O que me assombra na Sally Rooney é o olhar aguçado que ela tem para a contemporaneidade. O contemporâneo dela é o agora, o que poderia ser um problema para outros escritores. Ela não precisa do distanciamento temporal para entender a dinâmica das relações no mundo hiperconectado atual. Ainda não li esse, mas já está na minha lista.
Achei o final arrastadíssimo mas gostei do desfecho. Esperava um final como “pessoas normais” e fiquei muito surpresa com a resolução. Enquanto eu lia, pensei, que os rapazes se encaminhariam para algo juntos! E Félix foi realmente a personagem que mais me apeguei. Testa a paciência até o limite mas achei muito bem construído. Compartilho da sua crítica à figura feminina que ela propõe em suas narrativas e espero ler algo diferente também. Sua resenha chama atenção para a questão dos afetos, achei ótimo, pois não havia pensado tanto nisso ao ler, mas faz muito sentido! Sigo apaixonada pelos diálogos da Sally!
Meu deus é impossível ver um video seu e não sentir vontade de ler o livro urgentemente Tinha visto outro vídeo sobre esse livro e não tinha achado muita coisa mas, o seu trouxe toda uma nova visão sobre ele
Tive outra visão sobre o livro agora, gostei em muitos momentos e me identifiquei, mas tava muito entendiante. Amo o jeito que a Sally trata dos confrontos de classe e econômicos mesmo ela sendo de um país desenvolvido.
Demais a resenha, Aline! É aquilo que Caetano diz: de perto ninguém é normal. Ou pior: de perto, todo mundo é difícil. O vídeo também me lembrou a série "Girls", que tou vendo agora na HBO.
Aimee , não conheço essa escritora ! Ainda não li nenhum dos três livros dela ! Mas , quero ler um livro da Sally Rooney ! Qual dos três você me indica ?!
As pessoas com quem falo no insta pareceram gostar do livro. Confesso que não li nada da autora. Quero começar com "Pessoas normais", é o que mais me chama. Sobre relações humanas mediadas pela tecnologia, li um "romance" que não posso deixar de recomendar aqui: Kentukis, da Samanta Schweblin. Aquele tipo de livro que a gente não consegue largar, faz pensar em muitas coisas... Por mais que se inventem aplicativos e dispositivos, a interação entre as pessoas sempre será mais ou menos problemática, não tem jeito.
Não consigo gostar dos livros da Sally Rooney, o que eu mais cheguei perto foi conversas entre amigos. Normal People só me provocou humor involuntário, o que aquela personagem é, um para-raio de situações abusiva? É mãe distante, irmão psicopata, namorado bosta 1, namorado escroto 2, SADOMASOQUISMO !!! Acho muito forçado quando atribuem mil males ao mesmo personagem assim. Comecei a ler esse novo dela ontem e me deparei com esses e-mails completamente inverossimeis (*quem se refere aos próprios e-mail como "correspondência" como se fossem ladys do século xix?*) e com uma reflexões mega rasas (*de bolha mesmo*): a mulher vai discutir capitalismo a partir de uma visita a uma LOJINHA DE CONVENIÊNCIA??? O que é isso, novela do Manoel Carlos !!!! (White people problems?). Me incomoda um pouco também opção de não dar nomes aos bois, parece novela da Globo. Por que falar "aplicativo de mensagens" e não telegram? Por que loja aleatória ao invés de Amazon ???
Sobre a personagem de Normal People, não é incomum que vítimas de abuso familiar inconscientemente busquem reproduzir esse abuso em relacionamentos futuros. Psicanaliticamente falando, a dor se torna um fonte de gozo, gerando um padrão de comportamento e escolha. Sobre os e-mails do Belo mundo, as personagens podem ter criado um hábito próprio, eu mesma tenho uma amiga com quem troco longos e-mails, embora saiba que isso é incomum. E não vejo problema em chamar de correspondência. Adoro expressões rococós, uso-as e irei denfendê-las, haha. Veja, tenho 40 anos e às vezes rola uma nostalgia, sim, de uma comunicação mais atenciosa e extensa. Isso inclusive é assunto entre meus amigos quarentões, embora muitos tenham se adequado mais à lógica dos meios mais recentes. Quanto às opiniões de bolha, notei-as também, tanto que apontei o quanto achei algumas delas ingênuas. Mas o fato de as personagens serem ingênuas não estraga o romance para mim, torna-as mais verossímeis, na verdade. Essa opinião de bolha é uma realidade em toda parte hoje em dia. O que me parece é que elas de algum modo tentam exatamente fugir dessa lógica bolhuda que torna qualquer diferença intolerável. É por isso, me parece, que o relacionamento delas com os rapazes é tão difícil. Porque no fundo elas estão tentando conhece-los de verdade e dar uma chance para uma relação não idealizada com base em seus próprios narcisismos. Faz sentido?
