2:41 Entrevistador: Como está a vida? Transeunte: Uma goela... apertada, dura, íngreme. Tá afunilada. A gente tá vivendo a vida da gente num sufoco. Entrevistador: Não foi sempre assim? Transeunte: Olha, o fato de “ter sido sempre” fica por tua conta, mas desde que eu me conheço por gente, dava pra gente viver “afogadamente”. Hoje... Tá duro compadre. Duro. Não sei o que fazem nos bastidores... Entrevistador: O senhor tem saudade de que época? Transeunte: Saudade eu não tenho meu filho, mas viver bem, pelo menos de acordo com a Constituição, deveria todo mundo viver.Ter casa, moradia, lazer, condições, educar os filhos, meter na faculdade... Poder olhar para trás e dizer assim “a coisa vem bem”, mas... tá difícil compadre. Eu acho que acreditei piamente nos homens que estão lá em cima que administravam esse governo e nesse Pacto Social que Rousseau ainda é culpado, rapaz! Cê acredita?! Entrevistador: O senhor não acha que o Pacto Social de Rousseau já é uma coisa que devia ter sido revista completamente? Transeunte: Há muito tempo, porque a partir do instante em que ele me tirou de um estado natural e me garantiu que no pacto social dele todos nós estaríamos garantidos, sob o manto da Lei e da proteção... Entrevistador: E o senhor acreditou? Transeunte: Eu não acreditei não rapaz! Me infligiram isso, colocaram isso na minha cabeça rapaz! Me colocaram isso na cabeça... e eu “entrei de patinhos”... só que esse pacto aí é pior do que aquele selvagem. Me deixasse no selvagem, amigo homem! Entrevistador: Proponha um pacto social. Transeunte: Que a cidadania seja enxergada e seja vista dentro daqueles aspectos que me propuseram numa Carta Magna, na Carta da República. Que eu de fato como um cidadão tenha acesso às informações, seja informado todos os dias, seja esclarecido todos os dias e não me sinta envergonhado. Vez em quando até comentar esses assuntos assim publicamente. Entrevistador: O senhor diz que não tem saudades de tempo nenhum? Transeunte: Não, saudade eu não tenho. A gente apaga. É um borrão. É um mata-borrão - a gente apaga! Entrevistador: O senhor sabe que se nós esquecermos o passado ele volta? Transeunte: Se voltasse pra mim seria gostoso... como eu te disse (risos) Entrevistador: O senhor nunca pensa? Porque eu juro por mim que dá pra perceber outra coisa... Transeunte: Ao contrário - simplesmente em sobreviver, rapaz! Esse capitalismo selvagem tá... danificando o espírito da gente (risos)
João Cabral e Décio Pignatari num mesmo programa e o Abujamra lendo Haroldo de Campos no final. E esse senhor na rua...esse programa foi fora da curva.
Obrigado pelo programa
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Entrevistador: Como está a vida?
Transeunte: Uma goela... apertada, dura, íngreme. Tá afunilada. A gente tá vivendo a vida da gente num sufoco.
Entrevistador: Não foi sempre assim?
Transeunte: Olha, o fato de “ter sido sempre” fica por tua conta, mas desde que eu me conheço por gente, dava pra gente viver “afogadamente”. Hoje... Tá duro compadre. Duro. Não sei o que fazem nos bastidores...
Entrevistador: O senhor tem saudade de que época?
Transeunte: Saudade eu não tenho meu filho, mas viver bem, pelo menos de acordo com a Constituição, deveria todo mundo viver.Ter casa, moradia, lazer, condições, educar os filhos, meter na faculdade... Poder olhar para trás e dizer assim “a coisa vem bem”, mas... tá difícil compadre. Eu acho que acreditei piamente nos homens que estão lá em cima que administravam esse governo e nesse Pacto Social que Rousseau ainda é culpado, rapaz! Cê acredita?!
Entrevistador: O senhor não acha que o Pacto Social de Rousseau já é uma coisa que devia ter sido revista completamente?
Transeunte: Há muito tempo, porque a partir do instante em que ele me tirou de um estado natural e me garantiu que no pacto social dele todos nós estaríamos garantidos, sob o manto da Lei e da proteção...
Entrevistador: E o senhor acreditou?
Transeunte: Eu não acreditei não rapaz! Me infligiram isso, colocaram isso na minha cabeça rapaz! Me colocaram isso na cabeça... e eu “entrei de patinhos”... só que esse pacto aí é pior do que aquele selvagem. Me deixasse no selvagem, amigo homem!
Entrevistador: Proponha um pacto social.
Transeunte: Que a cidadania seja enxergada e seja vista dentro daqueles aspectos que me propuseram numa Carta Magna, na Carta da República. Que eu de fato como um cidadão tenha acesso às informações, seja informado todos os dias, seja esclarecido todos os dias e não me sinta envergonhado. Vez em quando até comentar esses assuntos assim publicamente.
Entrevistador: O senhor diz que não tem saudades de tempo nenhum?
Transeunte: Não, saudade eu não tenho. A gente apaga. É um borrão. É um mata-borrão - a gente apaga!
Entrevistador: O senhor sabe que se nós esquecermos o passado ele volta?
Transeunte: Se voltasse pra mim seria gostoso... como eu te disse (risos)
Entrevistador: O senhor nunca pensa? Porque eu juro por mim que dá pra perceber outra coisa...
Transeunte: Ao contrário - simplesmente em sobreviver, rapaz! Esse capitalismo selvagem tá... danificando o espírito da gente (risos)
A verdade é um insulto ,nesse país.
Essas caras nunca morrem
que programa colossal!
João Cabral e Décio Pignatari num mesmo programa e o Abujamra lendo Haroldo de Campos no final. E esse senhor na rua...esse programa foi fora da curva.
O programa provocações por si próprio é fora da curva rs
Esse cara na rua é genial!
Ícone contemporâneo!!!
maravilhoso
SM