Cresci, com meu velho pai (hoje com 87 anos) - baiano de Camamu - cantando essa música por onde estivesse. E, até hoje, a canto, com veemência e felicidade. Que bom!
Conhece essa história Socorro Lira? Abílio Neto · Abreu e Lima, PE 7/1/2012 · 33 · 12 Nasceu em Cajazeiras/PB, em 18/12/1908, um menino a quem foi dado o nome de Alfredo Ricardo do Nascimento. Aos nove anos teve que pegar pesado na enxada para ajudar a família. Depois, foi apanhador de algodão e tropeiro. Por esse tempo já gostava de cantar. No fim da década de vinte foi selecionado para servir ao Exército Brasileiro, mas não se sabe por que foi mandado prestar o serviço militar no Rio de Janeiro. Lá ficou e passou a residir próximo ao Morro da Mangueira. Ao fim da década de trinta foi convidado pela primeira vez a participar do show de Joracy Camargo, chamado Aldeia Portuguesa, onde fez muito sucesso cantando uma embolada de sua autoria. Depois disso foi contratado pela Rádio Tupi, ocasião em que adotou o pseudônimo que lhe fez famoso pro resto da vida: Zé do Norte. Em 1940 foi trabalhar na Rádio Transmissora Brasileira, atual Rádio Globo. Por esse período, em alguns dos seus programas, foi acompanhado por um sanfoneiro quase desconhecido chamado Luiz Gonzaga. Depois da Tupi, trabalhou nas rádios Fluminense, Clube do Brasil e Guanabara, nesta última teve como sanfoneiro um iniciante que viria a se tornar muito famoso posteriormente: João Donato. Por último, trabalhou na Rádio Tamoio. Assim, o menino de Cajazeiras se transformou em cantor, compositor, poeta, folclorista, animador de auditório, declamador e escritor, porque Zé do Norte publicou o livro Brasil Sertanejo em 1948. Mais ou menos cinco anos depois, foi contratado como consultor sobre o linguajar nortista (da Bahia pra cima tudo era Norte pros sulistas) pelo cineasta Lima Barreto. Mas seu talento lhe permitiu ir além, porque foi compositor num clássico do cinema brasileiro. Sua música “Mulher Rendeira” ficou mundialmente conhecida após ser incluída na trilha sonora do filme "O Cangaceiro", do citado diretor, de 1953, que ganhou o Festival de Cannes daquele ano e foi visto por milhões de pessoas em mais de oitenta países no mundo. Entre as mais de cem músicas compostas por Zé do Norte, fizeram muito sucesso “Sodade, Meu Bem, Sodade”, “Meu Pião” e “Lua Bonita”. Por volta dos anos 60, Bob Dylan e Joan Baez, foram buscar inspiração no folclore americano e na música da América Latina. E é num de seus primeiros discos, o "Joan Baez 5", que se encontra "Mulher Rendeira", com o título de "O Cangaceiro" e com os créditos de Zé do Norte atribuídos ao seu verdadeiro nome, Alfredo Ricardo do Nascimento. Mas se vocês pensarem num sujeito injustiçado não há ninguém como Zé do Norte. Diziam que as suas músicas não eram composições dele, porém recolhidas do folclore. Inventaram até que “Mulher Rendeira” tinha Lampião como autor. Um membro da Sociedade Brasileira para Estudos do Cangaço chegou a afirmar que em 1927, Lampião e seu bando entraram em Mossoró/RN cantando essa música. Por tudo que eu tenho lido sobre Lampião não sei se isso é verdadeiro ou não. Lampião quando viu Mossoró de um alto e constatou duas torres de igreja, foi logo avisando aos cangaceiros: “Cidade com mais de uma torre de igreja não é pra bandidos que nem a gente”! Na verdade, Lampião saiu de lá corrido e perdeu o seu então mais importante cangaceiro:Jararaca. Se ele sabia que a cidade não iria lhe dar mole e as suas desconfianças se confirmaram, tanto que foi recebido debaixo de forte saraivada de balas, como iria entrar lá cantando? Em 1972, outra injustiça: no disco Transa, de Caetano Veloso, no meio de uma das músicas "It’s a Long Way", são cantados estes versos: "os óios da cobra é verde/ hoje foi que arreparei/ se arreparasse há mais tempo/ não amava quem amei (...) arrenego de quem diz/ que o nosso amor se acabou/ ele agora está mais firme/ do que quando começou". Os versos são de Zé do Norte, mas quem pensar que Caetano lhe deu os devidos créditos, quebrou a cara. A fonte é a música “Sodade, meu Bem, Sodade” gravada também de forma magistral pela dupla Pena Branca e Xavantinho. A injustiça final: mataram Zé do Norte muito antes dele ter morrido de causa natural em Vila Valqueire, Rio de Janeiro, em 04/01/1992. Até alguns sítios da internet da sua cidade natal, Cajazeiras, o dão por falecido em 1979. Também inventaram que ele morreu pobre e acolhido pelo Retiro dos Artistas no Rio de Janeiro. Não é verdade. Zé do Norte ao morrer desfrutava de uma situação financeira estável. O que liga Zé do Norte a Pernambuco é a admiração de Luiz Gonzaga por ele e vice-versa, e no gosto comum que eles tinham pelo maracatu. Mesmo em Pernambuco, berço natural deste ritmo, é muito raro se encontrar um maracatu com letra. Zé do Norte deixou um que é uma beleza: “Rainha de Tamba”. Foi gravado por ele, Jackson do Pandeiro e Alceu Valença, embora esses últimos a tenham colocado no ritmo de forró. Relembrando Zé do Norte também vamos relembrar de uma das maiores duplas de música sertaneja que o Brasil conheceu: Pena Branca e Xavantinho. É deles a melhor interpretação de "Sodade, Meu Bem Sodade". Quanta saudade desses dois! O último, Pena Branca, disse adeus em fevereiro de 2010. Xavantinho já tinha ido em outubro de 1999. E vamos trazer o talentoso e injustiçado Zé do Norte para cantar de sua autoria o lindo maracatu "Rainha de Tamba". Alô pessoal do grupo de maracatu Baque Mulher, do Recife, esta vai dedicada a vocês que fazem esse belo trabalho que nos contagia! Para ouvir a toada "Sodade, Meu Bem Sodade" clique aqui. Para ouvir o maracatu "Rainha de Tamba" clique aqui. E viva o nosso querido Zé Norte, inesquecível!
É verdade que atacaram Mossoró cantando a mulher renderia,já um depoimento de Senhor que foi um resistente chamado Dionísio Pereira ele falou bem isso.
Escutem isso: Rolando Boldrin é Joaquinense, eu também sou. Dias atrás Marco Haurélio (poeta e folclorista) estava conosco - proferindo um mini curso e uma conferência - na Faculdade de Ciências Integradas do Pontal da Universidade Federal de Uberlândia. Na volta à Uberlândia uma coincidência uniu-nos até o aeroporto, eu e minha companheira (Layra) íamos a Brasília e o Marco voltava para São Paulo, local onde mora atualmente. Tomamos uma cerveja no aeroporto, falávamos sobre cordel, mitos, etc... quando chegamos no assunto de Socorro Lira, eu disse: "Eis a voz do momento!" O Marco e Layra também concordaram. Essa é a voz do momento da Música Popular Brasileira. Estou ansioso para poder vê-la cantando.
A música que é atribuída ao cangaceiro Volta Seca (Antonio Santos) é outra, chama-se Acorda, Maria Bonita (levanta e vai fazê o café...etc.). Foi gravada em disco pelo cangaceiro, depois de largar o cangaço e receber o perdão oficial.
"Mulher Rendeira" era uma canção da gesta cangaceira de origem desconhecida, a letra era colocada espontaneamente por cangaceiros. Alguns tinham talentos para a música.
Cresci, com meu velho pai (hoje com 87 anos) - baiano de Camamu - cantando essa música por onde estivesse. E, até hoje, a canto, com veemência e felicidade.
Que bom!
O artista nunca morre
Eita! Faz tanto tempo e a gente não se cansa de rever essa linda música do querido Zé do Norte!!
linda canção de Zé do norte . cantando por tantos cantores inclusive pelo nosso rei do Rock'baião Raul Seixas em se LP "A pedra do Gêneses"
Amo essa música ela me traz muitas Saudades,meu marido vivia cantando essa música Lua Bonita hoje ele está cantando lá no céu ❤
Linda demais
"Deixa São Jorge
No seu jubaio amuntado
E vem cá para o meu lado
Pra gente viver sem dor"
Uma verdadeira jóia!!
Lua Bonita, um clássico.
Socorro, perfeita interpretação!!! Maravilha!!! Saudades da Paraíba minha terra natal.