Sobre os nomes de lojas e de aplicativos, me pergunto se é pensando que um dia essas coisas deixarão de existir e leitores do futuro não entenderão ao certo do que ela está falando. Tipo dar pra um leitor de 20 anos um livro que fala de Casas da Banha e ICQ. 🤪
@@AlineAimee a questão dos e-mails, apesar de me incomodar mais a verborragia dos personagens que os e-mails em si. Já normal people pra mim, tem em seu DNA os problems das abordagens, dos merchans sociais, dos Young adults: ser uma abordagem rasa. Sim pode ser possível na vida real esses abusos generalizados, mas a abordagem não me convenceu - no sentido de verossimilhança mesmo - que você possa encontrar um psicopata sadomasoquista só virando a esquina. Soaram como abusadores genéricos com uma plaquinha de neon na testa (*eu sou abusador*) e ninguém percebia nada. Por que o irmão dela era daquele jeito? Por que a mãe dela era distante? Não existem motivações trabalhadas nessa abordagem, tudo é jogado e o leitor que tenha imaginação suficiente pra preencher as lacunas do texto. Sim, na vida real as pessoas não precisam ter motivações ou alguém precisa de um motivo para desenvolver uma doença, mas na ficção sim.
Sendo um romance contemporâneo, já bem posterior às primeiras propostas da ficção lacunar, não me parece nada inverossímil. É um questão de concentração: às motivações se restringem aos personagens principais. Já em Memorias do subsolo temos um personagem reivindicando o direito de fazer coisas sem sentido. Em O estrangeiro, um assassinato acontece porque estava muito calor. Esse tipo de lacuna não incomoda tanto leitores habituados à abordagem do absurdo
Suas resenhas sao muito boas, excelentes. Mas eu acho estranho que voce se refira a escritora no primeiro nome. Enquanto eu ouvia voce falar 'Sally' aqui e acola, eu pensava: de quem ela fala? e achava ate que era uma personagem (pois nao li este livro ainda e sinceramente nao sei se vou ler). Geralmente a gente fala dela como 'Rooney' em vez de 'Sally.' Nao e uma critica, e so um comentario.
Costumo chamar os autores pelo nome que me soa mais sonoro acho. Clarice, não Lispector; Graciliano, não Ramos. Mas Borges, não Jorge. Também tem Gabo, um apelido de Gabriel Garcia Marquez. Uso de sobrenome é convenção da escrita, mas não me prendo a isso quando estou fazendo resenha falada, não. Porque aqui assumo certa informalidade.
O que me assombra na Sally Rooney é o olhar aguçado que ela tem para a contemporaneidade. O contemporâneo dela é o agora, o que poderia ser um problema para outros escritores. Ela não precisa do distanciamento temporal para entender a dinâmica das relações no mundo hiperconectado atual. Ainda não li esse, mas já está na minha lista.
Sim, dá pra ver que ela é bastante arguta!
@@AlineAimee Bom domingo, Aline! 😊
Obrigada, querida! Para você também! 😊
Gostei da sua resenha sobre este livro da Sally Rooney ! Obrigada !
Achei o final arrastadíssimo mas gostei do desfecho. Esperava um final como “pessoas normais” e fiquei muito surpresa com a resolução. Enquanto eu lia, pensei, que os rapazes se encaminhariam para algo juntos! E Félix foi realmente a personagem que mais me apeguei. Testa a paciência até o limite mas achei muito bem
construído.
Compartilho da sua crítica à figura feminina que ela propõe em suas narrativas e espero ler algo diferente também.
Sua resenha chama atenção para a questão dos afetos, achei ótimo, pois não havia pensado tanto nisso ao ler, mas faz muito sentido!
Sigo apaixonada pelos diálogos da Sally!
