Vevs, só um apontamento que eu acho necessário de um pequeno erro que você cometeu: Quando você fala sobre quebra ou não de copyright você menciona que mesmo quando a obra está em domínio público a gente ainda reconhece um autor, dando a entender que isso demonstra que o reconhecimento do autor ainda é parte da apresentação de uma obra mesmo quando a obra não mais gera ganhos econômicos. E isso é verdade, mas isso não tem a ver com quebra ou não de copyright. Copyright é um direito de reprodução da obra e é completamente distinto do direito de se declarar autor da obra. Usando como exemplo: Os membros da banda Mettalica não possuem os direitos de reprodução da vasta maioria das suas obras - as editoras sob as quais eles trabalham possuem. Embora eles ganhem uma parcela do dinheiro associado a esses valores, eles não podem, por exemplo, fazer um show (pago) com essas obras sem permissão das empresas - e sem pagar os valores devido - ainda que o nome deles conste como autores das músicas em todos os álbuns. Igualmente, nenhuma empresa pode produzir um CD, vídeo ou coisa parecida sem creditar os autores, ainda que possua os direitos sobre a reprodução da obra. Porque o que elas possuem é o direito de reprodução. Aqui no Brasil, isso se manifesta da seguinte forma: Embora se fale de direitos autorais, é considerado que existe um núcleo "duro" desses direitos que não pode ser abdicado. Ou seja, um autor sempre terá o direito de figurar como autor de uma obra em qualquer meio que ela seja reproduzida. Mas o direito de arrecadar ganhos monetários com essa obra podem, sim, ser vendidos completamente, ou até dados. Por fim, um bom exemplo disso é a chamada licença Creative Commons. É uma permissão de que qualquer pessoa possa usar e compartilhar uma determinada obra sem pagar e sem pedir permissão do autor (embora a licença permita ao autor alguma flexibilidade para definir se a pessoa pode ou não extrair lucro dessa distribuição ou criar outras obras em cima de uma dada obra). Enfim, é só um apontamento de uma pequena confusão que você fez.
Muitíssimo obrigada pela correção e pelo esclarecimento! Como não tenho como alterar essa parte no vídeo, ou deixar uma errata, vou fixar seu comentário pra mais gente ler (:
"Eu acredito que Verônica consegue passar a informação de forma descontraída, retendo o que é importante, e nos fazendo, sobretudo, rir." - Clarice Lispector
Um crítico francês do século XIX chamado Sainte-Beuve era famoso por defender uma técnica de resenha e validação artística levando em conta a bibliografia do autor, inclusive fazendo questão de entrar em contato com amigos e familiares dos escritores para avaliar a retidão moral destes no âmbito social e na sua vida privada. Ou seja, um livro só poderia ser considerado uma obra sensível e de gênio, com alto teor intelectual e humano, se na concepção do crítico, o autor fosse um exemplo perfeito, um amorzinho de pessoa, sem defeitos. Técnica essa que acabava enaltecendo autores medíocres e condenando escritores como Balzac, Flaubert, Victor Hugo... Pois um jovem escritor francês do final do século XIX ficou tão indignado, tão chocado, tão passado com essa técnica, essa forma de constituir um juízo de valor sobre determinada obra, que escreveu um livro refutando Sainte-Beuve. Esse livro foi uma semente, o protótipo, o início de uma idéia que renderia um grande projeto que retomaria essa crítica ao modo de olhar a vida pessoal de um autor para avaliar sua produção. O jovem autor era Marcel Proust e o projeto um livrinho pouco conhecido chamado Em busca do tempo perdido.
Esse comentário do Rithy já dá ideia para o próximo vídeo do teoria literária, Vevs. Separar autor/obra é possível? Como sou de biológicas (esse vídeo foi excelente, vou precisar rever pra entender kk), eu só sei das tretas no Tumblr e no Twitter sobre esse assunto. Aí eu fico até com medo de opinar.
Eu lembro de uma era em que vídeos longos, falando sobre literatura, em tempos menos polarizados e polarizadores eram comuns de se ver nesses rincões. Lembro de cabines de leitura, de verdades em bolhas, de leitores em serrados. Lembro de uma juventude minha e de tantos outros e de tantas coisas, cheias de uma sede de falar e de serem ouvidas que foi saciada a ponto de afogar a todos. Lembro de tambaquis curiosos, dançarinos, porém desconfiados, que vinham atrás de não sei o quê, mas que, despretensiosos, inspiravam pequenos navegantes a desbravar oceanos de muitas vidas e além. Além do hoje, do eu, do ele, do aqui. Hoje, com a intensa sensação de um alquebrado marujo, de um mago sem truques e que cuja habilidade de conjurar foi banalizada, eu olho para essas lembranças com uma alegria de arder os olhos. Porém, faço isso sem rancor pelo universo que a tudo traga ou com vontades de construir maquinários que vislumbrem o ontem ou que forjem o amanhã. Não, eu o faço pedindo aos céus que a Verdade, agora longe dessa grande bolha, esteja tão cintilante e abençoada quanto sempre foi, ofuscando e banhando com a graça inocente da sua luz acolhedora. Enfim... A senhora faz falta por aqui. Mas, ao menos já esteve por aqui, não é mesmo?! Por isso eu sou grato. Hoje, seja por nostalgia boba ou por necessidade, vim aqui, diferente de anos atrás, agora professor de Literatura, Redação, Gramática, sobrecarregado, mas lembrando das paixões que me motivaram a entrar nessa vida de muitas vidas. Paixões essas que, dos planaltos da capital, foram adubadas, e hoje já são colhidas por mim. Obrigado, moça, por ter se doado aqui para tantos estranhos, como eu. Foi divertido. Faço votos para que esteja bem. 🌷
Que vídeo, Vevs!!! Sempre admirado com sua capacidade de tratar de temas complexos de forma didática e bem humorada. Tenho lido muito no Twitter a seguinte expressão: "você não é Machado de Assis pra lançar enigma e depois morrer". Acho que algumas pessoas têm certa angústia com a indefinição e a abertura interpretativa (mediada pela obra, claro). Com a tendência ao cancelamento de certos autores, vivos ou não, tenho percebido uma certa exumação do autor (faz sentido? Kkkk). Tipo, no caso do Machado, já li comentários bastante deturpados dizendo que ele negou sua cor pq. sua obra narra somente a vida da burguesia carioca, como se, para ser crítico, ele precisasse narrar a sua condição enquanto sujeito. Já em cancelamentos como o da J.K., li threads e mais threads alegando que o preconceito dela já estava em HP, na descrição dos duendes e gigantes, por exemplo (?). Parece que a tendência é ler a obra em retrospecto. Se o autor é cancelado, a obra necessariamente deve explicitar o motivo desse cancelamento e apontar para a condição pessoal do autor. Não sei se faz sentido, mas é algo que tem me inquietado. Enfim, excelente vídeo!!
