalangue e letra seriam a mesma coisa, apesar de no meu entender, acreditar que sāo conceitos diferentes...Não seria interessante realizar um vídeo aprofundando aquilo que faz diferença entre os conceitos de letra e lalangue? Fica aí a sugestāo! :)
Fascinante! Sobretudo por agregar a cena da leitura dos livros ao pé do muro
Explendido👏👏👏👏👏
MARAVILHOSO!
Alexandre esse foi talvez o video mais tocante a respeito da lalangue que vi e escutei.
aula belissima! inspiradora.
Profundamente marcada por essa experiência....gostaria de saber "e quando não se tem esses rumores, essas ranhuras rupestres, mas apenas silêncio... é o autismo, a psicose?
Incrível, estou estudando a análise do discurso pecheutiana e me deparei com uma dúvida sobre lalangue no livro de Eni Orlandi "as formas do silencio" e percebi que o cerne de tal expressão é muita profunda além de magnifica!
Esplêndido ! Foi a melhor fala sobre lalangue .
Meu caro Alexandre, gostaria de interpor alguns comentários sobre este vídeo, o intuito é de aprimorar minha própria formação analisando esta que você apresenta, ora contrapondo ora elaborando de outro referencial. Vale ressaltar que sua posição é parelha às ostentadas dentro dos cursos de formação em psicanálise, ou seja, o que é transmitido de forma inconsistente e repletas de vícios de leitura que curiosamente se propagam.
Fazendo uma análise técnica do tema que propõe no vídeo, é nítido a falta de referência em relação à Ontologia (grega, moderna, contemporâneo) à Ciência da linguagem, e às atualizações conceituais inerente à flexão da cartografia conceitual de Lacan nos anos 60. Lalangue será uma tardia consequência conceitual desta flexão, e se perdemos de vista do que exatamente Lacan flexionou, perderemos o próprio escopo e motivação que darão corpo ao conceito de lalangue. O que propôs, ao meu ver, é uma aproximação da lalangue com a ideia de fonema e também de metalinguagem. Fonemas são também ranhuras, possuem materialidade e estranheza, não se reduz ao significante, são fundos primitivos da linguagem, são inscrições de algo da linguagem sobre nós todos, e isolados não constituem unidades de sentido. O que realmente a lalangue toca é uma dimensão da linguagem além da estrutural. Não está além da língua, está além de uma língua sistematizada em que o valor dos objetos é dado pelo lugar que eles ocupam dentro de uma estrutura simbólica.
Por favor muito zelo ao abordar as civilizações neolítica e paleolítica da forma como o fez, são temas sem qualquer definição científica dentro do pensamento humano, quando menciona as ranhuras de tais desenhos está tocando na qualidade de produção mágico/animistas da produção figurativa dos paleolíticos, aquilo são marcas reais de lutas entre o homem e a imagem. O homem daquela época 30 mil A.C não possuía linguagem oral ou escrita), ele não distinguia o desenho da realidade, e quando via um animal na rocha tentava caçá-lo como o próprio animal solto na natureza.
O ponto central da lalangue é a inferência que faz Lacan quando percebe que a linguagem deixa de ser um sistema de representação e passa a ser, também, um sistema de atos performativos. Em termos corretos, estes são os atos locucionários e ilocucionários. Quando propõe que Lalangue está fora do sentido você invariavelmente atribui a mesma uma existência negativa, chamo atenção que é justamente o contrário, uma vez apartada da lógica do sentido e da produção estrutural da língua entre significante/significado e suas relações esquemáticas, lalangue aparece como simulacro. Para Hegel e depois Lacan, o simulacro é obra do sofista, ele é justamente uma atribuição de linguagem que ajuda a inverter os aspectos ontológicos pautado na lógica de inversão simples (aparência/essência, forma/conteúdo, significante/significado e por fim, fálico/castrado).
O que está implicado dentro da filosofia da linguagem e da relação ontológica e epistemológica diante uma linguagem que não é mais apenas vista como representação? Eu respondo, há uma ruptura no paradigma e na lógica da Intersubjetividade.