Meu deus é impossível ver um video seu e não sentir vontade de ler o livro urgentemente
Tinha visto outro vídeo sobre esse livro e não tinha achado muita coisa mas, o seu trouxe toda uma nova visão sobre ele
* Li o livro " Em Casa " por sugestão tua e gostei ! Achei-o realmente REALISTA !!!
Tive outra visão sobre o livro agora, gostei em muitos momentos e me identifiquei, mas tava muito entendiante.
Amo o jeito que a Sally trata dos confrontos de classe e econômicos mesmo ela sendo de um país desenvolvido.
20 mil inscritos!!! obaaaa! 🎉🎉🎉🎉✨✨✨✨
🎉😀🎉😀
Demais a resenha, Aline! É aquilo que Caetano diz: de perto ninguém é normal. Ou pior: de perto, todo mundo é difícil. O vídeo também me lembrou a série "Girls", que tou vendo agora na HBO.
Tem bastante a ver com Girls, tanto na questão dos relacionamentos como na da precarização do trabalho, né?
A nao ser que voce leia os livros de Henry James em que todos sao normais e neutros.
eu acho que sou a única pessoa que conheço que não gostou de normal people, mas gostou desse! hehe
adorei os comentários, Aline, como sempre!
Dr todas aa resenhas acho que o único que talvez eu não goste tanto seja o conversa entre amigos, pois eu amei as resenhas dos livros da Sally
Aimee , não conheço essa escritora ! Ainda não li nenhum dos três livros dela ! Mas , quero ler um livro da Sally Rooney ! Qual dos três você me indica ?!
Eu indicaria o Pessoas Normais pra começar.
Eu terminei de ler este livro ontem e que legal encontrar sua resenha e te conhecer por este livro, Aline! Adorei.
Oba! Seja bem-vinda! 🙂
Já quero ❤ faço 30 ano que vem 😊
Incrível a sua capacidade de fazer a gente querer ler tudo..rs... eu ainda não conheço a autora, mas deu vontade!
Eu Adoro ver seus Vídeos sempre legais e bacana demais que Deus e Jesus lhe Abençoe Beijos no Coração
adorei sua resenha!
Não conhecia o livro, pela capa eu passaria de longe, mas gostei muito da resenha
As pessoas com quem falo no insta pareceram gostar do livro. Confesso que não li nada da autora. Quero começar com "Pessoas normais", é o que mais me chama.
Sobre relações humanas mediadas pela tecnologia, li um "romance" que não posso deixar de recomendar aqui: Kentukis, da Samanta Schweblin. Aquele tipo de livro que a gente não consegue largar, faz pensar em muitas coisas... Por mais que se inventem aplicativos e dispositivos, a interação entre as pessoas sempre será mais ou menos problemática, não tem jeito.
Estou louca pra ler esse, Mônica! Bom saber que você gostou!
Bela resenha!
Qual seria a classificação do livro?
Aline, sua resenha me pareceu muito melhor e maior do que o romance da Sally. Não gostei do livro.
O que te incomodou? Se importaria de falar? 🙂
@@AlineAimee , achei forçada a troca de e-mails. No geral, o romance não me cativou. Não li os outros dela. Vc me recomendaria algum em especial?
Gostei muito do Pessoas Normais! É um livro bastante triste! Fiquei comovida!
Sinceramente não me deu vontade de ler.
Acontece! 😁
❤️
Eu também
Não consigo gostar dos livros da Sally Rooney, o que eu mais cheguei perto foi conversas entre amigos.
Normal People só me provocou humor involuntário, o que aquela personagem é, um para-raio de situações abusiva? É mãe distante, irmão psicopata, namorado bosta 1, namorado escroto 2, SADOMASOQUISMO !!! Acho muito forçado quando atribuem mil males ao mesmo personagem assim.
Comecei a ler esse novo dela ontem e me deparei com esses e-mails completamente inverossimeis (*quem se refere aos próprios e-mail como "correspondência" como se fossem ladys do século xix?*) e com uma reflexões mega rasas (*de bolha mesmo*): a mulher vai discutir capitalismo a partir de uma visita a uma LOJINHA DE CONVENIÊNCIA??? O que é isso, novela do Manoel Carlos !!!! (White people problems?).