Vevs!! Esse seu vídeo é extremamente necessário! Sendo eu da História, quando cheguei ao doutorado em Estudos Literários, na primeira aula de teoria literária, em meio à dezenas de tópicos, falaram desse texto do Barthes. Fui para uma aula de Literatura Fantástica e lá veio alguém citando o mesmo texto... Na terceira disciplina, sobre memória e história, olha a "Morte do Autor" de novo... Ninguém havia colocado o texto na ementa das disciplinas, então, não vi outra alternativa a não ser falar com minha orientadora. Supus que era algo muito usado na graduação e eu precisava ler o quanto antes, para não "perder o bonde" da discussão. Qual a minha surpresa em descobrir que não, ninguém trabalhava esse texto do Barthes na graduação e as pessoas possivelmente estavam falando dele de forma aleatória e sem profundidade. Ela disse que se eu quisesse, poderia ler e qualquer dúvida, bastava perguntar. Pois eu li, mas senti falta de uma rodada de discussão. (Nós da humanas, sempre temos essa mania, né?) Assistindo ao seu vídeo, achei fantástico!!! Já fiquei com vontade de "dar uma de Hermione" levantando a mãozinha, mas não para responder e sim, sondar as suas opiniões em outros pontos. Mas olha, parabéns, pois esses seus quase 16 minutos foram salvadores!! *___*
Mais um vídeo perfeito como sempre, saudades de você Vevs! Pra mim o autor não está morto de forma alguma! tanta coisa pra dizer, mas acho que no final é aquilo né? Não é porque o autor tem uma visão x da sua obra que isso invalida todos os outros pontos de vista de cada pessoa que consumiu essa obra. Uma obra é composta de seu autor, sua época e local de origem, seu impacto sociocultural, e muitos outros fatores. Eu sei que o público da Vevs é muito educado, mas eu não teria palavras bonitas pra dizer aos formalistas e aos novos críticos. Que visão mais restringente (essa palavra existe? kkk) de se analisar uma obra! Matar o autor (e qualquer outra coisa fora o texto bruto) tira muito das possibilidades interpretativas. No mais, é só isso que eu tenho a acrescentar por enquanto. No aguardo do próximo vídeo pra queimar mais neurônios discutindo teorias literárias :) Beijo
a gente já conversou sobre isso, mas vim aqui dar pitacos de novo pois NÃO ME AGUENTOOOO!!!! hahaha mas falando sério, eu levo a morte do autor como o que você falou: levantar as hipóteses de análise de uma obra a partir do que ela trás em si, e se possível ~isolada de interferências externas. eu sei que isso é praticamente inviável, mas se tem uma coisa que me deixa pra MORRER como consumidora de produtos culturais é quando falam que uma interpretação está ~errada porque: "fulaninho que fez o figurino/ciclano que fez a capa/o amigo do meu primo que conhece um cara que entregou água para o autor em uma convenção ficou sabendo que...". em resumo, usar a carteirada de que o autor/alguém envolvido na produção obra disse que então essa É A ÚNICA INTERPRETAÇÃO POSSÍVEL. eu acho que essa ideia empobrece até a própria obra uma vez que mata (kkkkk desculpa) um mundo de possibilidades que a obra pode trazer. sendo controversial and yet brave: acho que a morte do autor entra para o nicho de conceitos importantes que a internet aprendeu mais ou menos e mudou tanto o significado que acabou perdendo o sentido original e agora é usado pra dizer MINHA OPINIÃO É MELHOR QUE A SUA, do ladinho de local de fala e personagens femininas fortes 🤡 (isso não quer dizer que esses debates só sejam puros dentro de ambientes acadêmicos e não devam sair de lá. pelo contrário a gente precisa integrar essas discussões de forma que como sociedade a gente consiga ter debates mais construtivos do que conflituosos) se eu colocar uma introdução e uma conclusão nesse comentário vira um artigo com base nas vozes da minha cabeça. perdão vevs
eu amo seus vídeos de teoria literária vevs, faz tudo ficar tão mais compreensível!! Quando você falou que a morte do autor não era consensual na academia eu até soltei um "mas o que é?" pq nossa, cada década é uma treta teórica diferente. O vídeo tá muito incrível e foi genial a ideia de pegar as negativas, além disso, já que estamos falando do conceito de autor, estava pensando nesses dias: quem é o autor do MCU? Kevin Feige? Se for, qual é o lugar que ocupa os diretores/roteiristas de cada filme? Mas se eles forem os autores, que lugar Kevin Feige ocupa na construção da história do MCU?
Assistir aos vídeos da Vevs são mais esclarecedores do que testes vocacionais... meu futuro é Letras com certeza! Aiaiaia teorias literárias, já amo!Me apaixono mais pelo canal a cada vídeo ❤️
Ai meu deus que vídeo interessante!! Eu como a típica pessoa de humanas que gostaria de saber mais sobre (quase) todas as aréas que compõem as Humanidades - tarefa destinada a frustração por conta de diversos fatores kkkkkk - me sinto muito sortudo em conhecer o canal da Vevs. Dificilmente eu teria acesso a um conhecimento tão rico em termos teóricos e explicado de forma tão simples por uma pessoa que entende tanto do assunto.
Ve, muito bacana, veja se eu entendi: uma obra depois de publicada não é mais só do autor é de todos que a consomem pois cada um tem uma recepção diferente pelo destinatário, ou seja, eu posso interpretar a obra de outra forma, voce pode interpretar de outra forma e assim por diante.