Em termos conceituais, significa deixar todo o aparato do pensamento kantiano, que nutre grande parte do programa do pensamento do século XX (Freud, Lévis-Strauss, os estruturalistas, crítica de arte, da Psicologia do desenvolvimento e cognitivista, e de Lacan até o seminário VI), e embutir, no plano epistemológico da linguagem, esta lalangue que é a inclusão do porvir e do inesperado, do “ainda não” que caracterizará a nova noção de inconsciente, basta lembrarmos da reformulação do próprio Lacan em “o inconsciente é uma saber-fazer com a lalangue”.
Para resumir, Lalangue é um movimento de subversão à história da linguagem pois ela fratura e destitui o referente e o signo, logo, também destitui ou deslegitima a noção de sujeito dotado de identidade e poder de representação, o que Lacan quer é aproximá-la a algo como o Real contido na língua. Já escrevi em outro comentário de um vídeo seu às obstruções sobre o Real que sua leitura apresentou.
Por exemplo, a linguagem na arte contemporânea conceitual (não traduzível ou semiotizada) tem a “consistência” do Real, pois ela é, em suas manifestações, uma linguagem performática e não representativa, produz uma marca naquele indivíduo que acompanha uma obra ou uma performance, uma marca que se traduz como um transe, é o “pharmacon”.
Ou seja, a incidência que a linguagem tem sobre nós todos é esta linguagem que faz ato. Quando um homem vai batizar um barco novo quebrando uma garrafa, ele fala: “eu te batizo barco fulano de tal” este dizer não possui dignidade significativa, mas dignidade performática. Interessante neste momento, que encontrará entre o seminários XI e XII, a diferença em que Lacan pronuncia, inicialmente dizendo que “o psicanalista é a presença de Sócrates em nossa época, para no seminário XII, dizer “ o psicanalista é a presença do Sofista em nossa época” ou seja, àquele que trabalha tanto os termos lógicos de onde se produzem sentidos, quanto às dimensões expandidas de uma linguagem que torna-se um “saber-fazer” contido, inclusive, na produção subjetiva do inconsciente.
Brilhante!
Olá, obrigado pelo retorno. Abç.!
Pelo que entendi, lalangue é a "linguagem" inconsciente.
Encantada prof Alexandre ..Belissima sua exposição de linguagens,( sons, imagens etc)... Sou estadante de psicanalise, ainda nao estudei a obra de Lacan (só superficial ou nao oficialmente, na formação), Mas atraves dos seus videos. (gratidão) Completamente apaixonada por Lacan.... Apesar de reconhecer todo o mérito de Freud , como a cabeça da Psicanalise.
Olá, Ana Rosa! Muito obrigado pelo seu retorno. Fico satisfeito ao saber da contribuição do vídeo para o seu percurso. Abç.!
Parabéns Alexandre vc é um grande mestre mesmo. Continue assim orientando quem deseja aprender . Obrigado bjs
Excelente vídeo 👏
Olá, Railma! Obrigado pelo retorno. Abç.!
Bom dia Alexandre kkkk agora vc pegou pesado , mas faz todo sentido . O dificil para mim é pensar em algo ate mesmo antes de se formar . Obrigado por me tirar o susego . BEJOS .PARABENS vc sempre na frente.
Olá, Alenir! Muito obrigado pelo retorno. Vamos desenvolvendo a interlocução. Abç.!
Sinto um pouco o que é lalangue, vou prestar mais atenção nesta linguagem não falada
Saberia dizer o nome do filme do Antonioni?
Chung Kuo
Parabéns pelo vídeo e pelo tema Alexandre! Entretanto fiquei com uma dúvida: Seria lalangue anterior a letra? Em um dado momento do vídeo me pareceu que lalangue e letra seriam a mesma coisa, apesar de no meu entender, acreditar que sāo conceitos diferentes...Não seria interessante realizar um vídeo aprofundando aquilo que faz diferença entre os conceitos de letra e lalangue? Fica aí a sugestāo! :)
Me parece que sim, afinal a linguagem inconsciente é formada de palavras, letras abstratas, pré-letras, pré-palavras...
abstrato demais. nao da pare entender bem.