Pequeno roteiro da poesia brasileira - Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810).

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  • Опубликовано: 8 фев 2025
  • LIRA VI
    Oh! Quanto pode em nós a vária Estrela!
    Que diversos que são os gênios nossos!
    Qual solta a branca vela,
    E afronta sobre o pinho os mares grossos;
    Qual cinge com a malha o peito duro,
    E marchando na frente das coortes,
    Faz a torre voar, cair o muro.
    O sórdido avarento em vão defende
    Que possa o filho entrar no seu tesouro;
    Aqui fechado estende
    Sobre a tábua, que verga, as barras d’ouro.
    Sacode o jogador do copo os dados;
    E numa noite só, que ao sono rouba,
    Perde o resto dos bens, do pai herdados.
    O que da voraz gula o vício adora,
    Da lauta mesa os seus prazeres fia.
    E o terno Alceste chora
    Ao som dos versos, a que o gênio o guia.
    O sábio Galileu toma o compasso,
    E sem voar ao Céu, calcula, e mede
    Das Estrelas, e Sol o imenso espaço.
    Enquanto pois, Marília, a vária gente
    Se deixa conduzir do próprio gosto,
    Passo as horas contente
    Notando as graças do teu lindo rosto.
    Sem cansar-me a saber se o Sol se move;
    Ou se a terra volteia, assim conheço
    Aonde chega o poder do grande Jove.
    Noto, gentil Marília, os teus cabelos.
    E noto as faces de jasmins, e rosas:
    Noto os teus olhos belos,
    Os brancos dentes, e as feições mimosas:
    Quem faz uma obra tão perfeita, e linda,
    Minha bela Marília, também pode
    Fazer os Céus, e mais, se há mais ainda.
    Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810)

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