Mais um ótimo vídeo, Vevs. Que o universo abençoe meu ímpeto de achar conteúdo de Natal em Julho (porque, sim, por algum motivo eu estava pesquisando conteúdo de Natal em Julho), pois foi assim que encontrei seu canal. hahahaha
Eu achei bem interessante como você resolveu tratar o assunto Vevs. É estranho pensar que ás vezes é mais fácil dizer o que uma coisa não é do que o que ela é em si. Também é de certa forma ironico, engraçado o fato de que não se ter uma conceção de qual o significado que Roland Barthes deu para a morte do autor. Porque pelo o que eu entendi isso bate com o texto dele, a partir do momento em que uma pessoa lê um texto ele ganha um significado diferente, uma interpretação nova. Sendo assim cada pessoa ao ler esse ensaio ter uma opinião diferente sobre o que é a morte do autor exemplifica o que o texto falou. Não sei se isso faz muito sentido, mas foi o que eu consegui entender...
Com certeza tem coisa que é mais fácil definir pelo que não é do que pelo que é! Mas, no caso do ensaio do Barthes, ironicamente, ele possui um significado -- que você captou muito bem! É como eu comentei na primeira parte do vídeo: a Morte do Autor está associada à ideia de arbitrariedade do signo linguístico, ou seja, de que não há um significado inerente às palavras (o infame exemplo da cadeira). Nesse sentido, o significado de um texto seria formado pelo leitor durante a leitura, em vez de descoberto por ele, como se ele tentasse um acesso direto à cabeça do autor. Da mesma forma, no ato da escrita, o autor também estaria formando significados, mas que não necessariamente serão os mesmos percebidos pelos leitores. Isso eliminaria a hierarquia entre autor e leitor. A questão é que esse ensaio do Barthes ganhou fama pela internet (o que é ótimo), mas está sendo usado pra discutir pontos que seriam mais bem abarcados por outras teorias, como a Teoria da Recepção, por exemplo. Por isso, na segunda metade do vídeo, quis abordar o que a Morte do Autor não é, com base em tópicos que já vi serem discutidos por aqui. Espero ter ficado mais claro (:
baita vídeo bom e, como sempre, vou indicar em aula! queria tanto que o RUclips fosse justo com quem produz conteúdo fora da lógica "3 vídeos de unboxing por semana". um vídeo como o teu leva tempo e exige uma formação mínima e não dá pra ter uns 3 desses por semana (embora a gente adorasse, né?). tem uma coisa que eu li num pixo na fachada da faculdade de educação (que fica próxima ao centro de artes, onde dou aula, aqui em Pelotas) que eu AMO e sempre cito quando falo pros estudantes do primeiro semestre (de cinema): FODA-SE A INTENÇÃO DO ARTISTA. falo isso porque acho que isso mata o mito com o qual a galera meio vem lá do mundo maravilhoso do senso comum sobre o sentido e o significado de tal obra ter sido definido pelo/a autor/a. a gente estaria ferrado analisando 2001, Uma Odisséia no Espaço porque o Kubrick quase disse "vocês que lutem" quando perguntaram pra ele qual da fuck era o sentido daquela coisa toda. aí eu retomo esse pixo quando dou aula de análise fílmica (porque aparentemente o mito ainda tá lá, ainda que envergonhado). e o conceito de morte do autor é uma baita referência pra minha área de pesquisa. na comunicação, a gente ou estuda a produção, ou o produto ou a recepção. eu sou do produto (o que não elimina, claro, abordar produção e recepção) e Barthes é amiguinho meu na hora de defender esse viés epistemológico e metodológico. beijos!
"A morte do autor não é consenso. Quem fala isso provavelmente viu no twitter" Essa questão é mt importante pra mim, pq quando eu estudo algum tema, eu sempre passo por 4 fases: 1. Não sei nada sobre o assunto e começo a me aprofundar. 2. Percebo que o que eu aprendi era apenas uma linha teórica entre tantas outras. 3. Entro em contato com as outras vertentes e vejo sentido em várias, mesmo que opostas. 4. Chego à conclusão que não há conclusão. Mesmo ficando um pouco frustrado com a última fase (rs), acho sempre relevante fazer o exercício de humildade de entrar em contato com diferentes pensamentos sobre um mesmo tema, pq me incomoda um pouco ver debates sobre assuntos tão complexos sendo tratados como prova de "verdadeiro ou falso" simplesmente pq as pessoas acham que é algo com resposta pronta e que elas tem essa resposta. Eu comecei a pensar nisso quando tava assistindo uma aula em que o professor citou uma teoria mt disseminada (e que eu tinha alguns problemas, mas não contava pra ngm) e ele disse "Claro, é apenas uma linha teórica entre várias. Ngm é obrigado a seguir essa especificamente". Aquilo foi libertador pra mim hahaha
Opa! Outro excelente video sobre o mesmo tema! Você precisa ler "Escrever sem escrever". Se você quiser ver um prolongamento dessa discussão, levando-a para os tempos atuais, de internet, copiar e colar, remix, leia o livro "Escrever sem escrever: literatura e apropriação no século XXI". É uma pesquisa acadêmica retrabalhada em linguagem de conversa e que foi premiada no Prêmio Internacional Casa de Las Américas 2020. O livro fala sobre a leitura como escrita e sobre a chamada "escrita não-criativa".
Nas minhas aulas na faculdade era tabu mencionar a vida do autor hahahaha alguns professores rejeitavam os comentários na hora. Imagino que as análises se compliquem ainda mais quando se tratam de livros tidos como autobiográficos, como é o caso de David Copperfield. Na própria edição que tenho do livro, a introdução traz comparações com a vida do autor. E, em alguns casos, essa informação é usada no marketing da obra.