Conhece essa história Socorro Lira? Abílio Neto · Abreu e Lima, PE
7/1/2012 · 33 · 12
Nasceu em Cajazeiras/PB, em 18/12/1908, um menino a quem foi dado o nome de Alfredo Ricardo do Nascimento. Aos nove anos teve que pegar pesado na enxada para ajudar a família. Depois, foi apanhador de algodão e tropeiro. Por esse tempo já gostava de cantar.
No fim da década de vinte foi selecionado para servir ao Exército Brasileiro, mas não se sabe por que foi mandado prestar o serviço militar no Rio de Janeiro. Lá ficou e passou a residir próximo ao Morro da Mangueira.
Ao fim da década de trinta foi convidado pela primeira vez a participar do show de Joracy Camargo, chamado Aldeia Portuguesa, onde fez muito sucesso cantando uma embolada de sua autoria.
Depois disso foi contratado pela Rádio Tupi, ocasião em que adotou o pseudônimo que lhe fez famoso pro resto da vida: Zé do Norte.
Em 1940 foi trabalhar na Rádio Transmissora Brasileira, atual Rádio Globo. Por esse período, em alguns dos seus programas, foi acompanhado por um sanfoneiro quase desconhecido chamado Luiz Gonzaga.
Depois da Tupi, trabalhou nas rádios Fluminense, Clube do Brasil e Guanabara, nesta última teve como sanfoneiro um iniciante que viria a se tornar muito famoso posteriormente: João Donato. Por último, trabalhou na Rádio Tamoio.
Assim, o menino de Cajazeiras se transformou em cantor, compositor, poeta, folclorista, animador de auditório, declamador e escritor, porque Zé do Norte publicou o livro Brasil Sertanejo em 1948. Mais ou menos cinco anos depois, foi contratado como consultor sobre o linguajar nortista (da Bahia pra cima tudo era Norte pros sulistas) pelo cineasta Lima Barreto.
Mas seu talento lhe permitiu ir além, porque foi compositor num clássico do cinema brasileiro. Sua música “Mulher Rendeira” ficou mundialmente conhecida após ser incluída na trilha sonora do filme "O Cangaceiro", do citado diretor, de 1953, que ganhou o Festival de Cannes daquele ano e foi visto por milhões de pessoas em mais de oitenta países no mundo.
Entre as mais de cem músicas compostas por Zé do Norte, fizeram muito sucesso “Sodade, Meu Bem, Sodade”, “Meu Pião” e “Lua Bonita”. Por volta dos anos 60, Bob Dylan e Joan Baez, foram buscar inspiração no folclore americano e na música da América Latina. E é num de seus primeiros discos, o "Joan Baez 5", que se encontra "Mulher Rendeira", com o título de "O Cangaceiro" e com os créditos de Zé do Norte atribuídos ao seu verdadeiro nome, Alfredo Ricardo do Nascimento.
Mas se vocês pensarem num sujeito injustiçado não há ninguém como Zé do Norte. Diziam que as suas músicas não eram composições dele, porém recolhidas do folclore. Inventaram até que “Mulher Rendeira” tinha Lampião como autor. Um membro da Sociedade Brasileira para Estudos do Cangaço chegou a afirmar que em 1927, Lampião e seu bando entraram em Mossoró/RN cantando essa música.
Por tudo que eu tenho lido sobre Lampião não sei se isso é verdadeiro ou não. Lampião quando viu Mossoró de um alto e constatou duas torres de igreja, foi logo avisando aos cangaceiros: “Cidade com mais de uma torre de igreja não é pra bandidos que nem a gente”! Na verdade, Lampião saiu de lá corrido e perdeu o seu então mais importante cangaceiro:Jararaca. Se ele sabia que a cidade não iria lhe dar mole e as suas desconfianças se confirmaram, tanto que foi recebido debaixo de forte saraivada de balas, como iria entrar lá cantando?
Em 1972, outra injustiça: no disco Transa, de Caetano Veloso, no meio de uma das músicas "It’s a Long Way", são cantados estes versos: "os óios da cobra é verde/ hoje foi que arreparei/ se arreparasse há mais tempo/ não amava quem amei (...) arrenego de quem diz/ que o nosso amor se acabou/ ele agora está mais firme/ do que quando começou". Os versos são de Zé do Norte, mas quem pensar que Caetano lhe deu os devidos créditos, quebrou a cara. A fonte é a música “Sodade, meu Bem, Sodade” gravada também de forma magistral pela dupla Pena Branca e Xavantinho.