Me incomoda um pouco também opção de não dar nomes aos bois, parece novela da Globo. Por que falar "aplicativo de mensagens" e não telegram? Por que loja aleatória ao invés de Amazon ???
Sobre a personagem de Normal People, não é incomum que vítimas de abuso familiar inconscientemente busquem reproduzir esse abuso em relacionamentos futuros. Psicanaliticamente falando, a dor se torna um fonte de gozo, gerando um padrão de comportamento e escolha.
Sobre os e-mails do Belo mundo, as personagens podem ter criado um hábito próprio, eu mesma tenho uma amiga com quem troco longos e-mails, embora saiba que isso é incomum. E não vejo problema em chamar de correspondência. Adoro expressões rococós, uso-as e irei denfendê-las, haha.
Veja, tenho 40 anos e às vezes rola uma nostalgia, sim, de uma comunicação mais atenciosa e extensa. Isso inclusive é assunto entre meus amigos quarentões, embora muitos tenham se adequado mais à lógica dos meios mais recentes.
Quanto às opiniões de bolha, notei-as também, tanto que apontei o quanto achei algumas delas ingênuas. Mas o fato de as personagens serem ingênuas não estraga o romance para mim, torna-as mais verossímeis, na verdade. Essa opinião de bolha é uma realidade em toda parte hoje em dia. O que me parece é que elas de algum modo tentam exatamente fugir dessa lógica bolhuda que torna qualquer diferença intolerável. É por isso, me parece, que o relacionamento delas com os rapazes é tão difícil. Porque no fundo elas estão tentando conhece-los de verdade e dar uma chance para uma relação não idealizada com base em seus próprios narcisismos. Faz sentido?
Sobre os nomes de lojas e de aplicativos, me pergunto se é pensando que um dia essas coisas deixarão de existir e leitores do futuro não entenderão ao certo do que ela está falando. Tipo dar pra um leitor de 20 anos um livro que fala de Casas da Banha e ICQ. 🤪
@@AlineAimee a questão dos e-mails, apesar de me incomodar mais a verborragia dos personagens que os e-mails em si. Já normal people pra mim, tem em seu DNA os problems das abordagens, dos merchans sociais, dos Young adults: ser uma abordagem rasa. Sim pode ser possível na vida real esses abusos generalizados, mas a abordagem não me convenceu - no sentido de verossimilhança mesmo - que você possa encontrar um psicopata sadomasoquista só virando a esquina. Soaram como abusadores genéricos com uma plaquinha de neon na testa (*eu sou abusador*) e ninguém percebia nada. Por que o irmão dela era daquele jeito? Por que a mãe dela era distante? Não existem motivações trabalhadas nessa abordagem, tudo é jogado e o leitor que tenha imaginação suficiente pra preencher as lacunas do texto. Sim, na vida real as pessoas não precisam ter motivações ou alguém precisa de um motivo para desenvolver uma doença, mas na ficção sim.
Sendo um romance contemporâneo, já bem posterior às primeiras propostas da ficção lacunar, não me parece nada inverossímil. É um questão de concentração: às motivações se restringem aos personagens principais. Já em Memorias do subsolo temos um personagem reivindicando o direito de fazer coisas sem sentido. Em O estrangeiro, um assassinato acontece porque estava muito calor. Esse tipo de lacuna não incomoda tanto leitores habituados à abordagem do absurdo
Suas resenhas sao muito boas, excelentes. Mas eu acho estranho que voce se refira a escritora no primeiro nome. Enquanto eu ouvia voce falar 'Sally' aqui e acola, eu pensava: de quem ela fala? e achava ate que era uma personagem (pois nao li este livro ainda e sinceramente nao sei se vou ler). Geralmente a gente fala dela como 'Rooney' em vez de 'Sally.' Nao e uma critica, e so um comentario.
Costumo chamar os autores pelo nome que me soa mais sonoro acho. Clarice, não Lispector; Graciliano, não Ramos. Mas Borges, não Jorge. Também tem Gabo, um apelido de Gabriel Garcia Marquez. Uso de sobrenome é convenção da escrita, mas não me prendo a isso quando estou fazendo resenha falada, não. Porque aqui assumo certa informalidade.
@@AlineAimee interessante, vc adiciona uma pitada de personalidade. Eu sou bem mais formal, difícil de sair do padrão .