O texto do Barthes? Se for, não é um livro, é um ensaio bem curtinho, cujo link de acesso eu deixei na descrição juntamente com outras referências bibliográficas (;
Eu tenho uma objeção/dúvida/vozes da minha cabeça! Se a obra tem uma posição contrária ou que entra em conflito com a vida do próprio autor, podemos dizer que a valorização ou desvalorização vem da absorção do próprio leitor, né! Então neste caso tudo depende se há uma conexão do leitor com a obra forte o suficiente para superar o conflito. Nossa, preciso de um diploma de letras urgentemente!
Você teria algumas recomendações de leituras sobre hermenêutica e teorias da interpretação? Normalmente, os textos que eu encontro na internet sobre isso são religiosos ou do direito e queria uma visão mais abrangente, quiçá histórica, do assunto, como você fez no vídeo. Obrigado.
Pode ser que eu esteja muuuuuito enganado, mas eu acho que foi Platão, quando estava apresentando o "Mundo das ideias", quem usou o exemplo da cadeira.
Tem uma obra de arte que é baseada na relação significante/significado que possui uma cadeira, se chama "one and three chairs", talvez a obra seja o que esteja mais forte no subconsciente, já que é a mais vista do assunto (a nível "Isso não é um cachimbo" do Magritte)
Acho muito complicado pensar o texto em si, de maneira isolada, sem história, interlocutor, condições de produção. Falo isso porque penso que algumas obras, por exemplo, como os poemas de Manuel Bandeira, dialogam bastante com a vida do próprio autor (no caso, o fato de ele ter recebido o diagnóstico de tuberculose aparece nos textos). Não penso também que é razoável perguntar: o que o autor quis dizer? Se fosse assim, bastaria ter o autor para fazer uma leitura do texto literário. Ai, difícil essa questão. Hahaha.
Não sou da área da letras, talvez por isso tenha dificuldade em entender o Saussure. Usando o exemplo da cadeira, eu percebo que tem coisas na cadeira que sugerem esta palavra. Não me parece arbitrário o nome. Cadeira vem do Latin "cadere" que quer dizer cair. Está ligado ao gesto de sentar-se. Antes de criarem ou nomearem cadeira, quando as pessoas se sentavam em pedras, não vejo como poderia chamar o ato do "cadere" de mesa por exemplo.... Não sei se viajei, mas é isto! Sou da área de música e me ligo muito no som das palavras e como nomeamos coisas... Abs
Eu acho que o autor pode permanecer "morto" quando ele vai pra rede social do passarinho dar o próprio significado de algo que ele escreveu quando percebe que há outros significados. Esse nível de intenção autoral pode acabar prejudicando (acredito eu) nas múltiplas camadas de interpretação do público. Como estudo de caso: Luca. Enquanto a internet veio ao chão comentando um subtexto/ metáfora homoafetiva, possível de interpretar sim em falas daquele filme, o diretor saiu dizendo que "nanani nananão, é amizade". Acredito que rouba sim uma parte de deixar a obra "viver" dentro do público até pq essas interpretações não estavam fazendo mal a ninguém. Agora quanto aos autores problemáticos, ultimamente eu só presencio a pá de terra nas covas deles mesmo. Por exemplo, antes de qualquer polêmica envolvendo a JK, algumas coisas saltavam aos olhos nos livros de HP, como a gordofobia escancarada (e que me deixava mal lendo aquilo), além de outras nuances que não dá pra falar sem o comentário ficar enorme. Aí quando ela, fora da obra, fala sobre um possível relacionamento homo entre Grind e Dumbledore sem mostrar uma linha nos livros (nem nos filmes recentes), acho sim uma grande falha. Pessoas sem acesso às falas dela podem não ter a mesma interpretação (impossível né, pq zero linhas sobre isso nas obras). Então, acredito sim que o autor quando quer que haja interpretação X na obra, ele coloque X na obra em vez de escrever até a letra anterior e completar X, Y e Z pelo twitter e falar que guardou isso por 20 anos mais para ter um respeito com leitores sem acesso Às falas diretas e para o autor, depois, não se passar nas redes sociais. nesse ponto, até John Green saiu em defesa de escrever X, Y e Z nos livros e o autor, depois, aproveitar a covinha.
Vevs, só um apontamento que eu acho necessário de um pequeno erro que você cometeu:
Quando você fala sobre quebra ou não de copyright você menciona que mesmo quando a obra está em domínio público a gente ainda reconhece um autor, dando a entender que isso demonstra que o reconhecimento do autor ainda é parte da apresentação de uma obra mesmo quando a obra não mais gera ganhos econômicos. E isso é verdade, mas isso não tem a ver com quebra ou não de copyright.
Copyright é um direito de reprodução da obra e é completamente distinto do direito de se declarar autor da obra. Usando como exemplo: Os membros da banda Mettalica não possuem os direitos de reprodução da vasta maioria das suas obras - as editoras sob as quais eles trabalham possuem. Embora eles ganhem uma parcela do dinheiro associado a esses valores, eles não podem, por exemplo, fazer um show (pago) com essas obras sem permissão das empresas - e sem pagar os valores devido - ainda que o nome deles conste como autores das músicas em todos os álbuns.
Igualmente, nenhuma empresa pode produzir um CD, vídeo ou coisa parecida sem creditar os autores, ainda que possua os direitos sobre a reprodução da obra. Porque o que elas possuem é o direito de reprodução.
Aqui no Brasil, isso se manifesta da seguinte forma: Embora se fale de direitos autorais, é considerado que existe um núcleo "duro" desses direitos que não pode ser abdicado. Ou seja, um autor sempre terá o direito de figurar como autor de uma obra em qualquer meio que ela seja reproduzida. Mas o direito de arrecadar ganhos monetários com essa obra podem, sim, ser vendidos completamente, ou até dados.
Por fim, um bom exemplo disso é a chamada licença Creative Commons. É uma permissão de que qualquer pessoa possa usar e compartilhar uma determinada obra sem pagar e sem pedir permissão do autor (embora a licença permita ao autor alguma flexibilidade para definir se a pessoa pode ou não extrair lucro dessa distribuição ou criar outras obras em cima de uma dada obra).
Enfim, é só um apontamento de uma pequena confusão que você fez.
Muitíssimo obrigada pela correção e pelo esclarecimento!