A injustiça final: mataram Zé do Norte muito antes dele ter morrido de causa natural em Vila Valqueire, Rio de Janeiro, em 04/01/1992. Até alguns sítios da internet da sua cidade natal, Cajazeiras, o dão por falecido em 1979. Também inventaram que ele morreu pobre e acolhido pelo Retiro dos Artistas no Rio de Janeiro. Não é verdade. Zé do Norte ao morrer desfrutava de uma situação financeira estável.
O que liga Zé do Norte a Pernambuco é a admiração de Luiz Gonzaga por ele e vice-versa, e no gosto comum que eles tinham pelo maracatu. Mesmo em Pernambuco, berço natural deste ritmo, é muito raro se encontrar um maracatu com letra. Zé do Norte deixou um que é uma beleza: “Rainha de Tamba”. Foi gravado por ele, Jackson do Pandeiro e Alceu Valença, embora esses últimos a tenham colocado no ritmo de forró.
Relembrando Zé do Norte também vamos relembrar de uma das maiores duplas de música sertaneja que o Brasil conheceu: Pena Branca e Xavantinho. É deles a melhor interpretação de "Sodade, Meu Bem Sodade". Quanta saudade desses dois! O último, Pena Branca, disse adeus em fevereiro de 2010. Xavantinho já tinha ido em outubro de 1999.
E vamos trazer o talentoso e injustiçado Zé do Norte para cantar de sua autoria o lindo maracatu "Rainha de Tamba". Alô pessoal do grupo de maracatu Baque Mulher, do Recife, esta vai dedicada a vocês que fazem esse belo trabalho que nos contagia!
Para ouvir a toada "Sodade, Meu Bem Sodade" clique aqui.
Para ouvir o maracatu "Rainha de Tamba" clique aqui.
E viva o nosso querido Zé Norte, inesquecível!
É verdade que atacaram Mossoró cantando a mulher renderia,já um depoimento de Senhor que foi um resistente chamado Dionísio Pereira ele falou bem isso.
Gostei muito da voz de Socorro Lira! Voz macia, suave e muito bonita.
Escutem isso:
Rolando Boldrin é Joaquinense, eu também sou.
Dias atrás Marco Haurélio (poeta e folclorista) estava conosco - proferindo um mini curso e uma conferência - na Faculdade de Ciências Integradas do Pontal da Universidade Federal de Uberlândia. Na volta à Uberlândia uma coincidência uniu-nos até o aeroporto, eu e minha companheira (Layra) íamos a Brasília e o Marco voltava para São Paulo, local onde mora atualmente. Tomamos uma cerveja no aeroporto, falávamos sobre cordel, mitos, etc... quando chegamos no assunto de Socorro Lira, eu disse: "Eis a voz do momento!" O Marco e Layra também concordaram. Essa é a voz do momento da Música Popular Brasileira. Estou ansioso para poder vê-la cantando.
Aplausos
Amo está canção.Lua bonita.
Música de Zé do norte, interpretada com maestria.
raul seixas também cantou essa música ficou linda também
Ela copiou de raul seixas
@@CEARA_BF2 acho que vc precisa assistir ao video novamente, essa canćão é do Zé do Norte que TAMBEM foi grava pelo Raul Seixas.
@@SuperTgames Belchior, Maria bethania, também gravaram.
Escutei muito a música o meu pinhão de Zé do Norte na voz de Geraldo Azevedo
A música que é atribuída ao cangaceiro Volta Seca (Antonio Santos) é outra, chama-se Acorda, Maria Bonita (levanta e vai fazê o café...etc.). Foi gravada em disco pelo cangaceiro, depois de largar o cangaço e receber o perdão oficial.
60 anos, de O Cangaceiro, em 2013.
eu gosto a musica tras muita inspiração para os meus trabalhos
Musica muito legal, e belíssima interpretação. Zanatta
SOCORRO LIRA, MUITA CULTURA EM FORMA DE MULHER...OU SUA FA, MINHA CONTERRANEA
👏👏👏👏👏👏👏
Muito boa a versão!
"Mulher Rendeira" era uma canção da gesta cangaceira de origem desconhecida, a letra era colocada espontaneamente por cangaceiros. Alguns tinham talentos para a música.
quem escreveu essa letra foi o meu bisavô zé martins
verdade. o zé do norte contou a história
Lindo!
Parabéns!
Lindo
Socorro, estou em 2021 (maio), o Boldrin passou a letra do Zé do Norte?
Música do cangaceiro Volta Seca é , ACORDA MARIA BONITA.
4:50
MUITO LINDA