Como não tenho como alterar essa parte no vídeo, ou deixar uma errata, vou fixar seu comentário pra mais gente ler (:
@@Vevsvaladares Nossa, obrigado! Nem esperava uma resposta. De qualquer forma, fico feliz por ter contribuído com alguma coisa.
"Eu acredito que Verônica consegue passar a informação de forma descontraída, retendo o que é importante, e nos fazendo, sobretudo, rir." - Clarice Lispector
Um crítico francês do século XIX chamado Sainte-Beuve era famoso por defender uma técnica de resenha e validação artística levando em conta a bibliografia do autor, inclusive fazendo questão de entrar em contato com amigos e familiares dos escritores para avaliar a retidão moral destes no âmbito social e na sua vida privada. Ou seja, um livro só poderia ser considerado uma obra sensível e de gênio, com alto teor intelectual e humano, se na concepção do crítico, o autor fosse um exemplo perfeito, um amorzinho de pessoa, sem defeitos. Técnica essa que acabava enaltecendo autores medíocres e condenando escritores como Balzac, Flaubert, Victor Hugo...
Pois um jovem escritor francês do final do século XIX ficou tão indignado, tão chocado, tão passado com essa técnica, essa forma de constituir um juízo de valor sobre determinada obra, que escreveu um livro refutando Sainte-Beuve. Esse livro foi uma semente, o protótipo, o início de uma idéia que renderia um grande projeto que retomaria essa crítica ao modo de olhar a vida pessoal de um autor para avaliar sua produção. O jovem autor era Marcel Proust e o projeto um livrinho pouco conhecido chamado Em busca do tempo perdido.
Esse comentário só não foi melhor porque não terminou dizendo que o nome do jovem autor era Albert Einstein!
Muito obrigada (;
@@Vevsvaladares O jovem autor era Marie Curie e o livro rendeu seu terceiro nobel. Hahaha
Esse comentário do Rithy já dá ideia para o próximo vídeo do teoria literária, Vevs. Separar autor/obra é possível? Como sou de biológicas (esse vídeo foi excelente, vou precisar rever pra entender kk), eu só sei das tretas no Tumblr e no Twitter sobre esse assunto. Aí eu fico até com medo de opinar.
Eu lembro de uma era em que vídeos longos, falando sobre literatura, em tempos menos polarizados e polarizadores eram comuns de se ver nesses rincões.
Lembro de cabines de leitura, de verdades em bolhas, de leitores em serrados. Lembro de uma juventude minha e de tantos outros e de tantas coisas, cheias de uma sede de falar e de serem ouvidas que foi saciada a ponto de afogar a todos.
Lembro de tambaquis curiosos, dançarinos, porém desconfiados, que vinham atrás de não sei o quê, mas que, despretensiosos, inspiravam pequenos navegantes a desbravar oceanos de muitas vidas e além. Além do hoje, do eu, do ele, do aqui.
Hoje, com a intensa sensação de um alquebrado marujo, de um mago sem truques e que cuja habilidade de conjurar foi banalizada, eu olho para essas lembranças com uma alegria de arder os olhos. Porém, faço isso sem rancor pelo universo que a tudo traga ou com vontades de construir maquinários que vislumbrem o ontem ou que forjem o amanhã.
Não, eu o faço pedindo aos céus que a Verdade, agora longe dessa grande bolha, esteja tão cintilante e abençoada quanto sempre foi, ofuscando e banhando com a graça inocente da sua luz acolhedora.
Enfim...
A senhora faz falta por aqui. Mas, ao menos já esteve por aqui, não é mesmo?! Por isso eu sou grato.
Hoje, seja por nostalgia boba ou por necessidade, vim aqui, diferente de anos atrás, agora professor de Literatura, Redação, Gramática, sobrecarregado, mas lembrando das paixões que me motivaram a entrar nessa vida de muitas vidas. Paixões essas que, dos planaltos da capital, foram adubadas, e hoje já são colhidas por mim.
Obrigado, moça, por ter se doado aqui para tantos estranhos, como eu. Foi divertido.
Faço votos para que esteja bem. 🌷
A Morte do Autor não é: Matar o Autor.
Eu, fechando meu livro de Harry Potter e olhando pra ele lentamente: "Ah.......... que pena."
Que vídeo, Vevs!!! Sempre admirado com sua capacidade de tratar de temas complexos de forma didática e bem humorada.
Tenho lido muito no Twitter a seguinte expressão: "você não é Machado de Assis pra lançar enigma e depois morrer". Acho que algumas pessoas têm certa angústia com a indefinição e a abertura interpretativa (mediada pela obra, claro). Com a tendência ao cancelamento de certos autores, vivos ou não, tenho percebido uma certa exumação do autor (faz sentido? Kkkk). Tipo, no caso do Machado, já li comentários bastante deturpados dizendo que ele negou sua cor pq. sua obra narra somente a vida da burguesia carioca, como se, para ser crítico, ele precisasse narrar a sua condição enquanto sujeito. Já em cancelamentos como o da J.K., li threads e mais threads alegando que o preconceito dela já estava em HP, na descrição dos duendes e gigantes, por exemplo (?). Parece que a tendência é ler a obra em retrospecto. Se o autor é cancelado, a obra necessariamente deve explicitar o motivo desse cancelamento e apontar para a condição pessoal do autor. Não sei se faz sentido, mas é algo que tem me inquietado.
Enfim, excelente vídeo!!
Cada atualização desse canal é um banho de conhecimento e alegria 🤗
CONTINUA! OS UNIVERSITÁRIOS DE LETRAS TE AGRADECEM
Vevs!! Esse seu vídeo é extremamente necessário! Sendo eu da História, quando cheguei ao doutorado em Estudos Literários, na primeira aula de teoria literária, em meio à dezenas de tópicos, falaram desse texto do Barthes. Fui para uma aula de Literatura Fantástica e lá veio alguém citando o mesmo texto... Na terceira disciplina, sobre memória e história, olha a "Morte do Autor" de novo... Ninguém havia colocado o texto na ementa das disciplinas, então, não vi outra alternativa a não ser falar com minha orientadora. Supus que era algo muito usado na graduação e eu precisava ler o quanto antes, para não "perder o bonde" da discussão. Qual a minha surpresa em descobrir que não, ninguém trabalhava esse texto do Barthes na graduação e as pessoas possivelmente estavam falando dele de forma aleatória e sem profundidade. Ela disse que se eu quisesse, poderia ler e qualquer dúvida, bastava perguntar. Pois eu li, mas senti falta de uma rodada de discussão. (Nós da humanas, sempre temos essa mania, né?) Assistindo ao seu vídeo, achei fantástico!!! Já fiquei com vontade de "dar uma de Hermione" levantando a mãozinha, mas não para responder e sim, sondar as suas opiniões em outros pontos. Mas olha, parabéns, pois esses seus quase 16 minutos foram salvadores!! *___*
só queria dizer que é uma DELÍCIA assistir um vídeo seu. Tanto da forma que vc fala e diverte a gente, tanto pelo conteúdo muito bem explicado❤️
Te ouvir sempre me deixa com vontade de voltar pra Academia. Eita, menina inteligente!
Mais um vídeo perfeito como sempre, saudades de você Vevs!
Pra mim o autor não está morto de forma alguma! tanta coisa pra dizer, mas acho que no final é aquilo né? Não é porque o autor tem uma visão x da sua obra que isso invalida todos os outros pontos de vista de cada pessoa que consumiu essa obra.
Uma obra é composta de seu autor, sua época e local de origem, seu impacto sociocultural, e muitos outros fatores.
Eu sei que o público da Vevs é muito educado, mas eu não teria palavras bonitas pra dizer aos formalistas e aos novos críticos. Que visão mais restringente (essa palavra existe? kkk) de se analisar uma obra! Matar o autor (e qualquer outra coisa fora o texto bruto) tira muito das possibilidades interpretativas.
No mais, é só isso que eu tenho a acrescentar por enquanto. No aguardo do próximo vídeo pra queimar mais neurônios discutindo teorias literárias :) Beijo
a gente já conversou sobre isso, mas vim aqui dar pitacos de novo pois NÃO ME AGUENTOOOO!!!! hahaha mas falando sério, eu levo a morte do autor como o que você falou: levantar as hipóteses de análise de uma obra a partir do que ela trás em si, e se possível ~isolada de interferências externas. eu sei que isso é praticamente inviável, mas se tem uma coisa que me deixa pra MORRER como consumidora de produtos culturais é quando falam que uma interpretação está ~errada porque: "fulaninho que fez o figurino/ciclano que fez a capa/o amigo do meu primo que conhece um cara que entregou água para o autor em uma convenção ficou sabendo que...". em resumo, usar a carteirada de que o autor/alguém envolvido na produção obra disse que então essa É A ÚNICA INTERPRETAÇÃO POSSÍVEL. eu acho que essa ideia empobrece até a própria obra uma vez que mata (kkkkk desculpa) um mundo de possibilidades que a obra pode trazer.
sendo controversial and yet brave: acho que a morte do autor entra para o nicho de conceitos importantes que a internet aprendeu mais ou menos e mudou tanto o significado que acabou perdendo o sentido original e agora é usado pra dizer MINHA OPINIÃO É MELHOR QUE A SUA, do ladinho de local de fala e personagens femininas fortes 🤡 (isso não quer dizer que esses debates só sejam puros dentro de ambientes acadêmicos e não devam sair de lá. pelo contrário a gente precisa integrar essas discussões de forma que como sociedade a gente consiga ter debates mais construtivos do que conflituosos)
se eu colocar uma introdução e uma conclusão nesse comentário vira um artigo com base nas vozes da minha cabeça. perdão vevs
Vídeo da Veves = perfeição do meu fim de semana!!!
adorei o video! bem estruturado, bem explicado e bem estudado
eu amo seus vídeos de teoria literária vevs, faz tudo ficar tão mais compreensível!! Quando você falou que a morte do autor não era consensual na academia eu até soltei um "mas o que é?" pq nossa, cada década é uma treta teórica diferente. O vídeo tá muito incrível e foi genial a ideia de pegar as negativas, além disso, já que estamos falando do conceito de autor, estava pensando nesses dias: quem é o autor do MCU? Kevin Feige? Se for, qual é o lugar que ocupa os diretores/roteiristas de cada filme? Mas se eles forem os autores, que lugar Kevin Feige ocupa na construção da história do MCU?
Assistir aos vídeos da Vevs são mais esclarecedores do que testes vocacionais... meu futuro é Letras com certeza! Aiaiaia teorias literárias, já amo!Me apaixono mais pelo canal a cada vídeo ❤️
eu adoro esse tipo de vídeo, o de linguística do Tolkien também 🥺🥺🥺 perfeitos!!
Como não amar este vídeo? ❤️
Ai meu deus que vídeo interessante!! Eu como a típica pessoa de humanas que gostaria de saber mais sobre (quase) todas as aréas que compõem as Humanidades - tarefa destinada a frustração por conta de diversos fatores kkkkkk - me sinto muito sortudo em conhecer o canal da Vevs. Dificilmente eu teria acesso a um conhecimento tão rico em termos teóricos e explicado de forma tão simples por uma pessoa que entende tanto do assunto.
Excelente vídeo! Seu canal tem sido uma grata surpresa dentro do mar de sugestões estranhas de algoritmos do RUclips.
Vevs, que saudades...😊
EU AMEI O SEU VÍDEO! MARAVILHOSO, OBRIGADO! O PRIMEIRO QUE EU ASSISTI E VIREI FÃ (mas pode ficar despreocupada, pq não vou fazer fanfic hehehe)
Vevs deu um pontapé no meu bloqueio de pesquisa, obrigadaaa! E lá vou eu aprofundar os estudos ❤️
Você me faz senti falta da academia, parabéns
...destruir o outro só porque eu não gosto, assim a gente conhece o Thanos e a Angélica...
As referências da vevs são TUDO pra mim.
Excelente análise.
Parabéns pelo canal 👏👏👏👏👏
Ve, muito bacana, veja se eu entendi: uma obra depois de publicada não é mais só do autor é de todos que a consomem pois cada um tem uma recepção diferente pelo destinatário, ou seja, eu posso interpretar a obra de outra forma, voce pode interpretar de outra forma e assim por diante.
Na teoria, é isso, sim. Na prática… aí é onde residem os problemas.
vevs a morte do autor é o que os fãs das crônicas de gelo e fogo fazem direto com o george r r martin?
vídeo otímo. Muito boa sua didatica
Eu achava que o teatro grego tinha começado com os universos compartilhados, tvz eu tenha viajado, hehehe :)
"(...) dissolvido por motivos de Stalin" é ótimo. Haha
Mais um ótimo vídeo, Vevs.
Que o universo abençoe meu ímpeto de achar conteúdo de Natal em Julho (porque, sim, por algum motivo eu estava pesquisando conteúdo de Natal em Julho), pois foi assim que encontrei seu canal. hahahaha
Eu achei bem interessante como você resolveu tratar o assunto Vevs. É estranho pensar que ás vezes é mais fácil dizer o que uma coisa não é do que o que ela é em si. Também é de certa forma ironico, engraçado o fato de que não se ter uma conceção de qual o significado que Roland Barthes deu para a morte do autor. Porque pelo o que eu entendi isso bate com o texto dele, a partir do momento em que uma pessoa lê um texto ele ganha um significado diferente, uma interpretação nova. Sendo assim cada pessoa ao ler esse ensaio ter uma opinião diferente sobre o que é a morte do autor exemplifica o que o texto falou. Não sei se isso faz muito sentido, mas foi o que eu consegui entender...
Com certeza tem coisa que é mais fácil definir pelo que não é do que pelo que é!
Mas, no caso do ensaio do Barthes, ironicamente, ele possui um significado -- que você captou muito bem!
É como eu comentei na primeira parte do vídeo: a Morte do Autor está associada à ideia de arbitrariedade do signo linguístico, ou seja, de que não há um significado inerente às palavras (o infame exemplo da cadeira). Nesse sentido, o significado de um texto seria formado pelo leitor durante a leitura, em vez de descoberto por ele, como se ele tentasse um acesso direto à cabeça do autor. Da mesma forma, no ato da escrita, o autor também estaria formando significados, mas que não necessariamente serão os mesmos percebidos pelos leitores. Isso eliminaria a hierarquia entre autor e leitor.
A questão é que esse ensaio do Barthes ganhou fama pela internet (o que é ótimo), mas está sendo usado pra discutir pontos que seriam mais bem abarcados por outras teorias, como a Teoria da Recepção, por exemplo. Por isso, na segunda metade do vídeo, quis abordar o que a Morte do Autor não é, com base em tópicos que já vi serem discutidos por aqui.
Espero ter ficado mais claro (:
@@Vevsvaladares ficou sim!! Muito obrigada!!
Gostei muito
Conteúdo ótimo. E sempre fico querendo muito ver essa estante com portas de vidro inteira. Rs
baita vídeo bom e, como sempre, vou indicar em aula! queria tanto que o RUclips fosse justo com quem produz conteúdo fora da lógica "3 vídeos de unboxing por semana". um vídeo como o teu leva tempo e exige uma formação mínima e não dá pra ter uns 3 desses por semana (embora a gente adorasse, né?).
tem uma coisa que eu li num pixo na fachada da faculdade de educação (que fica próxima ao centro de artes, onde dou aula, aqui em Pelotas) que eu AMO e sempre cito quando falo pros estudantes do primeiro semestre (de cinema): FODA-SE A INTENÇÃO DO ARTISTA. falo isso porque acho que isso mata o mito com o qual a galera meio vem lá do mundo maravilhoso do senso comum sobre o sentido e o significado de tal obra ter sido definido pelo/a autor/a. a gente estaria ferrado analisando 2001, Uma Odisséia no Espaço porque o Kubrick quase disse "vocês que lutem" quando perguntaram pra ele qual da fuck era o sentido daquela coisa toda. aí eu retomo esse pixo quando dou aula de análise fílmica (porque aparentemente o mito ainda tá lá, ainda que envergonhado). e o conceito de morte do autor é uma baita referência pra minha área de pesquisa. na comunicação, a gente ou estuda a produção, ou o produto ou a recepção. eu sou do produto (o que não elimina, claro, abordar produção e recepção) e Barthes é amiguinho meu na hora de defender esse viés epistemológico e metodológico.
beijos!
"A morte do autor não é consenso. Quem fala isso provavelmente viu no twitter"
Essa questão é mt importante pra mim, pq quando eu estudo algum tema, eu sempre passo por 4 fases:
1. Não sei nada sobre o assunto e começo a me aprofundar.
2. Percebo que o que eu aprendi era apenas uma linha teórica entre tantas outras.
3. Entro em contato com as outras vertentes e vejo sentido em várias, mesmo que opostas.
4. Chego à conclusão que não há conclusão.
Mesmo ficando um pouco frustrado com a última fase (rs), acho sempre relevante fazer o exercício de humildade de entrar em contato com diferentes pensamentos sobre um mesmo tema, pq me incomoda um pouco ver debates sobre assuntos tão complexos sendo tratados como prova de "verdadeiro ou falso" simplesmente pq as pessoas acham que é algo com resposta pronta e que elas tem essa resposta. Eu comecei a pensar nisso quando tava assistindo uma aula em que o professor citou uma teoria mt disseminada (e que eu tinha alguns problemas, mas não contava pra ngm) e ele disse "Claro, é apenas uma linha teórica entre várias. Ngm é obrigado a seguir essa especificamente". Aquilo foi libertador pra mim hahaha
Alegria do sábado a noite 🥰 ótimo vídeo!
Woa, tive notificações tuas! Que milagre ♡♡♡♡♡
Ótimo vídeo! Me elucidou sobre vários pontos!
Opa! Outro excelente video sobre o mesmo tema! Você precisa ler "Escrever sem escrever". Se você quiser ver um prolongamento dessa discussão, levando-a para os tempos atuais, de internet, copiar e colar, remix, leia o livro "Escrever sem escrever: literatura e apropriação no século XXI". É uma pesquisa acadêmica retrabalhada em linguagem de conversa e que foi premiada no Prêmio Internacional Casa de Las Américas 2020. O livro fala sobre a leitura como escrita e sobre a chamada "escrita não-criativa".
Vevs, faz mais vídeos sobre obras clássicas como A Epopéia De Gilgamesh e a Ilíada.
Mal tô conseguindo ler “Os Mistérios de Udolpho” pro meu próprio projeto gótico, vc me joga uma epopeia?!
@@Vevsvaladares Mas é claro mulher 😂😂😂. Acredito que tua review enriqueça mais que muitos prefácios existentes em livros clássicos 😁😁😃😃.
Saudades dos vídeos desse canal =)
Como sempre um vídeo perfeito
Nas minhas aulas na faculdade era tabu mencionar a vida do autor hahahaha alguns professores rejeitavam os comentários na hora. Imagino que as análises se compliquem ainda mais quando se tratam de livros tidos como autobiográficos, como é o caso de David Copperfield. Na própria edição que tenho do livro, a introdução traz comparações com a vida do autor. E, em alguns casos, essa informação é usada no marketing da obra.
Ótimo vídeo vevs
Fiquei bem interessado nesse livro
O texto do Barthes? Se for, não é um livro, é um ensaio bem curtinho, cujo link de acesso eu deixei na descrição juntamente com outras referências bibliográficas (;
Eu tenho uma objeção/dúvida/vozes da minha cabeça! Se a obra tem uma posição contrária ou que entra em conflito com a vida do próprio autor, podemos dizer que a valorização ou desvalorização vem da absorção do próprio leitor, né! Então neste caso tudo depende se há uma conexão do leitor com a obra forte o suficiente para superar o conflito. Nossa, preciso de um diploma de letras urgentemente!
3:19 quando a galera de exatas se forma num curso de letras....
Pena que a editora globo abandonou o projeto de publicar a comédia humana completa
Nao acredito que não há nenhuma menção a Theon Greyjoy nesse video. Sinto um vazio na alma.
Vídeo perfeito ❤
Seria muito pedir pra vevs ler caridad bravo Adams?
Digo isso porque estou amando " bodas de ódio "
Você teria algumas recomendações de leituras sobre hermenêutica e teorias da interpretação? Normalmente, os textos que eu encontro na internet sobre isso são religiosos ou do direito e queria uma visão mais abrangente, quiçá histórica, do assunto, como você fez no vídeo. Obrigado.
O nome que você procura é Paul Ricoeur 😉 Além do Hirsch, que eu citei no vídeo.
Uma boa pitada de linguística!
Por que sempre explicam significante/significado com o exemplo da cadeira? 🤔
Não sou eu que vou quebrar a tradição, né?!
Pode ser que eu esteja muuuuuito enganado, mas eu acho que foi Platão, quando estava apresentando o "Mundo das ideias", quem usou o exemplo da cadeira.
Tem uma obra de arte que é baseada na relação significante/significado que possui uma cadeira, se chama "one and three chairs", talvez a obra seja o que esteja mais forte no subconsciente, já que é a mais vista do assunto (a nível "Isso não é um cachimbo" do Magritte)
🤔🤔
Acho muito complicado pensar o texto em si, de maneira isolada, sem história, interlocutor, condições de produção. Falo isso porque penso que algumas obras, por exemplo, como os poemas de Manuel Bandeira, dialogam bastante com a vida do próprio autor (no caso, o fato de ele ter recebido o diagnóstico de tuberculose aparece nos textos). Não penso também que é razoável perguntar: o que o autor quis dizer? Se fosse assim, bastaria ter o autor para fazer uma leitura do texto literário. Ai, difícil essa questão. Hahaha.
Eu que sou paranoico ou teve uma alfinetada em Shakespeare?
Não sou da área da letras, talvez por isso tenha dificuldade em entender o Saussure. Usando o exemplo da cadeira, eu percebo que tem coisas na cadeira que sugerem esta palavra. Não me parece arbitrário o nome. Cadeira vem do Latin "cadere" que quer dizer cair. Está ligado ao gesto de sentar-se. Antes de criarem ou nomearem cadeira, quando as pessoas se sentavam em pedras, não vejo como poderia chamar o ato do "cadere" de mesa por exemplo....
Não sei se viajei, mas é isto! Sou da área de música e me ligo muito no som das palavras e como nomeamos coisas...
Abs
Eu acho que o autor pode permanecer "morto" quando ele vai pra rede social do passarinho dar o próprio significado de algo que ele escreveu quando percebe que há outros significados. Esse nível de intenção autoral pode acabar prejudicando (acredito eu) nas múltiplas camadas de interpretação do público.
Como estudo de caso: Luca. Enquanto a internet veio ao chão comentando um subtexto/ metáfora homoafetiva, possível de interpretar sim em falas daquele filme, o diretor saiu dizendo que "nanani nananão, é amizade". Acredito que rouba sim uma parte de deixar a obra "viver" dentro do público até pq essas interpretações não estavam fazendo mal a ninguém.
Agora quanto aos autores problemáticos, ultimamente eu só presencio a pá de terra nas covas deles mesmo. Por exemplo, antes de qualquer polêmica envolvendo a JK, algumas coisas saltavam aos olhos nos livros de HP, como a gordofobia escancarada (e que me deixava mal lendo aquilo), além de outras nuances que não dá pra falar sem o comentário ficar enorme. Aí quando ela, fora da obra, fala sobre um possível relacionamento homo entre Grind e Dumbledore sem mostrar uma linha nos livros (nem nos filmes recentes), acho sim uma grande falha. Pessoas sem acesso às falas dela podem não ter a mesma interpretação (impossível né, pq zero linhas sobre isso nas obras). Então, acredito sim que o autor quando quer que haja interpretação X na obra, ele coloque X na obra em vez de escrever até a letra anterior e completar X, Y e Z pelo twitter e falar que guardou isso por 20 anos mais para ter um respeito com leitores sem acesso Às falas diretas e para o autor, depois, não se passar nas redes sociais.
nesse ponto, até John Green saiu em defesa de escrever X, Y e Z nos livros e o autor, depois, aproveitar a covinha.